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Os meninos que enganavam nazistas: sobre persistência, esperança e poder ser quem é

“Uma França para os franceses” — a frase enunciada por um soldado nazista já num trecho final do filme se assemelha a frases ditas num contexto mundial muito recente. A história é cíclica e ainda que perseguições ocorram de maneiras diferentes a cada época, elas continuam acontecendo: essa é a raiz do problema. Os Meninos …

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“Uma França para os franceses” — a frase enunciada por um soldado nazista já num trecho final do filme se assemelha a frases ditas num contexto mundial muito recente. A história é cíclica e ainda que perseguições ocorram de maneiras diferentes a cada época, elas continuam acontecendo: essa é a raiz do problema. Os Meninos que Enganavam Nazistas (Un Sac de Billes, 2017) é um filme que nos faz pensar a respeito.

O longa, uma coprodução entre França e Canadá, foca na jornada dos irmãos mais novos da família Joffo: Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech), que se aventuram numa fuga pelo país durante a ocupação nazista, passando por alguns apuros para esconder sua origem judia. O filme, baseado em fatos reais, é uma adaptação do livro de título homônimo, lançado por Joseph Joffo em 1973. A obra só será lançada no Brasil em agosto desse ano, o que adiou nosso contato com uma história tão emocionante. Antes tarde do que nunca.

Imagem: reprodução

Dirigido por Christian Duguay, o filme tem um enredo muito bem construído. É interessante que em meio à toda atmosfera de tensão — os irmãos estão correndo, a todo momento, risco de serem capturados — eles não deixam de se comportarem como crianças (e irmãos) que são. Mesmo sob ameaça, são várias as cenas de brincadeiras e descobertas entre eles. Por alguns momentos, o próprio espectador esquece que Jo e Maurice estão fugindo e se permite rir da intimidade dos dois. Antes de serem judeus, antes de serem fugitivos, Joseph e Maurice são irmãos. É difícil não se emocionar com tamanha parceria.

Imagem: reprodução

Não é trabalhoso se colocar na situação dos personagens. A atuação dos atores contribui fortemente para esse sentimento de empatia. Além de Batyste Fleurial e Dorian Le Clech, que atuam de forma impecável, Elza Zylberstein e Patrick Bruel também chamam atenção. No filme, eles interpretam os pais dos meninos, e é possível ver, através do corpo trêmulo, o soluço engasgado, o quão difícil é abandonar seus filhos à própria sorte. Ainda que seja a única solução possível.

Imagem: reprodução

A paisagem francesa contrasta com toda a situação de perigo. É mais um ingrediente que contribui para que a tensão presente na produção seja amainada. Essa tensão dita aqui não é proporcionada pela frequência de muito sangue ou lutas, que quase não são presentes no filme, e sim pela situação de fuga, que sempre causa apreensão. Assim, no começo, o filme é ambientado em Paris e a Torre Eiffel ao fundo traz um ar poético que abranda a inquietação. Depois, o azul do mar de Nice presenteia não apenas os personagens com sua calmaria, mas também a quem assiste. A iluminação clara é o outro ingrediente que colabora para que não nos apertemos contra a cadeira durante o longa, que fica menos carregado, ainda que a história contada seja angustiante.

Imagem:reprodução

O título original, que, em tradução livre, significa “um saco de bolinhas” nos remete ao símbolo do filme: a bolinha de gude que Jo carrega consigo. A história começa com ele quase perdendo o brinquedo para o irmão mais velho, e, nessa cena, já é possível ver a importância do item para o garoto. Durante a fuga, o objeto acaba se tornando uma forma de se recordar de sua família e de como era sua vida. A bolinha de gude é uma representação de esperança. Uma das cenas mais emocionantes do filme é o momento em que Joseph deixa a bolinha cair de sua mão. Aquilo representa muito mais do que um descuido do garoto. É como se ele estivesse deixando o mundo — e tudo que ele acreditava — cair. Ainda que momentaneamente.

Os Meninos que Enganavam Nazistas é um filme que proporciona vários sentimentos, indo de medo e tensão a empatia e alegria. Para os corações mais derretidos, não vai ser difícil deixar algumas lágrimas caírem. O fato de ser baseado em uma história real contribui ainda mais para que o filme seja emocionante, por outro lado, o longa deixa claro que a família Joffo não foi a única a passar por isso — ou seja, não foi um caso isolado. A produção é uma boa pedida tanto para quem é fã e para quem não é do tema da Segunda Guerra Mundial. Os Meninos que Enganavam Nazistas é também sobre persistência, esperança e sobre poder ser quem é — sem medo disso.

Os Meninos que Enganavam Nazistas estreia dia 3 de agosto nos cinemas. Confira o trailer:

por Ane Cristina
anecristina34@gmail.com

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