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Paralimpíadas 2024 | Disputa da bocha destaca a força asiática nos esportes paralímpicos

Um dos esportes mais democráticos do mundo, além de modalidade exclusiva dos Jogos Paralímpicos; confira como foram os jogos de bocha em Paris 2024
Foto tirada dos Jogos Paralímpicos de bocha, em Paris 2024
Por Gustavo Radaelli (gustavohmr10@usp.br)

Cercado de estereótipos e preconceitos, a bocha é um dos esportes melhor adaptado para as disputas paralímpicas, sendo uma das principais modalidades da competição. Com quatro categorias distintas, alterações de regras e permissão de assistentes e acessórios durante as partidas, o jogo possibilita uma disputa justa entre os atletas com paralisia cerebral e deficiências motoras.

No ano de 2024, bandeiras asiáticas foram destaques em jogo e conquistaram, ao todo, 21 medalhas. Apesar de ainda se manter em destaque na tabela de conquista do esporte, o Brasil não teve muita sorte na França e terminou a disputa sem medalhas na modalidade.

Um esporte democrático

Evidências mostram origens da bocha na Grécia, Egito e Turquia, que datam de 7000 a.C., mas sem muita precisão. A atividade se tornou popular na Europa durante a Idade Média e já demonstrava a capacidade de atingir inúmeros públicos, com indícios da prática entre os camponeses, a nobreza e o clero. No Brasil, o esporte foi trazido durante a imigração italiana, entre os séculos 19 e 20, e foi difundido, principalmente, na Região Sul.

A modalidade consiste num jogo de precisão e estratégia. Uma bolinha inicial, conhecida como bolim, é arremessada numa quadra de, pelo menos, 12,5 metros de comprimento. Os participantes precisam arremessar outras quatro bolas em seguida, conhecidas como bochas, o mais próximo possível da primeira bola jogada. Cada bocha próxima ao bolim garante aos jogadores um ponto. Terminados os arremessos, os participantes recolhem as bolas e recomeçam a rodada. Ganha aquele que conseguir acumular 15 pontos primeiro. As regras também permitem empurrar o bolim ou as bochas do adversário — estratégia comumente utilizada pelos mais experientes.

A simplicidade da bocha é um dos principais fatores que a tornam um esporte democrático. As quadras são pequenas e podem ser montadas em diversos locais. A atividade precisa apenas das bolinhas para serem arremessadas, sem depender de esforços físicos extremos. Esses fatores justificam a popularidade da modalidade pelos mais idosos e a fácil adaptação para as Pessoas Com Deficiência (PCDs). A bocha se tornou esporte exclusivo das Paralimpíadas no ano de 1970 e, desde então, o Brasil se tornou o terceiro maior vencedor da modalidade, com 11 medalhas conquistadas, sendo seis delas douradas.

Apesar da falta de medalhas em 2024, Brasil segue como um dos destaques da bocha paralímpica mundial [Reprodução/Instagram: @evanicaladobc3]

Confrontos intensos

As disputas individuais femininas e masculinas da bocha começaram no primeiro dia de competições dos Jogos Paralímpicos de Paris. As primeiras medalhas, que saíram no dia 1 de setembro, já indicavam o predomínio que as nações asiáticas teriam na modalidade. A Indonésia levou duas medalhas na categoria BC2 — para pessoas com paralisia cerebral sem uso de equipamentos ou assistência — e uma na categoria BC1 — de pessoas com paralisia que recebem assistência, normalmente de algum parente, responsável por entregar as bolas e, às vezes, locomover a cadeira de rodas. Tailândia e Japão também levaram medalhas, além da Coreia do Sul, que acabou tirando o bronze da brasileira Evani Calad

No segundo dia de disputa das medalhas individuais, os irmãos Leidy e Edilson Chica conquistaram, respectivamente, bronze e prata para a Colômbia na categoria BC4, destinada a pessoas com deficiências motoras diversas. Além disso, aconteceram embates históricos durante as partidas: a nação chinesa atingiu o ouro numa partida acirrada contra a bandeira de Hong Kong durante o último jogo da categoria BC4 feminino. Os donos da casa também tiveram seu momento de glória com a francesa Aurelie Aubert, que conseguiu a medalha de ouro de BC1 em disputa contra a atleta Tan Yee Ting da Singapura.

O encerramento da bocha nas Paralimpíadas de 2024 foi marcado pelas disputas de medalhas nas categorias coletivas. No dia 5, Tailândia, Japão e Argentina levaram os últimos bronzes da competição. A bandeira de Hong Kong, que eliminou os brasileiros nas quartas de finais, venceu a Coreia do Sul e levou o ouro nas partidas de Pares Mistos BC3, para pessoas com paralisias severas, que recebem assistências e podem usar calhas e agulhas durante o lançamento. E nos Pares Mistos BC4, os irmãos Chica novamente deram as caras e conquistaram a primeira medalha dourada da bocha para a Colômbia.

Irmãos Chica conquistaram medalhas na bocha das Paralimpíadas de 2024, em Paris

Edilson e Leidy Chica na disputa de Pares Mistos da Categoria BC4 [Reprodução/Instagram: @mindeportecol]

Ao todo, 14 bandeiras diferentes conquistaram medalhas na disputa. O continente asiático teve os maiores destaques da bocha de 2024, sendo Hong Kong e a Coreia do Sul as mais premiadas — ambas com cinco medalhas —, seguidas por Tailândia e Indonésia, com três medalhas, e Japão, Austrália, China e Colômbia empatadas com duas medalhas conquistadas.

 Imagem de capa: Reprodução/Instagram: @worldboccia]

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