Por Heloisa Falaschi (heloisafalaschi@usp.br)
Sticker Art, ou Arte em Adesivos em português, é uma expressão artística e cultural feita a partir de etiquetas personalizadas. Essas manifestações, presentes principalmente em grandes centros urbanos, são alvos de críticas variadas. Frequentemente são taxadas como vandalismo ou vistas como sujeira. Assim como outras formas de arte urbana que, ao darem voz para populações marginalizadas, têm seu contexto histórico e importância social reduzidos.
“Ainda existe muito preconceito, mas é um legado que nós temos”
Eduardo Kobra, artista de rua, em entrevista para Duda Cambraia, da CNN
Foi utilizada por grupos urbanos de contracultura como forma de resistência principalmente nos anos 1980 e 1990, mas a prática continua até os dias atuais. O surgimento dessa prática se deve à sua essência democrática, pois tem baixo custo e pode ser exposta em praticamente todos os lugares.
A Sticker Art tem técnicas, estilos e temáticas variadas, além de ser praticada em múltiplos lugares do mundo. Letterings e ilustrações são as aplicações mais encontradas e possuem uma identidade única de seus autores. Ela também é recorrentemente usada por profissionais da área artística e gráfica, como tatuadores e designers, para divulgação de seu trabalho.
Além de muitas vezes representar a perspectiva de uma população negligenciada, essa forma de expressão artística pode denunciar questões políticas. É um meio de questionar injustiças sociais e abrir espaço para debates pouco abordados na sociedade.
Para quem vive nas grandes cidades, os elementos se tornam um ornamento comum no dia a dia. Muitas vezes são ofuscados pela rotina corrida mas, ainda assim, continuam a compor a paisagem urbana e trazer características dos indivíduos da cidade. Neste ano, uma trend de vídeos curtos de redes sociais — no Reels do Instagram e no Tiktok — trouxe à tona a frase: “A arte te salva no caminho”. Os vídeos expuseram e valorizaram diversas expressões artísticas urbanas, entre elas a Arte em Adesivos.
Resistentes a chuvas, dias quentes e até mesmo ações humanas, essa forma de arte resiste. Coladas em locais diversos e, muitas vezes, inusitados, como postes, hidrantes e placas, as etiquetas exalam criatividade e inspiram mesmo no caos diário das grandes cidades.
