Uma rota composta por construções que simbolizam importantes movimentos culturais e contam a evolução da cidade de São Paulo, desde o século XVII, por meio da arquitetura. Esse é o Museu da Cidade de São Paulo. O circuito conta com mais de dez locais espalhados por todas as regiões da cidade. Alguns deles abrigam acervos históricos e promovem exposições.
Solar da Marquesa de Santos
Esse é o caso do Solar da Marquesa de Santos. Atualmente, o museu traz a público a vida agitada de “Yolanda Penteado, a dama das artes de São Paulo”, título que nomeia a mostra que acontece até 10 de dezembro de 2018. A instalação conta, por meio de fotografias, relatos e textos, seus desafios como fazendeira e suas inovações como importante mecenas. Dentre elas estão a fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e a realização da primeira bienal de arte de São Paulo.
O local ainda é responsável por auxiliar na compreensão do desenvolvimento da cidade de São Paulo durante o século XIX, uma vez que conta com uma exposição de artefatos arqueológicos. Estes consistem em fragmentos de ossos, louças, cerâmicas, peças de metal, entre outros. Eles começaram a ser descobertos em 1986, quando foi confirmada a tese de que o Solar fora produto da junção de dois sobrados. Novos objetos também foram encontrados entre 2008 e 2010. Durante esta escavação descobriu-se uma faixa vermelha em um dos muros, identificada como um marcador de nível de água, o que sugere preocupação com as cheias do rio Tamanduateí.
Quanto à arquitetura do prédio, destaca-se sua pluralidade. O exterior rosado, de estilo neoclássico, retrata apenas um período da existência da edificação, que foi desde morada da famosa marquesa até escritório de uma companhia de gás. Sua utilização para propósitos tão diversos o submeteu a grandes reformas, fazendo-o acumular várias camadas de técnicas de construção e decoração.
Casa Modernista
Um marco arquitetônico da cidade foi a construção da sua primeira casa de proposta modernista, em 1928, pelo arquiteto Gregori Warchavchik. Também conhecido como casa da rua Santa Cruz, o complexo, hoje denominado parque e casa modernista, foi uma obra pioneira por sua estética limpa e a utilização de técnicas inovadoras, como o concreto armado. Seu caráter ousado dividiu opiniões entre os intelectuais paulistanos e levou Gregori a apresentar à prefeitura o projeto de uma fachada repleta de ornamentos, a fim de obter a aprovação para realizar a obra. Posteriormente, alegou falta de recursos como justificativa para a não adição de tais detalhes.
O jardim da residência, projetado pela paisagista e cantora Mina Klabin (esposa do arquiteto), também quebrou paradigmas, por ser composto por plantas tropicais.
A propriedade ganha vida no pequeno documentário exibido em uma de suas salas. Nele, Mauris Ilia, filho de Mina e Gregori, conta detalhes de sua infância. Isso inclui episódios curiosos, como shows de palhaços no jardim e o entusiasmo dos convidados de seus pais ao presenciarem a abertura de uma porta automática presente na residência. O visitante ainda toma conhecimento de pontos da construção que não resistiram ao tempo, como a casa de bonecas, um palco ao ar livre e uma garagem somente para bicicletas e tico-ticos. Assim, é difícil deixar o local sem sentir por ele certa afeição.
Local:
Solar da Marquesa de Santos – Rua Roberto Simonsen , 136, Sé, São Paulo-SP
Casa Modernista – Rua Santa Cruz, 325, Vila Mariana, são Paulo-SP
Horário de funcionamento: terça a domingo, das 9h às 17h
Preço: entrada gratuita
Mais informações: Museu da Cidade
Por Letícia Vieira Santos
leticiavs@usp.br