Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Amazon Prime | ‘Argentina,1985’: a importância de nunca se esquecer

Uma denúncia dos horrores da ditadura militar para que a população nunca mais permita um governo antidemocrático no poder

24 de Março de 1976. Uma data que marcaria para sempre a história da Argentina com um golpe militar. Uma data que nossos hermanos jamais esqueceriam, ao contrário da população brasileira que parece ter esquecido o fatídico dia de 1964. Uma data que marca um acontecimento que virou quase um gênero nos filmes argentinos: a ditadura civil-militar argentina conhecida como “Processo de Reorganização Nacional”. Uma data que quase 50 anos depois continua rendendo novos frutos no cinema argentino para eles jamais esquecerem. 

O novo filme da vez é a recente adição do catálogo do Amazon Prime Video: Argentina, 1985 (2022). Dando um grande destaque logo no título, a obra aborda o ‘Julgamento das Juntas Militares’ que ocorreu em 1985. Um episódio que ficou famoso por ser o primeiro julgamento civil da história contra comandantes militares, devido às violações cometidas na ditadura. Através da história dos advogados Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo responsáveis pelo caso, o filme mostra como se deu o processo do julgamento e a importância de se falar sobre o tema na Argentina.

  Um dos documentos essenciais para os julgamentos foi o relatório ‘Nunca más’ (Nunca Mais), emitido pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), que continha denúncias sobre os crimes contra a humanidade cometidos pelos militares. E no título do documento está presente toda a ideia central por trás de Argentina, 1985: nunca mais. O filme não vem para fazer um simples drama de tribunal, ele vem para alertar sobre os perigos da ditadura militar e falar em alto e bom som, “nunca mais”. O grande papel da obra está justamente em falar que a Argentina nunca mais tolerará e não pode mais tolerar um governo anti-democrático.

Mesmo enfrentando  ameaças físicas e verbais, a equipe responsável pelos julgamentos nunca desistiu de procurar informações e vítimas que responsabilizassem os militares por seus crimes. [Imagem: Divulgação/Amazon]

E aqui temos um “gol” argentino contra a sociedade brasileira. Apesar de ambos os países terem sofrido ditaduras militares violentas e sanguinárias —ao contrário do que diz um certo jornal brasileiro sobre a ditabranda —, só um dos países teve o cuidado ao falar sobre ditadura. Somente os argentinos se preocuparam em realizar um julgamento contra a ditadura, algo que só veio a ocorrer no Brasil em 2011, com a Comissão Nacional da Verdade. Somente a nação argentina se preocupou em mostrar o que foi a ditadura militar através do cinema, que nunca teve medo de abordar o assunto, como no clássico A História Oficial (La Historia Oficial, 1985), lançado logo após o fim da ditadura. Somente a nação hermana se preocupou em garantir que os crimes ditatoriais ou a própria ditadura nunca mais ocorressem.

Independentemente das qualidades técnicas, Argentina, 1985 possui uma importante mensagem. Não se deve esquecer o que foi a ditadura militar, porque isso permite que simpatizantes do movimento continuem apoiando ela e sem punições. Não se pode ignorá-la e parar de falar sobre ela, porque isso faz com que a população se esqueça sobre o ocorrido e permite que ela volte. Como jornalistas, não devemos e não podemos parar de contar sobre a ditadura militar, para impedir que movimentos que clamam por uma intervenção militar continuem ocorrendo. 

Não somente lembrar da ditadura militar é essencial, como nunca se esquecer das vítimas é tão importante quanto. E Argentina, 1985 consegue mostrar a dor das vítimas de maneira sensível e impactante. Através dos relatos nos tribunais, o filme consegue resgatar as feridas abertas da Argentina causadas pelos duros anos de ditadura militar. Mais do que isso, os relatos das vítimas no filme mostram como os desaparecidos impactaram na vida de tantas famílias e foram responsáveis por criar um sentimento comum à nação hermana: a dor. E como eles querem que nunca mais essa dor se repita. 

Argentina, 1985 consegue demonstrar a importância do julgamento para a história da Argentina através da quantidade de civis que participaram das audições e assistiram elas em suas casas. [Imagem: Divulgação/Amazon]

E toda essa importância de nunca mais permitir que um governo antidemocrático volte ao país foi possível graças ao ‘Julgamento das Juntas’. E o filme consegue mostrar o quão vital para a história da Argentina foi esse julgamento e, especialmente, a fala do advogado Julio Straserra que condenou os militares. Através da atuação de Ricardo Darín, conhecido por O Segredo de seus Olhos (El Secreto de sus Ojos, 2009), Argentina, 1985 ainda consegue mostrar o quão impactante foi o julgamento na população argentina, responsável por finalmente trazer uma ideia de justiça e reparação histórica aos crimes cometidos pelos militares contra os civis.

Argentina, 1985 é mais do que um simples filme de ficção argentino bom que foi escolhido para representar o país no Oscar 2023, ele é um importante relato historiográfico para mostrar como a ditadura militar impactou e impacta na nação hermana. Não só isso, ele ainda consegue carregar uma mensagem importante para o mundo, sobretudo, para os brasileiros: nunca mais. Nunca mais desaparecimentos; nunca mais tortura; nunca mais morte; nunca mais golpe militar; nunca mais ditadura militar ou qualquer governo antidemocrático. 

O filme está disponível no catálogo do Amazon Prime Video para todos que quiserem ver. Confira o trailer abaixo:

*Imagem de Capa: Divulgação/Amazon

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima