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Austrália e Nova Zelândia 2023 | Nigéria vence Austrália em jogo movimentado e encaminha vaga nas oitavas de final

Anfitriãs têm bom desempenho, mas as falhas defensivas custaram o resultado e, provavelmente, a classificação

Por Diego Coppio (diegocoppio@usp.br)

Na manhã da última quinta-feira (27), a Nigéria venceu a anfitriã Austrália pelo placar de 3 a 2, encaminhando sua classificação para as oitavas de final.

A Austrália começou melhor e abriu o placar no final do primeiro tempo, mas viu a Nigéria empatar ainda antes do intervalo. No segundo tempo, as nigerianas rapidamente viraram o jogo para 3 a 1. Mesmo com os 25 minutos restantes, a Austrália não foi capaz de impor uma pressão absoluta, descontando o placar a apenas dois minutos do fim da partida. As donas da casa precisarão vencer o invicto Canadá, na última rodada, para conseguir a classificação.

Não foi a primeira vez que as seleções se enfrentaram em uma Copa do Mundo. Em 2015, a Austrália venceu por 2 a 0 (também na fase de grupos), com dois gols de Kyah Simon, hoje suplente do time australiano. Além da artilheira, outras 11 atletas da seleção atual estiveram presentes naquele confronto. Já pela Nigéria, apenas seis jogadoras estiveram nas duas partidas.

Um fato curioso é que essa foi a primeira vez que a Nigéria venceu o país-sede em uma Copa do Mundo, depois de quatro confrontos — e quatro derrotas.

Pré-jogo

Ainda sem a estrela Sam Kerr, a Austrália teve mudanças em relação à equipe que estreou contra a Irlanda. No lugar de Mary Fowler — que sofreu uma concussão leve nos treinos durante a semana —, Tony Gustavsson optou por uma jogadora de meio-campo, Van Egmond, buscando um time mais ofensivo. Escalou um 4-3-3, alternando com um 4-2-1-3. Ao lado de Van Egmond, Cooney-Cross e Gorry foram mantidas. No ataque, o treinador manteve Raso e Vine, agora com menos obrigações defensivas, para atuarem ao lado de Foord.

A Nigéria chegou para a partida com mais mudanças no elenco titular. Espelhando o 4-3-3 das adversárias, o treinador Randy Waldrum entrou com Ajibade no lugar da estrela Asisat Oshoala, e Kanu na vaga de Ordega. Além da mudança no ataque, Ayinde foi escalada no meio, no lugar de Abiodun, expulsa na estreia.

Primeiro tempo

O jogo começou com a Austrália subindo as linhas de marcação e pressionando a saída de bola da Nigéria, que logo conseguiu recuperar campo, chegando algumas vezes ao ataque.

Aos 13’, aconteceu a primeira grande chance do jogo, com chute forte de Catley pela direita, para a defesa da goleira Nnadozie. A Austrália finalizou novamente com Foord, aos 18’, após erro de saída da defesa nigeriana.

A partir dos 15’, a Austrália controlou a posse, com mais chegadas ao ataque, contra uma Nigéria retraída que conseguia recuperar a bola, mas tinha dificuldades para criar jogadas ofensivas, postura semelhante à do jogo de estreia

Apesar da pressão, a defesa nigeriana conseguiu anular o jogo terrestre da Austrália. A saída encontrada pelas anfitriãs foi povoar a zona ofensiva, muitas vezes com quatro atacantes na área para espalhar a defesa, e recorrer às jogadas aéreas, principalmente através de escanteios — no total, foram 15 para as australianas, contra dois da Nigéria. Aos 30’, Raso quase marcou em um escanteio com desvio da defesa.

Depois de 45 minutos de controle praticamente total da Austrália, o placar foi aberto em um erro da Nigéria. A goleira Nnadozie cobrou tiro de meta nos pés de Gorry, que tocou para Foord em velocidade, rolando para Van Egmond desmarcada na área colocar a Austrália na frente aos 45+1.

A Nigéria não se abalou com o gol sofrido; cresceu no jogo e, cinco minutos depois, após finalização de Ajibade com desvio em Carpenter, Kanu aproveitou o rebote e igualou o placar, contendo a euforia australiana de imediato.

Segundo tempo

Se o primeiro tempo foi de poucas chances, o segundo foi preenchido por diversas tentativas de finalizações de fora da área. Logo aos 47’, Gorry chutou com perigo por cima do gol. Um minuto depois, a Nigéria respondeu com Alozier, também por cima, sem levar perigo.

Fora isso, a segunda etapa parecia seguir o mesmo roteiro da primeira: a Austrália controlava  a posse, mas sem finalizar no gol da Nigéria, que mantinha a solidez defensiva e conseguia recuperar a bola, ainda que não conseguisse  construir jogadas de ataque. Aos 63’, Oshoala entrou no lugar de Kanu para dar mais ofensividade ao time africano.

Dois minutos depois da alteração, a Austrália provou do próprio veneno. Em cobrança de escanteio da Nigéria, Ohale virou o jogo após falha da goleira Arnold. A zagueira precisou ser atendida pois foi atingida na barriga por chute de Kennedy durante o lance.

Precisando reagir rapidamente, a Austrália concentrou as jogadas pela direita do campo com Raso, que sofreu falta de Ayinde. Na cobrança, as Matildas tentaram uma jogada ensaiada sem sucesso, resultando em tiro de meta. Nnadozie cobrou para o meio, dessa vez nos pés de uma companheira de equipe. Após disputa, Payne lançou para Oshoala, que contou com falha de Kennedy e Arnold para ampliar o placar, aos 72’, apenas sete minutos depois da virada. Com o gol, Oshoala se tornou a primeira jogadora africana a marcar em três edições de Copas do Mundo.

Ao contrário do que se espera de um time vencendo por 3 a 1 fora de casa, a Nigéria não se retraiu no campo de defesa. A Austrália, por sua vez, manteve-se com a posse, mas não sufocou a Nigéria, deixando espaços para contra-ataques. 

Depois do terceiro gol, a Austrália abriu mão da construção de jogadas terrestres, concentrando seus esforços nas bolas aéreas. Para isso, Polkinghorne entrou no lugar de Vine, deslocando Kennedy para o ataque. A partir dos 80’, a Austrália conseguiu finalizar algumas vezes sem levar perigo para o gol da Nigéria. Aos 85’, Chidiac entrou no lugar de Raso e teve boa participação ofensiva.

O gol das Matildas amadurecia na medida em que o tempo passava. Apesar de finalizarem mais, as anfitriãs não conseguiam levar perigo nos chutes. Foi só aos 90+9’ que Kennedy, em cobrança de escanteio com Arnold na área, conseguiu superar a defesa e estufar as redes, diminuindo a vantagem nigeriana. A Austrália ainda teve a chance de empatar no último lance, com chute de Carpenter defendido por Nnadozie.

Destaques

Mais do que na estreia, a ausência de Kerr foi determinante no jogo contra a Nigéria. A Austrália manteve a posse na maior parte do jogo, soube construir jogadas ofensivas, mas errou muito nas finalizações e no último passe, especialidades da atacante do Chelsea.

Na parte defensiva, a Austrália cometeu falhas que custaram caro. Apesar do gol, Kennedy não fez boa partida. Foi insegura nos lances, assim como Arnold, que falhou nos dois últimos gols da Nigéria.

O técnico Tony Gustavsson também não escapou das críticas. Segundo comentaristas australianos, o técnico deveria ter aproveitado melhor seu elenco, visto que manteve o mesmo time em campo até os 81’ em uma derrota por dois gols de diferença.

Do outro lado, a Nigéria teve a precisão que faltou à Austrália. O time mostrou que é possível fazer um jogo defensivo sem abdicar da partida, construindo tramas ofensivas sem ficar encaixotadas na defesa. 

A atacante Ajibade foi peça fundamental para manter a Nigéria no campo de ataque, segurando a bola e puxando contra-ataques velozes. Destaque também para a estrela Oshoala, que precisou de menos de dez minutos para garantir a liderança — e muito provavelmente a classificação — para as nigerianas.

A última rodada

A Nigéria está praticamente garantida nas oitavas de final. É líder do seu grupo e, na última rodada, enfrenta a Irlanda, já eliminada, podendo se classificar em primeiro lugar mesmo com um empate.

Com a vitória do Canadá sobre a Irlanda no outro jogo do grupo B, a Austrália precisaria ter vencido a Nigéria para chegar na última rodada com mais tranquilidade. Ainda depende só de si, mas agora corre riscos reais de eliminação, já que enfrenta um Canadá levemente favorito, que joga pelo empate. Apenas a vitória interessa às australianas, que precisarão de uma Sam Kerr saudável e em sua melhor fase para sonhar com a classificação.

Ficha técnica

Austrália: Arnold; Catley, Kennedy, Hunt, Carpenter; Cooney Cross, Gorry, Van Egmond; Raso (Chidiac), Vine (Polkinghorne), Foord. Técnico: Tony Gustavsson

[Reprodução/Twitter:@TheMatildas]

Nigéria: Nnadozie; Plumptre (Ogbonna), Demehin, Ohale, Alozie; Ayinde (Echeginie), Ucheibe, Payne (Ebi); Ajibade, Kanu (Oshoala), Onumonu (Okoronkwo). Técnico: Randy Waldrum

[Reprodução/Twitter:@ashplumptre]

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