O ano de 2016 vem sustentando uma febre de revivals tão intensa que às vezes parece que estamos apenas esperando pela próxima. Bruxa de Blair (Blair Witch, 2016), ao contrário do que muitos pensam, não se encaixa nessa categoria (ao menos, não formalmente): o filme acompanha um novo grupo de jovens – entre eles, James, irmão mais novo de Heather, parte do núcleo do filme de 1999 – que entra na mesma floresta macabra em busca de respostas para o mistério do passado, após entrarem em contato com um suposto vídeo da época no qual Heather aparece.
O grupo de James conta com outras três pessoas, entre elas Lisa (Callie Hernandez), responsável pela filmagem principal, que planeja transformar num documentário sobre a busca de James pela irmã; e o casal Ashley (Corbin Reid) e Peter (Brandon Scott). Eles partem para Maryland e contam com a ajuda dos locais que encontraram os vídeos, Lane (Wes Robinson) e Talia (Valorie Curry) para guiá-los pela floresta. Como sempre precisa haver um twist, Lane e Talia são os típicos weirdos cujo entusiasmo pelo sobrenatural às vezes parece excessivo demais para ser seguro. É neste clima – de busca por um parente desaparecido, com uma companhia que não parece tão confiável assim – que propriamente entramos na floresta de Blair.
A partir daí, temos uma repetição tão grande da receita clássica dos filmes “baseados em eventos reais” – dos quais A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999) foi precursor – que não seria tão errado tratá-lo como uma refilmagem do original: os sustos são construídos com base em barulhos (muitos deles incondizentes com as câmeras digitais sendo usadas), aparições repentinas, e um ambiente crescentemente estranho e hostil. Partindo para as novidades tecnológicas presentes em Bruxa de Blair, existe um claro exagero em presumir que alguém seria capaz de encontrar os cartões de memória de uma câmera digital no meio de uma floresta densa – uma mensagem logo no início do filme nos informa que este se trata do material encontrado nela em 2014 – mas a ideia de equipar o grupo com drones resultou em ótimos takes e colaborou para dar uma sensação ainda maior de encurralamento.
A avaliação de um filme como este depende fortemente do que o espectador espera dele e do gênero de horror como um todo: se sua praia é o novo horror psicológico de títulos como O Babadook (The Babadook, 2014) e A Bruxa (The Witch, 2015), não precisa nem se preocupar em assistir Bruxa de Blair. No entanto, se você entrar na sala de cinema antecipando uma hora e meia de pura tensão, zero roteiro e de velhos e baratos jumpscares, você sairá dela imensamente satisfeito: apesar de não contar com muitas surpresas, o filme consegue envolver a audiência até o fim. Afinal, engana-se quem pensa que o original era muito além disso: seu valor sempre esteve muito mais na aura de dúvida – seria essa fita real? – criada ao seu redor do que numa construção cinematográfica de qualidade. Na impossibilidade de recriar essa aura, somos deixados apenas com um exemplo O.K. de um modelo de terror já esgotado: insuficiente para aficionados do gênero, mas provavelmente satisfatório para o público geral.
Bruxa de Blair estreia em 15 de setembro. Confira o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=IHZ_WyVCSCc
por Bárbara Reis
barbara.rrreis@gmail.com