Foto: reprodução Instagram @themaineband
Com dez anos de estrada e quatro passagens pelo Brasil, a banda americana The Maine ainda tem a euforia de quem está pela primeira vez no palco. O show de sábado (15/07), parte da turnê “Lovely, little, lonely”, no Tropical Butantã, é prova disso. No país, a banda ainda passa por Limeira, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
O vocalista John O’Callaghan convidou a audiência cheia a esquecer os problemas da vida cotidiana, como o trabalho difícil, os problemas com a escola e o “shitty government”, para celebrar a música por uma noite. E todos aceitaram, cantando em coro uma setlist bastante equilibrada com os trabalhos dos seis álbuns.
A abertura ficou por conta de Michael Richardson, que esquentou o público com canções autorais bastante alinhadas com as influências da banda principal e um belo cover de “Take me dancing”, do The Maine. A atração principal chegou ao palco pontualmente com “Black butterflies and dejavu”, do novo álbum que dá nome à tour, seguida por “Am I pretty?”. O ápice começou com a vibe nostálgica de “Like we did” e uma das preferidas dos fãs, a poética “(Un)lost”.
“My heroine” é uma canção divertida que foi levada a outro nível no show, de puro espírito do rock and roll e entrega ao momento. As guitarras de Jared Monaco e Kennedy Brock, juntamente com o baixo de Garrett Nickelsen, trouxeram a adrenalina ao limite. Num encaixe perfeito, seguiu-se “We all roll along”, música de 2008, do álbum Can’t Stop, Won’t Stop, hino máximo do fandom.
A antiga e nada marcante “The way we talk” foi um erro que quebrou o êxtase musical que se construía com a sequência anterior. Nada grave: “English girls”, “How do you feel?” tocada (brilhantemente) pela primeira vez ao vivo e “Take what you can carry” continuaram o trabalho. “Lost in nostalgia” pareceu avulsa no meio da apresentação, mas não menos bonita. “Right girl”, um sucesso antigo, deu um impulso dançante, logo acalmado pelos acordes melancólicos de “Raining in Paris”.
Foi em “Girls do what they want” que a interação com o público, constante durante todo o show, teve seu ponto alto, com um fã cantando no palco. Interação essa que é marca de toda a trajetória do The Maine: seja com os meet and greets gratuitos ou com a presença nas redes sociais, os admiradores da banda são sempre destacados como o mais importante.
É isso que dá o tom ao The Maine ao vivo, que mais parece uma festa com amigos regada à boa música, longe do que vemos em tempos de um cenário musical cada vez mais comercial, pasteurizado e frio. A sensação é de que é uma apresentação quase particular: cada pessoa na multidão se sente parte essencial do que está acontecendo. Mesmo com a capacidade de 2500 pessoas quase esgotada, o clima era intimista, justamente por essa proximidade construída pela banda.
Nesse sentido, O’Callaghan tem papel primordial. O frontman está o tempo todo em movimento, seja pulando para perto do público ou escalando as caixas de som até tocar o teto, com bom humor contagiante. Outra figura hiperativa é Nickelsen, que dança no palco sem sinais de cansaço. Ao fundo, Pat Kirch se faz indispensável com a energia que se desprende de sua bateria. O grupo passou longe da frase que adotou, “Make America emo again” – apropriação do slogan do presidente Donald Trump, “Make America great again”.
“Diet soda society”, “Do you remember?” e “Bad behavior” foram levando o show ao final com a animação elevada. A chave de ouro foi “Another night on Mars”, uma homenagem à amizade que transformou-se numa das canções preferidas dos fãs. É com esse gosto, de proximidade, atenção e afeto, que a noite com The Maine acaba. E já deixa ansiedade pela próxima apresentação.
Por Carolina Unzelte
carol.unzelte@gmail.com