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Corinthians goleia Flamengo por 4 a 1 e é bicampeão da Supercopa Feminina

Time paulista contou com show de Millene e Tamires para decidir a partida ainda na primeira etapa e se manter como a única equipe supercampeã de futebol feminino no Brasil

No domingo (12), Corinthians e Flamengo se enfrentaram pela final da Supercopa Feminina de 2023. A competição, que teve início no ano passado, reúne as equipes de melhor desempenho no Campeonato Brasileiro Feminino do ano anterior, por estado. 

Como funciona a competição

Em 2022, a escolha das equipes se deu pela seleção de no máximo um time por estado, considerando os 12 melhores da Série A1 e os quatro melhores da Série A2 de 2021. Como nem todas as vagas foram preenchidas segundo esse critério, Rio Grande do Sul e São Paulo tiveram o direito de ter duas equipes no torneio por terem mais equipes bem colocadas na Série A1 de 2021. Assim, os participantes foram: Real Brasília (DF), Cruzeiro (MG), ESMAC (PA), Flamengo (RJ), Internacional e Grêmio (RS), Corinthians e Palmeiras (SP). O ESMAC foi a única equipe classificada via segunda divisão. Em formato mata-mata semelhante à Supercopa da Espanha, a edição de 2022 começou nas quartas de final e teve o Corinthians campeão, com o Grêmio vice.

Já em 2023, o campeonato seguiu no mesmo formato, com início nas quartas de final. Desta vez, os classificados foram: Ceará (CE), Real Brasília (DF), Atlético Mineiro (MG), Athletico Paranaense (PR), Flamengo (RJ), Internacional (RS), Avaí Kindermann (SC) e Corinthians (SP). Ceará e Athletico Paranaense se classificaram a partir da Série A2, enquanto os demais conseguiram a vaga pela Série A1 de 2022. 

A edição de 2023: o caminho de Corinthians e Flamengo até a final

O Corinthians já chegou à Supercopa de 2023 como favorito; afinal, o Timão é, disparadamente, a equipe que mais taças ergueu no futebol feminino brasileiro desde que a modalidade foi reativada no Parque São Jorge, em 2016. Antes mesmo da Supercopa, eram 13 títulos: Copa do Brasil (2016, última edição do torneio), Copa Paulista (2022), Campeonato Paulista (2019, 2020 e 2021), Campeonato Brasileiro (2018, 2020, 2021, 2022), Supercopa do Brasil (2022) e Libertadores (2017, 2019 e 2021). 

Nas quartas de final, a tarefa do time paulista foi bem mais complicada que a do carioca. Enquanto o Flamengo estreou diante do campeão da Série A2, o Ceará, com uma goleada histórica por 10 a 0, o Corinthians teve jogo duro contra o Atlético Mineiro, 11º colocado da última edição da Série A1. O Timão venceu por 1 a 0. À época dos confrontos, a jornalista cearense Denise Santiago, do Diário do Nordeste, desabafou sobre a derrota do Vozão, deixando claras as diferenças de estrutura e de investimento entre uma equipe de primeira divisão (Flamengo) e outra de segunda (Ceará), no âmbito do futebol feminino.

Um 10×0 é um placar ruim, um placar triste, vergonhoso, mas não podemos jogar este resultado nas costas meninas que entraram em campo neste domingo. São meninas da base, meninas que nunca tiveram a oportunidade de disputar uma competição com essa, contra um adversário deste porte. Elas tiveram apenas duas semanas de preparação. Elas não podem ser cobradas.

Denise Santiago, Diário do Nordeste

No comentário ao site do portal, Denise enalteceu a superação das atletas do Ceará diante dos cortes de investimento e da carência de estrutura devido ao rebaixamento do time masculino no Campeonato Brasileiro.

https://www.instagram.com/p/CpGRfODPmXA/

Nas semifinais, tanto Corinthians como Flamengo tiveram confrontos duros: o alvinegro enfrentou o Internacional, time que fora derrotado pelo próprio Corinthians na última final de Brasileirão por 5 a 2. Desta vez, porém, o duelo foi mais equilibrado, e terminou com vitória corintiana por 2 a 1. O rubro-negro, por sua vez, teve o Real Brasília como rival. Ambas as equipes haviam sido eliminadas nas quartas de final do último Campeonato Brasileiro e esse nivelamento foi refletido no confronto: a equipe da capital abriu o placar, sofreu a virada, tentou buscar mas acabou derrotada por 3 a 2 para o Mengão, classificado à grande final. 

Chaveamento da Supercopa do Brasil feminina de 2023 expôs as diferenças entre clubes de primeira e de segunda divisão. Ceará e Athletico, atuais campeão e vice da Série A2 foram presas fáceis para equipes de primeiro escalão do futebol feminino nacional. [Foto: Reprodução/Sofascore]

Primeiro tempo: Corinthians mortal

O Timão chegou à final como o atual campeão, tendo tido quatro jogadoras convocadas pela treinadora da seleção brasileira Pia Sundhage para a disputa da SheBelieves Cup (a goleira Letícia Izidoro, ou Lelê; a zagueira Tarciane; e as laterais Tamires e Yasmim). Já o Flamengo, embora não tenha nenhuma jogadora na última convocação, tem em seu elenco várias atletas com experiência e títulos pela seleção, como a goleira Bárbara, a zagueira Daiane, a lateral Jucinara e as meio-campistas Thaísa e Darlene.  

Em campo na Neo Química Arena, casa do Corinthians (escolhida como sede pelo fato de a Federação Paulista de Futebol ser melhor colocada no ranking nacional do que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), o jogo começou com as “Brabas”, como são conhecidas as jogadoras do Timão, no ataque. E na primeira jogada, já saiu o gol. Diany acionou Gabi Portilho pela direita. A camisa 18 cruzou para Milene bater e Bárbara fazer grande defesa. Na sobra, Belinha tocou para trás e Tamires, sozinha, mandou para as redes. 1 a 0 Corinthians e o segundo gol de Tamires na Supercopa! Ela, que é lateral de origem mas joga muitas vezes como atacante, é uma das jogadoras mais experientes do elenco, além de figura carimbada nas convocações da seleção brasileira. 

O gol marcado por Tamires (destaque, à direita) foi o mais rápido da história da Supercopa. Ela chutou a bola para as redes com 46 segundos de partida, na Neo Química Arena. [Foto: Reprodução/Twitter @SCCPFutFeminino]

Aos 9’, nova chance para o alvinegro: Yasmim, convocada por Pia para a mesma posição de Tamires, cobrou escanteio na cabeça de Vic Albuquerque, que testou para fora. Após dificuldades de criação e o gol sofrido no início da partida, o Mengão conseguiu encontrar seu primeiro ataque aos 11’: após roubada de bola no campo de ataque, Jucinara avançou pela esquerda e fez bonito cruzamento para Giovanna Crivelari tocar de primeira. A bola passou ao lado do gol defendido por Lelê. Tanto Jucinara como Crivelari são ex-atletas do Corinthians. O Flamengo equilibrou o jogo, e aos 18’, Jucinara cobrou lateral e a argentina Sole Jaimes tentou um voleio, de longe, mas a bola foi para fora. Dez minutos depois, outra chance para o rubro-negro: Jucinara cobrou falta com estilo e a bola passou perto do gol de Lelê. A camisa 81 do Flamengo era a principal peça de construção ofensiva da equipe.

Apesar dos recorrentes ataques do Mengão, quem fez o segundo gol foi o time da casa: após lançamento de Gabi Portilho, Vic Albuquerque se antecipou à marcação de Thaís Regina e foi derrubada na pequena área pela goleira Bárbara. Pênalti para o Corinthians e cartão amarelo para a camisa um do Flamengo. Na cobrança, Millene bateu, Bárbara defendeu, Gabi Portilho tentou finalizar e Millene tocou para as redes, em dividida com a defesa flamenguista. No entanto, o VAR, comandado por Pablo Ramon Pinheiro, detectou invasão de Gabi Portilho no momento da cobrança de Millene. Avisada do ocorrido, a árbitra Thayslane de Melo Costa mandou repetir a cobrança. Desta vez, porém, Millene não precisou do rebote: a camisa 14 cobrou com confiança, sem chances para Bárbara, e fez 2 a 0 Corinthians.

Pouco depois do gol, aos 41’, Belinha roubou a bola no meio de campo, tabelou com Millene e avançou, livre. A camisa seis finalizou no meio do gol e Bárbara fez a defesa com segurança. Vendo o domínio corintiano no jogo, o técnico português Luís Andrade mexeu na equipe ainda na primeira etapa, tirando Kaylane Melo e colocando Kaylane Jr., jovem de 18 anos recém convocada para a seleção sub-20 do Brasil. O Flamengo tentava atacar, e aos 45’, Duda Francelino roubou a bola, Crivelari acionou Sole Jaimes e a camisa 99 finalizou sem força para a defesa de Lelê. Mas o primeiro tempo ainda não tinha acabado: aos 45’+4, Belinha cobrou lateral no campo de ataque, Millene disputou com Daiane e a bola sobrou para Vic Albuquerque encontrar um passe na medida para Millene receber frente a frente com Bárbara e marcar seu segundo gol no jogo. 3 a 0 e um primeiro tempo dos sonhos para o Coringão!

Millene (foto) ainda não havia marcado na Supercopa e tinha apenas um gol pelo Timão desde que retornou ao clube, no ano passado. Nada melhor do que acabar com o jejum fazendo dois gols em uma final de campeonato na frente de sua torcida! [Foto: Reprodução/Twitter @SCCPFutFeminino]

Segundo tempo: quem não faz, leva.

O Flamengo voltou para a segunda etapa com mais duas alterações: Rayanne, lateral direita, entrou no lugar de Monalisa, da mesma posição; enquanto Thaísa, meio-campista, saiu para a entrada de Agustina, zagueira ex-Palmeiras. As alterações visavam a reforçar o sistema defensivo rubro-negro, que sofreu com sucessivos ataques do Timão. Pelo lado do Timão, Yasmim, lateral esquerda, saiu para a entrada de Jaque Ribeiro, atacante. Ao contrário do que se poderia supor, porém, Tamires não deixou de atacar pelo lado esquerdo.

No início do segundo tempo, as mudanças do Mengão pareciam surtir mais efeito. O time comandava as ações e, aos 52’, Thaís Regina recuperou a bola e tocou para Jucinara, que cruzou com perfeição na cabeça de Giovanna Crivelari. A bola acabou passando à esquerda do gol. Crivelari, que tinha marcado três gols na competição, parecia não conseguir encontrar as redes na tarde do dia 12 e, mais uma vez, o Mais Querido acabaria sendo castigado por não converter suas oportunidades em gol. 

Com 57’, Diany dividiu com a marcação e encontrou Gabi Portilho pela direita. A atacante passou por Kaylane Jr., foi para a linha de fundo e cruzou para Tamires chegar batendo de primeira e novamente com a perna direita (em tese, a ruim), para o fundo do gol de Bárbara. Um Corinthians avassalador fazia 4 a 0. 

Na comemoração do gol, a capitã corintiana (ajoelhada, à direita) simulou um “engraxar nas chuteiras” de Gabi Portilho (à esquerda), como forma de reconhecimento pela brilhante jogada da camisa 18 do Timão. O gol da lateral da seleção brasileira a colocou como artilheira da Supercopa 2023 ao lado das flamenguistas Giovanna Crivelari e Duda Francelino. [Foto: Reprodução/Twitter @SCCPFutFeminino]

A partir dali, era difícil imaginar qualquer tipo de reação rubro-negra no jogo. O Corinthians mostrou, na ensolarada tarde de domingo na capital paulista, o porquê de ser, disparadamente, o projeto mais consolidado de futebol feminino no Brasil atualmente. Mas o Mengão tentava: logo após o gol sofrido, Luís Andrade promoveu a entrada de Gica no lugar de Maria Alves. A atacante, além de ter o cartão amarelo, não estava conseguindo ser tão participativa para o jogo quanto suas companheiras de setor. 

Daiane (à esquerda) e Jucinara (à direita) chegaram juntas ao Flamengo em junho de 2022, vindas do futebol espanhol, e vêm formando uma parceria de respeito. No único gol rubro-negro na partida, Jucinara encontrou Daiane na área e a capitã do Mengão mandou para as redes. [Foto: Divulgação/Twitter @SociosBrasil]

A próxima chance do jogo, porém, foi do Timão: aos 64’, Belinha cobrou lateral e Vic, com muita categoria, lançou Gabi Portilho em velocidade, em lance similar ao que deixou Millene livre para marcar seu segundo gol. Gabi Portilho avançou com a bola e finalizou cruzado diante da chegada da marcação. Bárbara fez boa defesa e espalmou para a linha de fundo. Impressionava a facilidade com que o Corinthians chegava ao gol adversário em poucos toques — o que se amplificava à medida que o Flamengo se lançava ao ataque. Com o jogo praticamente resolvido e um time que pede por intensidade, Arthur Elias decidiu mexer no meio-campo das “Brabas”, tirando Diany e Vic Albuquerque para as entradas de Gabi Morais e de Liana Salazar. 

O time carioca não desistia e seguia buscando o gol, sempre a partir dos pés de Jucinara, que conseguiu um escanteio, aos 68’. Ela mesma foi para a cobrança e encontrou Daiane na área corintiana. A capitã subiu mais alto e testou com qualidade, sem chances para Lelê. 4 a 1! Sabendo que um eventual segundo gol colocaria fogo no jogo, o Mengão seguiu no ataque pressionando a saída de bola corintiana, que contava, agora, com o reforço de Tamires. Em um desses momentos, a pressão surtiu efeito, Gica roubou a bola e Rayanne encontrou Crivelari, que bateu de fora da área. Lelê fez a defesa. 

Arthur Elias fez mais uma substituição na equipe e Millene saiu, sob muitos aplausos, para a entrada de Jennifer, que começou a Supercopa como titular. Nos contra-ataques e nas segundas bolas, o Corinthians ainda levava muito perigo e, aos 77’, Tamires cruzou de perna esquerda e a partir do lado direito para Belinha subir e cabecear, livre, na grande área flamenguista. A bola passou ao lado do gol defendido por Bárbara. Pouco depois, aos 79’, foi a vez de o rubro-negro chegar no ataque: Agustina cobrou falta na área, Sole Jaimes ajeitou de cabeça e Giovanna Crivelari tocou na saída de Lelê, mas a bola foi para fora. Definitivamente não era o dia da 19 do Mengão marcar contra seu ex-clube. Apesar de artilheira do campeonato, ela não conseguiu vencer Lelê. Crivelari ainda teve outra chance aos 86’ e finalizou para fora. O Timão mexeu pela última vez e Katiuscia substituiu Belinha.

Mas não havia tempo para mais nada! Com uma defesa consistente e um ataque mais do que eficiente, o Corinthians era bi-campeão da Supercopa Feminina do Brasil. A equipe paulista, líder do ranking de clubes da CBF e atual tri-campeã brasileira, segue sendo a única campeã do torneio.

Ficha técnica:

Corinthians (4-3-3): Lelê, Belinha (Katiuscia, 81’), Andressa Pereira, Tarciane, Yasmim (Jaque Ribeiro, 46’); Diany (Gabi Morais, 64’), Juliana Ferreira, Victória Albuquerque (Liana Salazar, 64’); Gabi Portilho, Millene (Jheniffer, 73’) e Tamires. T.: Arthur Elias. [Arte: Ricardo Thomé]

Flamengo (4-3-3): Bárbara; Monalisa Belém (Rayanne, 46’), Daiane, Thaís Regina, Jucinara; Kaylane Melo (Kaylane Jr., 43’), Thaísa Moreno (Agustina Barroso) ,46’), Duda Francelino; Maria Alves (Gica, 59’), Giovanna Crivelari e Sole Jaimes. T.: Luís Andrade. [Arte: Ricardo Thomé]

Gols: Tamires (Belinha, 1’, e Gabi Portilho, 57’) e Millene (36’, P, e Victória Albuquerque, 45’+4) – COR / Daiane (Jucinara, 69’) – FLA

Cartões Amarelos: Millene (36’) e Jaqueline Ribeiro (78’) – COR / Maria Alves (18’), Bárbara (29’), Sole Jaimes (41’) e Thaís Regina (45’+1) – FLA

*Imagem de capa: Reprodução/Twitter @SCCPFutFeminino

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