“Eu não vejo graça em outra coisa, como vejo em cantar.” Elis Regina
Há trinta e três anos, a tarde pesada caía feito um viaduto para Elis, que deixava três filhos e um legado que até hoje é presente na cena cultural brasileira. A cantora, enigmática e expansiva, encantou grandes palcos tanto no Brasil quanto em Londres, onde cantou na década de 1960. Foi simpatizante do movimento negro norte americano, interpretou músicas de Gilberto Gil e Chico Buarque, além de ter gravado um disco ao lado de Tom Jobim. A Pimentinha, como foi apelidada por Vinícius de Moraes por conta de seu temperamento, impressionava com uma interpretação marcante e era sucesso de bilheteria. O espetáculo “Falso Brilhante”, por exemplo, que aconteceu em 1976 e ficou em cartaz por aproximadamente 14 meses, reuniu um público de mais de 280 mil pessoas. “O apelido dela era Pimentinha, acho uma ótima forma de defini-la”, também concorda Caio Martins, estudante de administração que sempre foi fã da cantora.
Nascida em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 17 de março de 1945, Elis Regina começou a carreira de cantora aos 11 anos no programa “Clube do Guri”, apresentado na rádio Farroupilha. Seu primeiro LP foi lançado quando tinha 16 anos, e foi intitulado “Viva a Brotolândia”. A cantora ascendeu como intérprete na década de 60, depois de ter se mudado para o Rio de Janeiro. Seu repertório é vasto e conta com músicas como “O Bêbado e o Equilibrista”, “Como Nossos Pais”, “Fascinação”, “Me Deixas Louca” e “Águas de Março”.
Elis Regina Carvalho Costa completaria 70 anos no último dia quinze de março, e o primeiro semestre de 2015 foi repleto de homenagens em sua memória. Seu site oficial entrou no ar no dia de seu aniversário, reunindo uma coletânea interessante de seu trabalho, além de galerias dos fãs com fotos do instagram, e entrevistas antigas da cantora. Sem contar que a vida da cantora foi enredo da escola de samba vencedora do carnaval paulista, a Vai-vai.
Além disso, uma biografia em homenagem à cantora também foi publicada no mês de março: “Nada será como antes” foi escrita pelo jornalista musical Júlio Maria. Além de um show em sua homenagem que aconteceu no mês de maio, contando com nomes como Ivan Lins, Fágner e João Bosco, nas redes sociais os tributos a Elis também marcaram presença, como a de Gilberto Gil pelo twitter e da filha de Elis, a também cantora e intérprete Maria Rita.
Na comemoração a memória de Elis, o disco Elis (1972) retornará as lojas com áudio restaurado. O álbum traz faixas como Casa no Campo e Atrás da Porta. Outro livro sobre a vida da cantora, Elis, uma Biografia Musical, será lançado este ano e é de autoria do músico e jornalista Artur de Faria.
As grandes telas também reservam um espaço para Elis: o diretor Hugo Prata pretende lançar um filme sobre a artista entre os meses de julho e setembro de 2015! O roteiro do longa é de Nelson Motta, Patrícia Andrade, Luiz Bolognesi e do próprio Hugo Prata.
É evidente que a relação de Elis com a música e os grandes palcos ainda é presente, mesmo após 33 anos de sua morte, mas seria essa relação capaz de sair dos holofotes e chegar até o imaginário das pessoas mesmo depois de tanto tempo?
A resposta para essa pergunta é um pouco complicada mas através de relatos, podemos ver que ela continua presente no cotidiano das pessoas, seja por uma música no rádio, uma trilha sonora, ou por simples prazer em ouvi-la cantar . “Além do nome ela deixou grandes interpretações, que são lembradas até hoje. A gente toca algumas canções dela que os alunos aqui da escola gostam. Geralmente são pessoas mais velhas que pedem, mas tem alguns alunos novos também, é bem flexível”.- foi o que afirmou Éder, músico e recepcionista de um conservatório musical.
Para o professor universitário Bruno, a presença da cantora atravessa gerações: “Elis Regina, para mim, representa o início de tudo, porque foi com ela que aprendi a gostar de música. Eu era muito pequeno, coisa de seis ou sete anos de idade, e descobri na casa dos meus avós um disco dela – “Transversal do tempo“. Comecei a ouvir sem parar, pedia para os meus pais comprarem mais discos e assim fui mergulhando no universo da Elis. É, sem dúvida nenhuma, uma grande referência para mim”. Esse mesmo ponto de vista está presente no relato de Lucas, estudante de direito e Músico que afirma que para ele, Elis significa uma preciosa parte de sua adolescência: “Ouvi Águas de Março no programa Ensaio pela primeira vez na voz dela. Eu aprendi a gostar de Bossa Nova”.
Elis faleceu com apenas 36 anos de idade, no dia 19 de janeiro de 1982, devido a uma overdose. No entanto Elis continua viva na memória do público e no cotidiano de jovens e adultos. Afinal, a cultura não morre, e ela faz parte da nossa.
“Como todo gênio, acabou por morrer cedo, sucumbiu a própria glória e o brilho, mas o seu talento é inquestionável e tanto que mesmo após 33 anos de sua morte. Elis continua inspirando as gerações os seus tons ainda estão marcados na nossa cultura.E mesmo que passem seculos e séculos continuaremos os mesmos e viveremos eternizando sua arte”. Murilo, estudante de medicina.
Por Catarina Silva Ferreira
catarina.ferreirasilvs@gmail.com
Foi em minha juventude escutar tanta maravilha na voz e interpretaçao, carísmática ,sencível…sao coisas insquecíveis que sempre da gosto recordar. Nunca vou entender porquê “seres dotados de “algo” tao excepcional e exclusivo” nos abandonam tao cêdo”!…Grande Elis Regina…
A grandeza da pequena ELIS delineada em uma prosa poética, nos emocionou com as canções que ouvíamos por sua Voz
Me encantei com a linda e talentosa Elis quando, no Festival da Excelsior, canal 9, nos anos sessenta, o apresentador Hélio Ribeiro ( inesquecível , também ), chamou-a como a vencedora do Festival. Até hoje, amo essa cantora MARAVILHOSA!!!. Acompanhei tudo o que aconteceu em sua vida e sinto falta dela… Muita saudade que me invade sempre, então ouço suas musicas e canto com ela…parece que ela está aqui em minha casa.