Bruna Buzzo
A Alegria de Emma começa com uma música agradável e mantém essa sensação inicial ao longo durante todo o filme. O campo é mostrado ao espectador sempre com um ar mais bonito do que a cidade, que tem ares melancólicos e tons escuros. Os personagens também seguem esta linha que o roteirista parece defender: a vida bucólica, mesmo quando mostrada em sua face mais triste, ainda pode ser muito melhor que a vida urbana.
Os personagens principais são duas criaturas solitárias com problemas que não podem resolver. Aproximadas por um acidente não tão acidental, cada um deles irá rever seus conceitos devido à presença constante de alguém em seu cotidiano. Emma (Jördis Triebel) – uma moça rude que vive sozinha em uma fazenda onde cria porcos – passa a sorrir e tira um belo vestido de renda branco – de sua avó – do armário, e Max (Jürgen Vogel) – um solitário vendedor de carros com câncer no pâncreas – tem despertado um lado com o qual não convive muito.
Com uma bela fotografia e uma trilha sonora escolhida a dedo, o filme consegue manter a atenção do espectador mais exigente no enredo simples. Comedia dramática, lida perfeitamente com este gênero ao qual se propõem: mescla cenas engraçadas com momentos de extrema melancolia, fazendo o público sair da sala de cinema com um sorriso no rosto e levando reflexões para casa. Olhando para os personagens, o espectador usa as experiências do filme para repensar sua própria vida e descobrir o valor desta em si mesmo.
Suave, divertido e um pouco melancólico, este é um filme para se deliciar com a catarse do cinema em seu melhor estilo. É pena que poucas pessoas darão chances a uma comedia alemã sem estrelas conhecidas, mas para o espectador sem preconceitos – ou não tão viciado em grandes nomes do cinemão hollywoodiano – a sensação final valerá até mesmo o mais caro ingresso.