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‘Egito’ e os três grandes de uma geração

Projeto idealizado pela gravadora independente Pineapple Storm promove um dos encontros mais aguardados do rap nacional

Após muita expectativa, Djonga, BK’ e Froid lançaram o EP. Egito, com cinco faixas, em colaboração com a Pineapple StormTv. A gravadora carioca convocou três dos maiores nomes do rap nacional para o projeto, que tem seus clipes gravados no país que dá nome ao EP., além da presença de diversos elementos que remetem ao local.

As músicas abordam temas como a ascensão profissional e pessoal dos rappers, destacando as dificuldades enfrentadas no trajeto, como também as conquistas. Os artistas, que possuem características únicas e fortes, demonstram versatilidade ao realizarem bons trabalhos em diferentes estilos e variações do rap.

 

Nasci Pra Ser Grande

 

Egito: imagem de pirâmide contra céu azul, com três homens negros caminhando em direção a sua base
Nos clipes, a pirâmide é uma de muitas referências geográficas que remetem ao título do EP. [Imagem: Reprodução/Youtube]


A primeira faixa reflete com categoria a estética e as ideias que permeiam todo o EP, tanto nos clipes, quanto nas letras. 

Com suas particularidades, os três discorrem sobre a vida e o cotidiano, usando exemplos de situações vivenciadas por eles: BK’, Djonga e Froid possuem grande representatividade como homens negros e usam suas letras para dar voz a tudo que eles enfrentam por isso.

BK’, em seu maior estilo, utiliza versos agressivos, críticos e impactantes, que em alguns momentos contrastam com o beat mais leve da música — algo que poderia ter sido um pouco mais sintonizado, para acompanhar toda a imposição do rapper carioca.

Djonga também faz o que sabe de melhor, utilizando muitos jogos de palavras com analogias e metáforas e, mesmo com um flow mais leve, não perde a acidez e a criticidade. 

Froid, por sua vez, possui um refrão marcante, que fica na mente e serve para marcar ainda mais o tema central da letra, como um grito de esperança, autoestima e afirmação. O trecho que nomeia a música reconforta os ouvintes e representa toda sua força.

 

Radin

 

Egito: imagem de três homens negros, com vestes no estilo rapper, contra um fundo com pontos luminosos
BK’, Djonga e Froid interagem com muita harmonia ao longo de toda a produção. [Imagem: Divulgação/Twitter @pnplstorm]

A segunda faixa, Radin, pode ser caracterizada como um som sobre parceira e imposição. Os artistas ambientam os ouvintes com elegância. É possível reviver lembranças e projetar situações a partir da letra, além de sentir o clima pelo beat e pelo flow usados na música.

Djonga possui um refrão que é viciante e soa bem. Com poucas palavras, transmite lembranças de uma fase passada, sem esquecer o momento atual. BK’ se destaca pelo flow diferente e a variação de ritmo, além de rimas multissilábicas que tornam sua participação ainda mais completa. Froid explora o autotune de forma inteligente e entrega ótimos versos, críticos, mas sem perder a lírica.

 

Esquema de Pirâmide


A melhor música do EP.,
Esquema de Pirâmide, tem um título criativo, que brinca com o ambiente em que se passa o projeto e entrega muito em sua qualidade. BK’, Froid e Djonga fazem um ótimo trabalho no drill e exploram o beat agressivo para tornar seus versos ainda mais impactantes.

Froid usa um flow pesado, que lembra grandes momentos de sua carreira, como em Pseudosocial, e abusa das referências ao Egito. Djonga, assim como Froid, explora a linguagem, faz muitas analogias e brinca com as palavras em versos que saem do comum. 

Já BK’, o dono do refrão, mostra mais uma vez sua melhor versão, com muita presença nas rimas e inúmeras punchlines. É outro que explora analogias e utiliza metáforas. Uma combinação que torna a terceira faixa do EP. completa.


Lugar Bacana

 

Egito: três homens negros andam lado a lado em motocicletas, por uma via que margeia um grande corpo de água e uma linha de palmeiras
As motocicletas são um dos elementos de modernidade em meio a paisagens milenares do Egito. [Imagem: Reprodução/Youtube]


Depois de letras mais imponentes, inclusive com a grata surpresa no
drill, Lugar Bacana comprova ainda mais a versatilidade dos artistas. A quarta música tem o amor como o tema principal e segue uma linha calma e tranquila, como se pudesse transportar os ouvintes à idealização desse lugar.

Froid se destaca mais uma vez pelo refrão, que provoca a vontade de pensar e estar junto de quem você ama. Em seguida, BK’ aparece com muitas referências ao Egito e uma sequência de versos diferenciados, construídos por onomatopéias. Djonga faz rimas inteligentes, cheias de comparações e metáforas e novamente apresenta todo o seu repertório para descrever o amor.


A Pior Música do Ano pt. II

 

Com aproximações e afastamentos, os três rappers criam uma unidade potente em som e imagem. [Imagem: Reprodução/Youtube]

A última faixa, A Pior Música do Ano pt. II, encerra com maestria o projeto idealizado pela Pineapple. A música é a segunda parte de uma canção que foi marco em 2016, mas na ocasião apenas com Froid e Djonga, ascendendo em suas carreiras.

Dessa vez, BK’, que não participou da versão de cinco anos atrás, começa o som com versos marcantes, que retratam a consolidação e a ascensão na sua vida e carreira. Froid usa rimas que também exaltam suas conquistas e superações e finaliza com uma construção marcante, utilizando a palavra “medo” em suas sentenças. Djonga se destaca com diversas punchlines, um flow único e a acidez e a criticidade recorrentes em seus versos. 

 

A Pineapple soube aproveitar a originalidade dos três artistas em músicas que exploram o melhor de cada um. Os versos e flows se completam em cada faixa e o trio consegue dividir o protagonismo com equilíbrio. Assim, Egito é um símbolo da consolidação e afirmação de Djonga, BK’ e Froid, sem esquecer de toda a caminhada que os levou até esse momento.

 

*Imagem de capa: Divulgação/Twitter @pnplstorm

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