É no encontro entre a natureza e a arte contemporânea, que encontra-se a Galeria Claudia Andujar, em Inhotim. São mais de 500 fotos tiradas entre os anos de 1970 e 2010.
A primeira parte da galeria exibe fotos da região amazônica com o foco na natureza. O rio, como ele modela a terra, e o verde. Parece que a exposição será sobre a floresta em si. Mas surpreende-se ao ir para o outro cômodo e visualizar as imagens do povo Yanomami. É uma boa surpresa.
Em São Paulo, em dezembro de 2018, iniciou-se a exposição de Claudia Andujar dedicada aos Yanomami, denominada A Luta Yanomami, no Instituto Moreira Salles. Eram dois andares com o intuito de apresentar este povo indígena e denunciar como esses estão ameaçados, marcados para morrer. Porém, em Inhotim era diferente.
As fotos ali são coloridas. No IMS, a maioria das fotos eram em preto e branco. Com as cores, os indígenas deixam de ser parte de uma história. Ficam menos dramáticos, mais reais. É lindo. A pele bronzeada em contraste com o verde da floresta. Os retratos possuem uma leveza que somente uma câmera com um olhar humanista conseguiria registrar.
Humanos. Afinal, os yanomami são apenas humanos.
A tristeza ascende. Ao ver os belos retratos constrói-se um paralelo com o vídeo exibido no IMS, em que mostra como a exploração da Amazônia vai exterminá-los. No museu paulistano foi impactante, em Inhotim, foi sentimental. Os rostos repletos de vida podem deixar de existir.
Há uma proximidade com as fotos. No IMS os retratos são menores e a maioria das fotos ficam suspensas pela sala. No museu mineiro, as fotos são maiores e ficam penduradas na parede, apresentam maior proximidade. As expressões, rugas, cicatrizes e as formas corporais estão mais presentes. O corpo é valorizado.
Apesar de mostrar a série de retratos marcados e fotos da mineração – o que é engraçado, pois Inhotim fica em Brumadinho, cidade em que uma barragem da Vale rompeu – o ativismo ali não é tão evidente, é singelo. Não amedronta o visitante quanto a extinção dos Yanomami.
É outra abordagem, outra perspectiva. Não é necessário dar enfoque a morte desse povo. O conjunto fotográfico promove a valorização de sua vida. A preservação deles é algo óbvio. Eles possuem o direito de existir como qualquer outro ser humano.