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Judô paralímpico: O esporte que ninguém vê

Por Maria Laura López O judô paralímpico foi responsável pelo crescimento e pela independência pessoal de vários jovens que por ele passaram desde que chegou ao Brasil, no início da década de 80. E é por meio desse esporte que os atletas encontram uma nova forma de enxergar o mundo. Um breve histórico A primeira …

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Por Maria Laura López

(Imagem: Júlia Vieira/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior)

O judô paralímpico foi responsável pelo crescimento e pela independência pessoal de vários jovens que por ele passaram desde que chegou ao Brasil, no início da década de 80. E é por meio desse esporte que os atletas encontram uma nova forma de enxergar o mundo.

Um breve histórico

A primeira participação internacional do país nessa modalidade ocorreu no Torneio de Paris, em 1987. Em Jogos Paralímpicos, o protagonismo dos judocas deficientes visuais aconteceu no ano seguinte em Seul, onde os brasileiros levaram três bronzes para casa. A inclusão da categoria no feminino viria apenas anos depois, em 2004. No entanto, um passo importante para o reconhecimento dessas pessoas na modalidade já havia sido tomado.

O primeiro ouro veio em 1996 na cidade de Atlanta, conquistado por Antônio Tenório da Silva. Com o tempo, Tenório se tornaria o maior expoente do judô paralímpico nacional, responsável pelas quatro medalhas de ouro que o Brasil tem nessa modalidade em Paralimpíadas (Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008).

No feminino, as primeiras medalhas vieram também no ano em que a categoria foi integrada às edições Paralímpicas, Atenas 2004, sendo uma prata e um bronze. No total, o judô brasileiro possui 18 medalhas em Paralimpíadas: quatro ouros, cinco pratas e nove bronzes.

Antônio Tenório recebe a medalha de prata nas Paralimpíadas Rio 2016 (Imagem: Gabriel Heusi/Heusi Actions)

Regras

As regras nessa modalidade são basicamente as mesmas que as do judô olímpico. O objetivo dos competidores é fazer com que seu oponente caia de costas no tatame, dentro do tempo de quatro minutos de luta. Como as quedas nem sempre são perfeitas, existem duas pontuações possíveis de acordo com o desempenho dos atletas:

  • Ippon: Quando o atleta é projetado perfeitamente de costas, com velocidade, força e controle daquele que o projetou.
  • Wazari: Quando um dos quatro itens para caracterização do Ippon não está presente na projeção.

Além das quedas, essas pontuações também podem ser alcançadas por meio do tempo de imobilização: 10s corresponde a um Wazari e 20s a um Ippon. Ou ainda através das técnicas de finalização, como a chave de braço ou estrangulamento.

A diferença do judô paralímpico é que os atletas já começam a luta com a pegada feita, ou seja, segurando um no quimono do outro. E além das categorias de peso normais, existem também as divisões de acordo com o grau de deficiência visual do atleta – B1 para os totalmente cegos, B2 para aqueles que só enxergam vultos e B3 para atletas que têm alguma acuidade visual. Aqueles que competem em B1 são identificados com um círculo vermelho em cada ombro do quimono, e, caso o atleta também tenha deficiência auditiva, os círculos são amarelos. Isso facilita o trabalho dos árbitros, que possuem gestos específicos para esses competidores.

O mestre por trás do sucesso

O atual técnico da seleção brasileira de judô paralímpico é Jaime Bragança. Ele começou a praticar o judô com apenas quatro anos e, desde essa época, já tinha contato com outros atletas que possuíam alguma deficiência visual. Sendo assim, quando professor, acolheu com naturalidade os alunos cegos interessados no esporte.

Aos poucos, Jaime foi percebendo que isso não era uma realidade no Brasil, e achou ainda mais necessário trabalhar para a melhoria da inclusão da pessoa deficiente na sociedade. Sua turma de alunos foi crescendo, competindo e ganhando prêmios. E, por isso, em 2005, o professor foi chamado para ser auxiliar técnico da seleção brasileira, da qual hoje é técnico principal.

Equipe brasileira, comandada por Jaime Bragança, conquistou quatro medalhas de prata na Rio 2016 (Imagem: Gabriel Heusi/Heusi Actions)

Segundo Jaime, é muito gratificante treinar a seleção e acompanhar o crescimento dos atletas e da modalidade. Por outro lado, diz que a visibilidade e o reconhecimento deveriam ser maiores: “O judô brasileiro possui o maior medalhista do mundo em Paralimpíadas, Antônio Tenório, que já conquistou medalha em seis Jogos Paralímpicos, sendo quatro ouros. Ninguém no mundo conseguiu isso. Eu pergunto para os jovens se conhecem alguns grandes atletas e muitos nem ouviram falar”.

O técnico acredita, ainda, que o Brasil precisa desenvolver uma cultura esportiva que vá além do futebol e reconheça seus ídolos. “Nossos atletas muitas vezes são mais valorizados fora do país do que aqui”. Isso porque, de acordo com ele, esse reconhecimento poderia fazer com que os jovens se identificassem com os atletas, a ponto de também procurar no esporte uma forma de encontrar independência e desenvolvimento pessoal.

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