Em 2014, a UEFA anunciou a criação de um novo torneio entre seleções: a Liga das Nações. A ideia teve suas bases pela falta de interesse dos treinadores, jogadores e torcedores nos amistosos. A competição foi posta em prática após a Copa do Mundo de 2018, e consagrou a seleção Portuguesa como primeira campeã.
A recente edição do torneio acabou afetada pela pandemia de Covid-19 e teve seu calendário alterado. As semifinais, disputas de terceiro lugar e final ocorreram quase um ano após o término da fase de grupos. Para a disputa desses confrontos finais, classificaram-se Bélgica, Espanha, França e Itália. E emoção e bom futebol foi o que não faltou.
Semifinais
A Azzurri chegou ao confronto contra a Espanha como favorita, mas os espanhóis não se intimidaram e abriram dois a zero logo no primeiro tempo — com direito à expulsão do italiano Bonucci —, com dois gols de Ferran Torres acompanhados de duas assistências de Oyarzabal.
A Itália chegou a diminuir em um contra ataque no final do segundo tempo, mas os espanhóis venceram e tiveram sua revanche após serem eliminadas na semifinal para a mesma Itália durante a Euro 2020.
Do outro lado da chave, a mesma semifinal da última Copa do Mundo. França e Bélgica mediram forças e fizeram um jogo eletrizante. Os belgas dominaram a seleção campeã do mundo durante o primeiro tempo e marcaram dois gols com gols de Yannick Carrasco e Romelu Lukaku, com duas assistências de Kevin De Bruyne. Mas na segunda etapa o cenário mudou e os franceses apresentaram um maior volume de jogo e alcançaram o empate com Benzema e Mbappe, de pênalti.
No fim do jogo os belgas chegaram a marcar um gol, mas foi anulado. Dois minutos depois, Theo Hernández marcou o tento final e carimbou a classificação à final e acabou com mais uma chance da badalada geração belga conquistar um troféu.
Final
O primeiro tempo da grande decisão foi apagado, com poucas chances de gols para os dois lados. Mas no segundo tempo o jogo melhorou. Aos 63 minutos de jogo, Sérgio Busquets fez um belo lançamento para Oyarzabal, que ganhou de Upamecano e chutou cruzado para abrir o placar. Mas a alegria dos espanhóis durou pouco, no lance seguinte Karim Benzema conseguiu espaço pela direita e fez um belo gol, sem chance para Unai Simón.
Aos 79 minutos veio o polêmico gol do título, Theo Hernández acionou Kylian Mbappé, — que aparentava estar adiantado — que, livre de marcação, tocou na saída do goleiro e anotou o tento final, legal de acordo com o VAR. A Espanha ainda tentou empatar e levar o jogo para a prorrogação, mas Hugo Lloris impediu com grandes defesas. Assim, a França sagrou-se campeã da Liga das Nações de 2020-21.
Perspectivas
A Europa está bem à frente dos outros continentes na questão de preparação para grandes competições, por jogarem frequentemente contra seleções de alto nível, mas ao custo de um baixo intercâmbio com nações não europeias.
Com o fim desta edição da Nations, as principais seleções voltam sua atenção para a disputa da Copa do Mundo de 2022, que será realizada no Catar, e as participantes do final four chegam ao próximo mundial como postulantes ao título.
A França vai defender seu título e tentar repetir o feito de Itália e Brasil de ganhar duas vezes consecutivas, e chega como a seleção a ser temida devido ao elenco que mantém a base da equipe que ganhou o mundial. Ela conta com a adição de jovens promessas e o retorno de Karim Benzema.
A Itália já mostrou seu potencial ao ganhar a Euro e bater o recorde de invencibilidade entre as seleções. A Azzurri renasceu e apesar da recente eliminação, talento é o que não falta à equipe de Roberto Mancini, que ainda conquistou o honroso terceiro lugar da Liga das Nações.
Já a Espanha vinha cercada de incertezas desde a última copa, ainda mais com a trágica saída de Luis Enrique por um tempo no comando da seleção.
Com a volta do treinador, a equipe melhorou seu futebol e foi à semifinal da Euro e ao vice-campeonato da Liga das Nações com uma geração promissora de jovens atletas aliada à permanência de jogadores experientes como Busquets e Sergio Ramos, que deve voltar a ser convocado.
A Bélgica deixou passar mais uma oportunidade de coroar a melhor geração de sua história. Com problemas de renovação na defesa, a geração que conta com Thibaut Courtois, Eden Hazard, Romelu Lukaku e Kevin de Bruyne jogará a próxima Copa com todas as forças para não decepcionar novamente.
Mas o mundial do ano que vem não será fácil, além dessas seleções, equipes como o Brasil, Argentina, Alemanha, Portugal, Inglaterra e Holanda prometem aumentar o nível da competição, e cada uma com um motivo especial por trás, conquistar um título inédito, deixar para trás insucessos, ou pela despedida de craques como Messi, Cristiano Ronaldo e possivelmente Neymar.
*Imagem de capa: Reprodução @equipedefrance