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Livre, pero no mucho

  Toda vez que um grande diretor lança um novo filme, principalmente depois de um hiato considerável, a espera por algo que supere em qualidade a última produção é sempre grande. Se o filme consegue passar pela bateria de críticos e tem seu estatuto validado como suficientemente bom para compor a coletânea de obras-primas, uma …

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Toda vez que um grande diretor lança um novo filme, principalmente depois de um hiato considerável, a espera por algo que supere em qualidade a última produção é sempre grande. Se o filme consegue passar pela bateria de críticos e tem seu estatuto validado como suficientemente bom para compor a coletânea de obras-primas, uma ambiguidade é instaurada: ao mesmo tempo em que o que foi feito é suficiente para satisfação coletiva, há uma demanda e uma cobrança de que o próximo filme seja melhor, dada a creditada evolução alcançada em um trabalho anterior. Quantin Tarantino passa por isso em Django Livre (Django Unchained), mas com louvor.

No melhor clima de velho oeste bonachão, Django (Jamie Foxx) é um escravo, que auxiliado pelo caçador de recompensas “Dr.” King Schultz (Christoph Waltz), parte em uma jornada na procura dos criminosos mais perigosos dos Estados Unidos do século XIX. Nessa busca, Django tem sua liberdade comprada pelo doutor, mas continua disfarçado junto a ele para fazer mais um serviço: libertar sua amada das mãos de Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), dono de uma das maiores fazendas de algodão do sul do país. Ao lado do fazendeiro, o escravo de confiança Stephen (Samuel L. Jackson) se mostrará mais um empecilho na conquista liberdade de Django. Basicamente, essa é a história, mas cabe a quem ver o filme se divertir com as improbabilidades de Tarantino.

Em meio aos tradicionais diálogos absurdos, paisagens pitorescas, um western improvável conta uma narrativa que consegue ultrapassar sua temática. O enredo não só prende o espectador, mas as excelentes atuações de DiCaprio e L. Jackson demonstram muito fôlego de Tarantino. Aliás, sua capacidade em criar obras em constante síntese em si mesmas pode ser vista em Django, Claro, não podemos deixar de falar da impecável trilha sonora, escolhida a dedo, capaz de novamente criar cenas icônicas.

Com a obra, que aliás rendeu duas estatuetas do Oscar por Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante para Waltz, Tarantino não desvenda caminhos menos percorridos e apesar da qualidade da obra ser menos debatível, não podemos falar nem de um fracasso nem um sucesso como já atingido anteriormente. Comparado com Pulp Fiction e Kill Bill, citando os mais conhecidos, Django consegue resolver até melhor as questões propostas, mas não inquieta tanto quanto a falta de resposta que emerge destes.

O dilema entre contar uma história como se quer ou contar como o público espera, acabou por fazer da liberdade de Tarantino limitada a sua própria criatividade: Django é um escravo tentanto se libertar das prisões de si mesmo. Até que ponto o diretor se mostrará livre para continuar fazer do cinema sua expressão menos apegada ao passado é uma pergunta que deve ser respondida logo. Pelo menos, enquanto a metáfora da libertação ainda não alcançar uma brecha.

Por Fernando Souza

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