Há cerca de um anos atrás, a revista Rolling Stone EUA perguntou aos seus leitores qual artista deveria retomar a carreira. Em primeiro lugar na pesquisa, apareceu o nome de David Bowie, inglês que não dava as suas muitas caras desde 2004, quando um problema no coração fez com que ele interrompesse a turnê de divulgação do seu álbum Reality (2003), A Reality Tour.

Não importam quais artifícios os fãs ávidos de Bowie tenham usado, o desejo de ver o ídolo de volta à ativa se realizou. Em 8 de janeiro de 2013, seu aniversário de 66 anos, David Bowie jogou uma bomba no mundo do entretenimento: ele estava de volta. E com um pacote completo: novo single já com um clipe gravado (Where Are We Now?) e um álbum (The Next Day) com lançamento previsto para o dia 12 de março.

Ou melhor, um pacote quase completo. À mesma revista que em 2012 divulgou que seus leitores queriam Bowie de volta, o seu parceiro de longa data e produtor do álbum a ser lançado, Tony Visconti, declarou que é altamente improvável que o artista saia em turnê para divulgar o seu novo trabalho. Contudo, ele acredita que há a possibilidade de Bowie fazer um show, em Nova York ou Londres, para comemorar a retomada de sua carreira.

A primeira música divulgada, Where Are We Now? é uma nostálgica reflexão sobre o tempo em que Bowie morou na capital alemã (na época, ainda dividida pelo seu famoso muro) e onde produziu, com Brain Eno, os álbuns da aclamada trilogia Berlin: Low (1977), “Heroes” (1977) e Lodger (1979). A faixa não agradou Angie Bowie, ex-mulher do artista. Em artigo publicado no jornal britânico The Mail On Sunday, ela – que anos atrás afirmou que teria pegado o ex na cama com Mick Jagger – disse que não havia nada de novo na canção e que, enquanto a ouvia, se perguntava o que teria acontecido com o “inovador musical” que Bowie era. Contudo, as críticas de Angie Bowie à música não parecem encontrar nenhum eco. Where Are We Now? garantiu a Bowie uma posição no Top 10 britânico depois de 27 anos de ausência do nome dele na lista.

No dia 26 de fevereiro, mais uma música do novo álbum ganhou clipe. The Stars (Are Out Tonight) conta com a presença da atriz Tilda Swintone e mostra a rotina de um casal de meia idade, que começa a ser assombrado pelos fantasmas da juventude. No primeiro dia de março, mais uma surpresa para os fãs: The Next Day foi liberado para audição gratuita no site do iTunes, e lá permancerá até que o cd seja oficialmente lançado.

David Bowie, que no fim da década de 90 esteve na vanguarda da interação com os fãs via internet, mostrou que já está adaptado a usar redes socias para entreter seus admiradores e deixá-los mais próximos de seu trabalho: no Facebook, ele lançou um aplicativo que permite que os usuários recriem a capa do CD The Next Day com suas próprias fotos.

2013 será um ótimo ano para os fãs de Bowie. Além da sua volta ao cenário musical, uma exposição dele começará esse ano. A mostra David Bowie is será aberta em Londres no dia 28 de março, e é previsto que fique em cartaz até junho. Segundo Monica Bergamo,a mostra virá para o Brasil em janeiro de 2014. Mas o artista deixou claro, através de sua página no facebook, que não é um curador da exposição.

Em uma época em que a homossexualidade ainda era considerada doença e que os tabus sexuais estavam apenas começando a serem questionados, Bowie usou a sua aparência andrógina e às dúvidas quanto a sua sexualidade para se ressaltar no cenário mundial, apoiado por uma obra consistente. David Bowie se consagrou por ter a habilidade de se reinventar e adaptar, tendo ido de rei da música glitter, com o seu altergo Ziggy Stardust, a flertes com a música eletrônica nos anos 90, passando pelo soul com a sua outra persona, o Thin White Duke.

Por Odhara Rodrigues

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