Mentes Sombrias: mais um filme de futuro distópico e jovens se rebelando
Já passamos da metade de 2018 e mais uma vez teremos o lançamento de um filme do pseudo neo-gênero “jovens com aptidões incríveis se rebelando contra um sistema/governo opressor com um casal bonitinho posando na linha de frente”. Mentes Sombrias (The Darkest Minds, 2018) até constrói bem a sua proposta e provavelmente conquistará a simpatia …
Já passamos da metade de 2018 e mais uma vez teremos o lançamento de um filme do pseudo neo-gênero “jovens com aptidões incríveis se rebelando contra um sistema/governo opressor com um casal bonitinho posando na linha de frente”. Mentes Sombrias (The Darkest Minds, 2018) até constrói bem a sua proposta e provavelmente conquistará a simpatia do público adolescente, mas depois do sucesso de tantos filmes parecidos, obras deste tipo ficam mais difíceis de engolir.
[20th Century Fox]Tudo começa com o mundo sendo assolado por uma pandemia de nome estranho que extermina 98% das crianças. As sobreviventes são caçadas pelo governo, segregadas por cor e transferidas para “campos de reabilitação”. Isso acontece devido ao fato de possuírem habilidades sobre-humanas: verdes são superinteligentes, azuis tem o poder da telecinese, amarelos manipulam a eletricidade, vermelhos podem cuspir fogo e laranjas conseguem entrar na mente das pessoas. Os três primeiros são considerados relativamente tranquilos de controlar pelo governo, já os vermelhos e laranjas são imediatamente mortos.
O fio condutor da história de Mentes Sombrias é a protagonista Ruby Daly (Amandla Stenberg), uma sobrevivente laranja que, após passar por um trauma familiar e ser capturada pelo governo em seu aniversário de 10 anos, utiliza seu novo poder para convencer os médicos de que é uma verde e evitar sua morte. A trama se inicia de fato 6 anos após esse episódio, quando Ruby é resgatada do campo de reabilitação por uma funcionário infiltrada da “Liga”, uma organização de adultos contrários ao governo cuja atuação não é 100% esclarecida em nenhum momento do filme.
Até então a obra surpreende e desperta curiosidade, mas a partir do momento seguinte, quando Ruby encontra outros três jovens fugitivos e escolhe seguir com eles ao invés de atuar junto à Liga, o filme parece abrir mão de ir além daquilo que é previsível ao espectador, e se conforma com os moldes padrões para seu tipo. Os jovens decidem ir atrás de um acampamento onde reza a lenda que todos os sobreviventes fugitivos vivem em paz e harmonia, e até chegarmos nas cenas finais que – como sempre – envolvem um grande conflito e desfecho, é difícil querer continuar assistindo e não perder o foco.
Ruby se une ao jovem galã azul Liam (Harris Dickinson), ao debochado verde Chubs (Skylan Brooks) e à pequena amarela Zu (Miya Cech) [20th Century Fox]Apesar de tudo isso, podemos encontrar pontos para defender Mentes Sombrias. Se considerarmos que este filme foi baseado em um livro lançado em 2013 (ano no qual, se o filme tivesse sido lançado, provavelmente funcionaria muito melhor), a diretora Jennifer Yuh Nelson consegue adaptar muito bem a história para contá-la com fluidez. A tensão romântica entre Ruby e Liam é bem utilizada, a profundidade dos personagens é explorada pela diretora de forma que conhecemos justamente o necessário sobre eles, e ao longo de quase todo o filme a relação do casal é abordada sem mergulhar de cabeça na pieguice. Outro ponto para o filme foi a seleção de atores. Yuh Nelson priorizou dar oportunidades para atores que em outras situações provavelmente não teriam a chance de tentar. Inclusive, diversos fãs do livro criticaram a decisão porque na história do livro Ruby é branca, mas a diretora foi firme em sua posição e formou um elenco diverso que acabou por cumprir bem seu papel.
[20th Century Fox]Se forçarmos a barra, podemos tratar Mentes Sombrias como uma metáfora bonitinha para a superação das diferenças e convívio em harmonia entre os seres humanos. No fim das contas, é um filme “frankenstein” com elementos de X-Men (2000-), Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012-2015) e Divergente (Divergent, 2014-2016), que chega alguns anos atrasados para tentar conquistar o público dessas sagas. Você vai acabar saindo da sessão com uma sensação de que já viu aquilo antes, e pela gigante brecha para sequência deixada no final, não vai ser a última vez.
Mentes Sombrias estreia dia 16 de agosto nos cinemas. Assista ao trailer abaixo: