Por Mariana Daderio Ricci (mariana.ricci@usp.br)
Na última semana aconteceu um dos principais eventos do mundo da moda: o Met Gala. O baile acontece toda primeira segunda-feira de maio, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O tema desta edição foi “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion” — “Belas Adormecidas: o Despertar da Moda”, em tradução livre —, que também dá nome à exposição em cartaz no Museu.
As personalidades de maior sucesso no mundo do entretenimento são convidadas pela anfitriã, Ana Wintour, a desfilarem nas escadas do Met, em looks exuberantes. O intuito do evento é arrecadar fundos para o The Costume Institute, instituto de moda do museu nova-iorquino.
A história do Met Gala
Popularmente conhecido como o “Super Bowl da moda”, o baile do Met nasceu em 1948 quando Eleanor Lambert, criadora da New York Fashion Week, organizou um evento para angariar fundos ao recém inaugurado The Costume Institute. O acervo do instituto era composto por mais de 8 mil peças reunidas pelas produtoras teatrais Irene Lewinsohn e Aline Bernstein ao longo de aproximadamente 15 anos.
A primeira edição do evento contou com a participação da alta-sociedade de Manhattan, com nomes selecionados pela própria Lambert.
A partir de 1973, o baile começou a tomar a forma e as proporções que tem hoje. A entrada de Diana Vreeland, ex-editora chefe da Vogue US, na consultoria do evento trouxe uma série de mudanças permanentes ao Met, que passou a se chamar Met Gala. Dentre as modificações, destaca-se a primeira edição do evento dentro do Museu e a criação de um dress code obrigatório inspirado na exposição em cartaz. A convergência destes fatores correspondeu a um significativo aumento da visibilidade ao The Costume Institute.
A partir de Vreeland, o Met virou pop. Outras tradições, como o co-hosting do baile e a presença de celebridades do mundo do entretenimento, também foram agregadas nesse período.
Em 1995, a atual anfitriã e então editora-chefe da Vogue America, Ana Wintour, assumiu a liderança do Met Gala. Foi ela quem adaptou o evento ao longo das últimas décadas e implementou uma data fixa para ele: a primeira segunda-feira do mês de maio, na Primavera do Hemisfério Norte.
O tema e o dress code
Em 2024, o tema da exposição em cartaz é “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion” (Belas Adormecidas: o Despertar da Moda). O projeto tem a premissa de trazer itens delicados e frágeis do acervo, que dificilmente serão usados novamente.
Sob a supervisão do curador-chefe Andrew Bolton, a exibição conta com aproximadamente 250 itens raros da coleção permanente do The Costume Institute. As peças abrangem os 400 anos de história da moda.
O dress code oficial do baile é “O Jardim do Tempo” e coloca-se em paralelo com o tema da exposição. Inspirado em um conto de mesmo nome do escritor JG Ballard lançado em 1962, o dress code de 2024 remete a temas como a superficialidade e a beleza provocadas pela ação do tempo.
É do Brasil
O Brasil também marcou presença em um dos eventos internacionais de maior prestígio do mundo da moda ao longo dos anos. Sônia Braga foi a primeira brasileira a frequentar o evento. Em 1990, ano em que participou do Met, a atriz era internacionalmente conhecida e já somava duas indicações ao Globo de Ouro.
A modelo Gisele Bündchen foi a brasileira que mais participou de edições do baile, totalizando 15 aparições. Sua participação mais recente foi em 2023 quando usou um vestido de Karl Lagerfeld.
Adriana Lima, Rodrigo Santoro e Alessandra Ambrósio são alguns outros nomes de artistas do país sul-americano que marcaram sua presença no Met.
Mais recentemente, o símbolo do Brasil no tapete vermelho do baile é a cantora Anitta, que apareceu nos últimos três anos do evento. A brasileira já vestiu peças assinadas por Peter Dundas, Moschino e Marc Jacobs. Este ano, a cantora, apesar de convidada, não apareceu no evento devido a sua participação especial no show da Madonna, que aconteceu dia quatro de maio no Rio de Janeiro.
Em 2024, o destaque brasileiro no Met Gala foi Bruna Marquezine. A atriz e modelo fez sua estreia no baile usando um vestido branco floral de Tory Burch.
Nas escadas de 2024
Na última segunda-feira, o tão aguardado tapete vermelho— neste ano, verde — foi palco de um desfile dos mais variados looks, desde o predomínio dos florais até a dicotomia dos tons pastéis e do preto.
Entre os co-anfitriões, Zendaya impressionou o público com suas duas passagens pelo tapete vermelho usando vestidos de estilistas diferentes. Já J-Lo apostou em um clássico Schiaparelli transparente coberto por brilho. Quanto aos homens, Bad Bunny vestiu um Margiela all black, enquanto Chris Hemsworth optou por um Tom Ford bege.
Outros destaques da noite foram Lana Del Rey, Tyla e Emma Chamberlain, que fugiram dos florais já esperados. A cantora sul-africana, por exemplo, precisou de ajuda para subir as escadas ao usar um Balmain que a transformou em uma escultura de areia.
Gigi Hadid chamou a atenção dos espectadores com um vestido de cortes geométricos do estilista Thom Browne que, apesar de ser um clássico look floral, demorou mais de 13 mil horas para ser feito e precisou de 70 estilistas em sua produção.
A noite também foi dos casais. Dove Cameron apareceu ao lado de Damiano David, vocalista da banda italiana Mäneskin. Já Sabrina Carpenter brilhou em seu Oscar de la Renta preto e azul, junto de seu suposto affair Barry Keoghan. Rita Ora e o marido Taika Waititi marcaram sua presença em mais um ano de Met Gala como um casal.
Apesar do tapete vermelho deste ano não ter tantas peças extravagantes quando comparado a edições anteriores, o baile foi marcado pela efervescência de looks e estilistas que fizeram história no Met Gala de 2024. A noite encerrou-se com uma apresentação surpresa de Ariana Grande no baile.
*Imagens de capa: Reprodução/ Instagram/ @checkthetag, @gigihadid e @tyla