Presente em todos os continentes, a epidemia de coronavírus atrai cada vez mais os holofotes na sociedade. Causador das principais medidas de isolamento ao redor do mundo, o contágio da Covid-19 – doença causada pelo coronavírus – chama atenção por sua rapidez. Diante disso, uma corrida contra o tempo, com diversas frentes de combate, iniciou-se para conter esse avanço da maneira mais eficiente.
O combate no mundo científico
No início de abril, foram encerrados os bloqueio da cidade de Wuhan, na China, local em que se iniciou o contágio e foi exemplo na contenção pelo isolamento. Por parte de cientistas, existe um grande esforço em tentar encontrar algum alívio para o problema. No início de abril, não só uma vacina italiana, como também uma britânica realizaram testes promissores e devem ter resultados mais conclusivos em setembro. Vale lembrar, porém, que experimentos em laboratórios podem reagir de maneira diferente no corpo humano. Além disso, não fornecem informações a respeito dos efeitos colaterais.
Em entrevista à equipe do Observatório, Marcelo Urbano Ferreira, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), comenta que “a gente precisa que as pessoas fiquem em casa e que os pesquisadores tenham paz e condições materiais e financeiras de trabalhar para correr contra o tempo, literalmente”.
Os estudos se expandem para diversas áreas do campo científico. Já se sabe que a maioria das mortes provocadas pelo coronavírus está ligada a uma síndrome respiratória aguda, ou seja, grandes áreas de inflamação e edemas no pulmão, dificultando a respiração. A morte, assim, acontece por insuficiência respiratória.
Diante disso, Elnara Negri, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, comanda um teste que prevê o uso de anticoagulantes no tratamento da doença. O procedimento foi aplicado em 30 pacientes do Hospital das Clínicas da USP e demonstrou sucesso em 25 deles. Apesar disso, ainda não há comprovação científica completa, segundo Elnara.
As medidas tomadas no Brasil
Desde o dia 24 de março São Paulo passou a adotar as medidas de isolamento, mantendo todos os estabelecimentos que não fossem de serviços essenciais fechados. Inicialmente a medida duraria até o dia 6 de abril, porém foi prorrogada e tem seu fim previsto para o dia 22 do mesmo mês.
No Rio de Janeiro, chegou-se a adotar medidas de restrição de mobilidade: o governador Wilson Witzel (PSC) proibiu a entrada no estado por vias aéreas e ônibus interestaduais. Além disso, também ficou proibida a circulação do transporte público intermunicipal.
Atualmente todos os estados do país possuem alguma medida de isolamento social para evitar que a doença se espalhe. Tais medidas se fazem importantes para impedir, não apenas as mortes de pessoas pela doença, mas principalmente que o sistema de saúde entre em colapso.
Sobre isso Marcelo Urbano comenta: “Enquanto não houver vacina, existe infelizmente o risco de uma parcela muito grande das pessoas se infectarem. O que se tenta fazer é evitar que isso aconteça rapidamente e que todo mundo se infecte ao mesmo tempo. Ou a gente impunha as medidas de distanciamento social ou a gente teria uma catástrofe”.
As medidas de isolamento foram motivo para traçar um embate entre o Governo Federal e os governos estaduais, uma vez que o presidente acredita que, o maior problema que o Brasil enfrentará por conta do coronavírus é a crise econômica que virá, caso os comércios continuem fechados. Outra fala polêmica do presidente envolve o medicamento cloroquina. Durante o pronunciamento do último dia 09, ele defendeu que tal substância fosse usada em pacientes ainda na fase inicial do vírus, mesmo que não houvesse comprovado o diagnóstico, uma vez que o resultado dos testes demoram para serem liberados.
Os obstáculos para cura
Em meio a um cenário de crescente na pandemia do coronavírus, o isolamento social aparece como principal medida para frear o avanço da doença. Nesse sentido, a situação tende a se agravar com a realização de protestos e demais formas de aglomerações, como foi feito no último dia 11 por parte de apoiadores de Bolsonaro que se mostraram contrários às medidas estaduais de isolamento social.
“Há uma série de fontes de ruído que acabam minando os principais mecanismos que a sociedade tem para se defender hoje, que são as medidas de isolamento social”, relata Urbano lembrando da atitude de autoridades públicas, como o presidente Jair Bolsonaro, que são vistas constantemente em formas de aglomerações populares. Em São Paulo, por exemplo, dados do Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do governo paulista mostram que menos da metade dos paulistanos adere ao isolamento.
Além de situações de descumprimento, outros obstáculos aparecem no combate ao coronavírus. Uma série de estudos inconclusivos, inclusive aqueles referentes ao uso da cloroquina, dificultam o combate à doença.
Marcelo conta que estudos imprecisos e suposições a respeito são comuns nesse momento. Afinal, o caráter repentino do surto impede que trabalhos clínicos mais elaborados sejam desenvolvidos de maneira adequada: “é o que a gente chama de uma epidemia em terra virgem. Estamos sendo expostos a patógenos absolutamente desconhecidos do nosso sistema imune”.
No caso específico da cloroquina, a polêmica surgiu quando o presidente dos EUA Donald Trump se mostrou favorável ao uso da substância no tratamento do coronavírus. Como base, ele utilizou um já conhecido estudo francês que, segundo especialistas, carece de um delineamento experimental ideal. Portanto, seu uso ainda é arriscado, visto que a ciência não possui estudos objetivos a respeito do uso desse medicamento para o coronavírus.
A cloroquina se popularizou por seu uso no tratamento de doenças autoimunes (aquelas originadas por uma reação imunitária anormal em que o corpo ataca uma parte de seu próprio organismo), sob uso prolongado. Para o coronavírus, o Ministério da Saúde recomenda a utilização da cloroquina somente em casos graves. A OMS não considera a substância como a cura ou tratamento único existente para a Covid-19.
Como o vírus se espalha
O coronavírus se espalha principalmente por meio do contato em superfícies contaminadas e de gotículas advindas de tosse e espirros que podem ficar no ar. Quando entra no organismo, o vírus se instala em uma célula e a partir daí começa a produzir cópias de si que podem infectar outras células. O indivíduo contaminado pode começar a ter febre e tosses, além de, nos casos mais graves, chegar a ter episódios de falta de ar.
Já se conhece o fato de que o vírus possui uma alta taxa de propagação. Segundo Marcelo Urbano, “Há uma série de estimativas sobre o chamado R0 (taxa reprodutiva desse vírus). […] Uma delas é definitiva: cada indivíduo contaminado infecta de dois a seis novos indivíduos suscetíveis”.
Tendo em vista todos esses fatores, é necessário que a população siga as orientações das autoridades para evitar que a doença se espalhe e atinja ainda mais pessoas.
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