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Olimpíadas 2024 | Após virada, Japão complica as coisas para o Brasil no futebol feminino

As japonesas, que sofreram com a virada de 2 a 1 contra a Espanha, realizaram a vingança no Brasil através do mesmo placar, com dois gols no final do jogo
Duda Sampaio, do Brasil, disputando uma bola em jogo válido pelas Olimpíadas de 2024, em Paris
Por Aline Noronha (alinenoronha@usp.br)

No último domingo (28/07), a seleção brasileira feminina de futebol jogou contra o Japão em uma partida marcada por muita pressão e dificuldade para ambos os times. A equipe asiática, após perder de virada para as jogadoras espanholas de 2 a 1 em sua estreia, usou o sentimento de frustração no campo para desestabilizar e forçar erros nos passes do Brasil. No primeiro momento, a estratégia não repercutiu o efeito desejado, mas na metade final do segundo tempo, a vitória improvável aconteceu.

As atletas japonesas induziram as brasileiras para aquilo que é uma de suas principais características no campo: o jogo de velocidade. Com isso, fizeram com que suas adversárias errassem mais passes do que o habitual e quebrassem mais suas linhas, o que permitia que as asiáticas, em jogadas e conexões rápidas, assustassem a marcação do Brasil.

Além da velocidade, as japonesas marcaram e pressionaram fortemente as jogadoras brasileiras, com destaque para Marta, que apresentou mais dificuldades no jogo. Apesar disso, ela foi a jogadora do Brasil mais equilibrada, entendendo a estratégia asiática — quando a bola estava em seus pés, buscava desacelerar o ritmo da partida, para trazer a tranquilidade necessária, ou acelerar os passes que favoreciam sua seleção.

O principal erro, nesta partida, do time treinado por Arthur Elias estava na defesa, que apresentou muitos espaços infiltrados facilmente pela seleção japonesa. A exemplo do que aconteceu nos 37’ — e se repetiu ao longo do jogo —, durante o ataque japonês, as jogadoras brasileiras focaram apenas no lado que a bola chegou inicialmente, deixando a outra região livre para que a Hasegawa chegasse sem marcação e, após receber um cruzamento, quase marcasse o gol.

A posse de bola no primeiro tempo era maior para a equipe latino-americana, com 69%, enquanto que a asiática ficou com 31%. Apesar disso, as oportunidades de gol surgiam e eram perdidas por ambas as seleções, seja por erros de finalizações, comuns no Brasil, ou por bolas longas desarmadas, no caso do ataque japonês.

Ao primeiro minuto de acréscimo do primeiro tempo, a bola bateu no braço de Rafaelle, que estava em um movimento de recolher o braço, e a árbitra francesa marcou o pênalti. A jogadora japonesa Tanaka, ao realizar a cobrança, atrasou a bola para a goleira em uma penalidade mal executada e devagar, algo irônico em relação ao ritmo do jogo veloz proposto pelo Japão.

Print dos lances polêmicos: acima, no jogo de estreia do Brasil contra a Nigéria; abaixo, no jogo contra o Japão

O pênalti marcado em favor do Japão foi sobre circunstâncias semelhantes à partida brasileira anterior contra a Nigéria, em que não foi marcado a penalidade para o Brasil [Reprodução/Youtube @cazetv]

Os quases do Japão que viraram tudo  

No início do segundo tempo, o Brasil parecia ter solucionado alguns erros anteriores, como na saída de bola e passes, o que proporcionou um melhor controle da partida. Essa superioridade atingiu seu ápice aos 55’, quando Ludmila recebeu um passe vindo de Marta e passou para Jhennifer, que cravou o gol.

A atacante, que possui uma média de 20 gols por temporada, fez parte de uma das substituições de Arthur e entrou no lugar de Gabi Nunes, enquanto Ludmila, que havia entrado na posição de Priscilla, trouxe mais velocidade ao jogo. Essas mudanças fizeram com que o embate da seleção brasileira ganhasse mais dinâmica e rapidez para garantir uma maior qualidade no ataque.

Time do Japão comemorando gol contra o Brasil nas Olimpíadas de 2024, em Paris

Tamires, que é a principal cobradora de bolas paradas na seleção brasileira, foi desfalque na partida e sua ausência foi sentida, já que o Japão não é bom nesse tipo de defesa [Reprodução/Instagram: @japanfootballassociation]

O Japão não desanimou e tentou um ataque aos 67’, mas obteve como resposta um contra-ataque do Brasil, que estava pressionando mais e quase fez um gol a partir de um cruzamento. O problema começou quando houveram mais substituições do Brasil para tentar segurar um resultado tão perigoso e reversível quanto o 1 a 0. O nível da seleção brasileira decaiu e problemas com passes, além de saídas de bola, fizeram com que a seleção japonesa crescesse na metade final do segundo tempo.

Erros individuais, como uma falta cometida por Tarciane e o domínio de bola errada por Jheniffer, cederam muitas oportunidades para as adversárias também tentarem balançar as redes no estádio Parc des Princes e dominar mais o jogo. Toda essa pressão gerou ao Japão um segundo pênalti, que motivou controvérsias: a bola bateu no braço de apoio de Yasmin, que estava caindo no chão e, caso ela tirasse, teria caído de cara no chão. Apesar das raivas e especulações, fato é que a penalidade foi dada e, aos 92’, Kumagai balançou as redes.

Pouco tempo depois, aos 96’, um passe errado de Rafaelle para Ludmila, além do fato da Lorena estar adiantada em sua posição, fez com que Tanikawa cravasse a vitória japonesa em um gol de cobertura. No erro da seleção brasileira, as asiáticas viraram o jogo de maneira inadmissível e, em seu 200º jogo com a camisa brasileira, após ser substituída, Marta acompanhou do banco, de maneira inquieta e agonizante, essa derrota amarga

“Tudo o que importava para o Japão era vencer o jogo. Tiramos os olhos da bola e isso obviamente acabou nos custando caro”

 Marta

Jheniffer, do Brasil, em comemoração pelo seu gol feito no jogo contra o Japão, nas Olimpíadas de 2024, em Paris

Em 16 jogos entre Japão e Brasil, foram seis vitórias brasileiras, sete derrotas e três empates [Reprodução/Instagram: @sportv]

Apesar dos gols tomados, o placar teria sido maior caso o Brasil não contasse com a goleira Lorena, que realizou grandes defesas. A atleta de 1,83 metros é atenta e concentrada no jogo, sem ficar apenas parada na pequena área, mas também se movimenta e ajuda a antecipar e prever algumas jogadas. Para as próximas partidas, o paredão que Lorena faz no gol pode ajudar a defesa e garantir que o sonho brasileiro dure um pouco mais.

Agora, o destino do futebol feminino brasileiro nas Olimpíadas 2024 será definido na quarta-feira (31/07), em uma partida com alto nível de dificuldade, contra a Espanha — atual vencedora do mundo. Caso haja outra derrota, o caminho que as jogadoras percorrerão em busca da tão sonhada medalha de ouro será mais difícil e terá que contar com uma possível derrota da Nigéria para o Japão. 

Imagem de capa: [Reprodução/Instagram: @japanfootballassociation]

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