Por Matheus Ribeiro (matheus2004sa@usp.br)
Atuando juntas desde 2021, a sergipana Duda e a mineira Ana Patrícia foram duas das representantes do Brasil na modalidade feminina de vôlei de praia. Em sua trajetória, conquistaram não apenas as glórias do Olimpo, mas também os torcedores, esbanjando habilidade, recurso e carisma.
Fase de grupos
A melhor dupla do mundo — de acordo com o ranking oficial da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) — foi sorteada no grupo A, junto das egípcias Abdelhady e Elghobashy, das espanholas Liliana e Paula e das italianas Gottardi e Menegatti, também presentes na lista das dez melhores parcerias da modalidade.
O início da campanha olímpica de Duda e Ana foi marcado por uma série de resultados perfeitos: as brasileiras passaram pela primeira etapa com 100% de aproveitamento, sem perder um único set.
Nem mesmo no último confronto, contra as representantes da Itália — país com forte tradição no esporte — o desempenho das líderes mundiais sofreu com problemas. Desta forma, além de avançar de fase e assegurar o primeiro lugar no grupo, assim como uma das duplas masculinas, as brasileiras demonstraram que vieram para brigar pelo pódio.
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Eliminatórias
O cenário da fase de grupos se repetiu nas duas primeiras etapas do mata-mata olímpico. Tanto contra as japonesas Hasegawa Akiko e Ishii Miki, nas oitavas de final, e as letãs Graudina e Samoilova — outras fortes oponentes, as sétimas colocadas no ranking mundial —, nas quartas, as brasileiras triunfaram por 2 sets a 0 e sofreram pouco nos embates.
As complicações à dupla do Brasil surgiram na etapa seguinte. Depois do avanço tranquilo pelas quartas, a definição das próximas adversárias determinou as australianas Clancy e Mariafe, vice-campeãs em Tóquio e algozes das outras representantes brasileiras no torneio parisiense, Carol e Bárbara, como o desafio da vez para Duda e Ana Patrícia. O jogo iniciou com um primeiro set disputado ponto por ponto, o confronto mais equilibrado da trajetória até então. No final, as parceiras da Austrália conseguem assumir a liderança e definir a primeira parcial em 22 a 20.
A outra dupla brasileira também teve 100% de aproveitamento na fase de grupos [COB/Fotos públicas]
Após um primeiro revés, as brasileiras logo se recuperaram no segundo set, abrindo larga vantagem ainda no começo. Clancy e Mariafe até chegaram a se aproximar, mas logo viram as favoritas abrirem uma distância maior ainda, que se concretizou em 21 a 15 ao Brasil.
O primeiro tiebreak brasileiro na modalidade foi marcado por uma liderança australiana logo no começo, mas um rápido balanceamento das brasileiras, que mantiveram o equilíbrio até o fim, quando suas oponentes passaram a destoar em erros e possibilitaram que Duda e Ana terminassem o desempate em 15 a 12 e fossem à final.
A final
Marcadas pela ansiedade de finalizar um jejum histórico na modalidade e a alegria de terem garantido uma medalha olímpica, Duda e Ana Patrícia entraram em quadra contra as canadenses Melissa e Brandie para disputar o topo do pódio.
O primeiro set foi um esboço da superação que as brasileiras precisaram exercer: o início da disputa foi de domínio canadense, que chegaram a abrir um placar de 11 a 5. A dupla brasileira reagiu e equilibrou o confronto, conquistando a virada em 26 a 24.
O segundo set não foi bom para as nossas representantes. Duda e Ana Patrícia deixaram a ansiedade transparecer e cometeram diversos erros nessa etapa, o que permitiu que a dupla canadense dominasse essa parte do confronto, fechado em 21 a 12.
O set de definição do título foi tenso — com direito a bate-boca entre Patrícia e Brandie — mas equilibrado até a reta final. As brasileiras abriram vantagem e a mantiveram até o fim, fechando o placar em 15 a 10. Estava garantida a tão sonhada medalha de ouro ao Brasil no vôlei de praia.
Apesar do desentendimento, as atletas esclareceram, ao fim da partida, que não havia nenhuma mágoa entre elas [COB/Fotos públicas]
Imagem da capa: [COB/Fotos públicas]