Por Alex Teruel (alexteruel@usp.br)
Com a maior delegação entre os 21 países que disputam a medalha de ouro no surfe, os seis atletas que representam o Brasil nas Olimpíadas de Paris participaram da primeira rodada da competição nas ondas de Taiti, ilha da Polinésia Francesa.
A quase 16 mil quilômetros de distância da cidade sede das olimpíadas, Teahupo’o é uma das praias consideradas mais perigosas do mundo para a prática do surfe, devido a uma combinação de fatores naturais. Os principais aspectos que fazem esse lugar, especialmente propício para pontuação nos tubos, ser também perigoso são o tamanho das ondas — que podem atingir os 10 metros de altura — a força da correnteza e o recife de coral raso e afiado na região em que as ondas quebram. A dificuldade imposta por essas ondas têm levado muitos atletas a usarem capacetes durante a competição.
Baterias brasileiras do surfe masculino
O show brasileiro começou na terceira bateria, com a presença do bicampeão mundial Filipe Toledo. Dividindo o mar com o peruano Alonso Correa e o japonês Kanoa Igarashi, Toledo acabou com a segunda maior nota final, 7.63 pontos — uma pontuação menor, principalmente por não ter conseguido completar o tubo nas primeiras ondas que pegou. Correa, que não está na elite do circuito mundial de surfe, surpreendeu e levou a melhor no mar e no placar, com 14.33, enquanto Igarashi, medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio, acabou com apenas 4.17.
Apesar de não ter se classificado para a terceira etapa automaticamente, o brasileiro ainda passará pela repescagem, assim como todos os outros atletas que não ficaram em primeiro em suas respectivas baterias.
Gabriel Medina é o maior surfista brasileiro em número de títulos mundiais de surfe, tendo acumulado três deles e se consagrando como o primeiro brasileiro a vencer um mundial [Reprodução/Instagram: @timebrasil]
Na quarta bateria, Gabriel Medina conseguiu emplacar duas ondas excelentes em seguida, marcando 13.50 pontos e colocando o brasileiro já nas oitavas da competição. Com essa nota, Medina conquistou a maior pontuação brasileira na modalidade no dia. O japonês Connor O’Leary e o salvadorenho Brian Perez ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.
João Chianca também brilhou na quinta bateria, se classificando junto ao Medina para a terceira rodada. Com uma pontuação mais apertada, o segundo lugar ocupado pelo marroquino Ramzi Boukhiam ficou a apenas 31 décimos de tomar o lugar do brasileiro. Finalizando com a menor pontuação da bateria, o neozelandês Billy Stairmand também participará da repescagem na segunda rodada da competição, em um confronto contra Filipe Toledo.
Baterias brasileiras do surfe feminino
A primeira rodada do surfe feminino teve em sua quarta bateria a brasileira Tatiana Weston-Webb, contra a australiana Molly Picklum e a estadunidense Caitlin Simmers, vencedora do último Mundial de Surfe feminino. Por volta dos dez minutos finais da bateria, Tati surfou uma onda longa que a levou até a parte mais rasa do mar e firmou seu primeiro lugar, ultrapassando Picklum. Apesar dessa onda e de uma nota impressionante, nos cinco minutos finais a estadunidense retomou a primeira colocação na bateria e jogou a brasileira para a repescagem.
Tatiana, que atualmente ocupa a sétima posição no Mundial de Surf, é destaque para o Time Brasil na modalidade [Reprodução/Instagram: @timebrasil]
A sexta bateria, que contava com as brasileiras Luana Silva e Tainá Hinckel, teve uma pontuação menor para todas as surfistas, já que as ondas não estavam favorecendo para melhores desempenhos. Ainda assim, a alemã Camilla Kemp, que dividia o mar com as atletas, ficou em último lugar na bateria, com Luana se classificando para a terceira rodada.
Outros destaques
John John Florence, bicampeão mundial, venceu sua bateria com a maior nota do dia, 17.33, contra Andy Cleland Quinonez e Andy Criere. Griffin Colapinto e Ethan Ewing, também favoritos, conseguiram passar sem grandes problemas para a terceira rodada. A surpresa foi com o australiano Jack Robinson, também favorito ao título, que perdeu em sua estreia para o francês Joan Duru por uma diferença de 48 décimos.
No lado feminino, Caroline Marks, campeã do mundial de 2023, e Carissa Moore, medalhista de ouro na primeira edição do surfe nas olimpíadas de Tóquio 2020, também se classificaram para a terceira rodada. A surfista francesa Johanne Defay sofreu um pequeno acidente nas águas durante a quinta bateria, caindo de cabeça nos corais. A atleta teve apenas um corte superficial na testa, foi resgatada e voltou de capacete para a bateria, na qual acabou em segundo lugar.
Foto de capa: [Reprodução/Instagram: @timebrasil]