Por Louisa Harryman (louisacoelho@usp.br)
Neste domingo (7), no segundo dia do 9° Festival piauí de Jornalismo, os apresentadores do podcast Foro de Teresina se reuniram na Cinemateca Brasileira para gravar, ao vivo, a próxima conversa que irá ao ar. A produção da revista piauí, em parceria com a Rádio Novelo, lança episódios semanais com debates e análises sobre política brasileira e mundial.
O trio Fernando de Barros e Silva, Ana Clara Costa e Celso Rocha de Barros discutiu, entre outros temas, sobre a primeira semana do julgamento de Bolsonaro e o que podemos esperar nos próximos dias, possíveis nomes para presidência em 2026 e as coligações dos partidos do “centrão” para emplacar a eleição de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo.
Julgamento do golpe
O assunto mais recorrente no episódio foi a primeira parte do julgamento da trama golpista, que tem como réus Jair Bolsonaro e outros sete aliados. Na análise de Fernando, “a única instituição estatal do Brasil que funcionou para segurar o golpismo de Bolsonaro foi o Supremo Tribunal Federal. E isso provou o acerto dos constituintes de 1988, quando fizeram um Supremo muito forte”.
Os apresentadores debateram sobre as previsões dos votos dos ministros da Primeira Turma do STF, que decidirão sobre a condenação dos réus durante esta semana. A dosimetria das penas, o possível “alívio” por parte do Luiz Fux e as divergências jurídicas do caso também foram temas analisados.
“É uma semana importantíssima na história da Nova República, talvez a mais importante desde a proclamação da constituinte de 88”, ressalta Fernando ao falar sobre os possíveis desdobramentos do julgamento e os reflexos na democracia.
Nomes para 2026 e anistia
Segundo os apresentadores, o pedido de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro foi usado pelo governador de São Paulo como forma de se popularizar entre os bolsonaristas e se consolidar como o candidato da direita à presidência. Ana Clara ressalta que houve uma mudança de Tarcísio em relação à maneira como aborda o tema da anistia nos últimos tempos, já que agora o político se posiciona de forma explícita contra o judiciário e abandona o discurso moderado.
Para Celso, o principal dilema é que, apesar de ser o candidato da elite, dificilmente a eleição de Tarcísio se viabiliza sem o apoio do seu padrinho político, Jair Bolsonaro, e por isso o seu discurso a favor da anistia torna-se crucial para ele se colocar na disputa. “A adesão do centrão ao projeto de anistia seria uma maneira de constranger e convencer o Bolsonaro a apoiar o Tarcísio à presidência”, completou.
Sobre a esquerda, os apresentadores analisam que o principal e único nome forte para 2026 é o do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o trio enxerga o posicionamento deste lado político como sendo “confortável” e não atribuindo à direita a possibilidade real de vitória nas próximas eleições.
Ana Clara, que esteve em Brasília nas últimas semanas, relatou que “eu tive uma temerosa impressão de que eles [PT] estão tranquilos demais com a reeleição. Com a força do discurso da soberania, com a confusão da direita e a expectativa que resultados das políticas desses dois anos os beneficiem no próximo ano de 2026”.

Escute os episódios do Foro de Teresina nas principais plataformas de áudio e no site da revista piauí para se atualizar sobre o cenário político nacional e mundial.
[Imagem de capa: Yasmin Constante/Jornalismo Júnior]







