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Dia 07 | 27ª Bienal do Livro de SP: por que buscar a leitura?

A Bienal completa uma semana de andamento e segue reunindo leitores de todos os tipos
A imagem mostra um dos estandes da Bienal do Livro com vários livros empilhados desorganizadamente
Por Enzo Campestrin (enzo.campestrin@usp.br) e Yasmin Constante (yasminconstante@usp.br)

O sétimo dia do evento contou com a presença de Iberê Thenório e Mariana Fulfaro do canal Manual do Mundo, além do grande público que aproveitou as ofertas para lotar os estandes promocionais. Confira mais detalhes da 27ª Bienal do Livro reunidos pela Jornalismo Júnior:

Descobrimento da Curiosidade

Um dos principais atrativos desta quinta-feira (12) foi a palestra “Manual do Mundo: Estimulando a curiosidade científica e o pensamento crítico”, apresentada pelos youtubers Iberê Thenório e Mari Fulfaro do canal Manual do Mundo, projeto criado pelos dois há 16 anos.

A conversa abordou o lançamento do novo livro organizado pela equipe do canal, a Enciclopédia Britânica para Curiosos (Editora Sextante, 2024), dividida em dois volumes. Mari faz referência às Barsas (enciclopédias brasileiras) dos anos 70 e 80 para explicar que o objetivo do livro seria reintroduzir este espaço de busca por conhecimentos gerais num encadernamento físico, já que os vídeos do canal nasceram com o propósito de ser uma fonte universal para consultas, como uma enciclopédia. Por contar com apenas dois volumes ao invés de 20, mais comum em livros desse tipo, o lançamento busca apresentar os assuntos, estimulando uma pesquisa autônoma do leitor por informações.

Os dois palestrantes falaram sobre as mudanças na literatura pela tecnologia e como ela se relaciona com a iniciativa de busca por conhecimento. Iberê comenta que a necessidade de curiosidade e de busca ativa por um assunto em uma enciclopédia se tornou obsoleta, pois hoje é possível que a informação chegue até as pessoas por meio de canais que elas já gostam, e somente após o contato, elas passam a se interessar pelo assunto. O youtuber completa, dizendo que “essa busca ativa, na verdade, é essencial para fixar o conteúdo aprendido”, o que também teria motivado a equipe do Manual do Mundo a desenvolver o livro.

No palco do evento estão sentados em poltronas Iberê, Mari e o mediador. No momento da foto, Iberê gesticula enquanto fala.
“A gente sente que nossa missão está cumprida se você aprendeu algo com os nossos vídeos”, conta Mari [Imagem: Enzo Campestrin/Acervo Pessoal]

Ao fim da palestra, os autores fizeram comentários acerca da questão climática de São Paulo, criticando os pensamentos simplistas sobre a questão e as soluções consideradas ineficazes, como o replantio de monoculturas. Segundo Iberê, existe a relação entre os produtos consumidos e a poluição, mas a associação não é tão óbvia quanto parece, exemplificando com o desmatamento para pastoreio bovino. “A Terra é um lugar muito, muito legal, e a gente tá desaprendendo a viver nela”, pontua.

Esculpindo Romances

Mediado por André Argolo com a presença da editora Rafaela Machado e os autores Eduardo Spohr e André Vianco, a conversa “Da página em branco à publicação — como idealizar, escrever e publicar seu romance” aconteceu no espaço Papo de Mercado MVB, que é dedicado a temas profissionais e focados no mundo literário. A palestra abordou temas como o processo de escrita, o papel dos editores e o objetivo de captar o interesse do leitor.

Na arena Papo de Mercado da Bienal do Livro, os apresentadores parecem engajadas em uma discussão. Em primeiro plano, há pessoas de costas assistindo a palestra,
Os autores contam com trilogias aclamadas pelo público, como a saga Vampiro-Rei (Novo-Século, 2005), de Vianca e Filhos do Éden (Versus, 2011-2015), de Spohr [Imagem: Enzo Campestrin/Acervo Pessoal]

O assunto em foco foi o processo de criação, escrita e reescrita até a publicação do livro. Os autores e a editora deixaram claro como as ações acontecem em conjunto, com trocas entre os profissionais com um só objetivo: prender a atenção do leitor. André Vianco, autor de Os Sete (Novo Século, 1999) destaca que para ele o momento mais opressor da escrita é a página em branco. Começar a escrever pode ser amedrontador, mas ele revela que o que o ajuda é enxergar pelos olhos do leitor. “Quero que naveguem nessa história comigo”, diz o autor que ainda menciona sua preocupação com a fluidez de suas obras. Spohr finaliza o tema, afirmando que enxerga a escrita como uma estátua sendo esculpida: o primeiro original serviria como a forma-base da pedra, e as diferentes reescritas como ferramentas menores para lapidar o formato bruto.

“Terminei de criar, escrevi. Agora eu vou deixar esse texto insuportavelmente sedutor e magnético. Cada página tem que te agarrar de um jeito irreversível.”

André Vianca


Durante o bate-papo, também foi exposta a opinião dos palestrantes sobre a adaptação do mundo literário à era digital. Rafaela relata que não se desconecta totalmente das redes sociais durante o processo de edição. Ela entende que profissionais da área não podem “viver em uma caverna”, uma vez que o público usa as redes para reagir e divulgar as publicações. André complementa dizendo que os autores precisam ter ciência da questão da internet, para que os leitores “fiquem nas páginas com a mesma voracidade que ficam nos reels”.

Leitura à preços acessíveis

Grande estande da Bienal do Livro que exibe em sua placa "qualquer livro R$15"
A Promo Livros traz mais de 3 mil títulos para eventos como a Bienal, segundo seu gerente de eventos [Imagem: Yasmin Constante/Acervo Pessoal]

Para alguns, ir à Bienal pode significar completar a lista de desejo de leituras, mas os livros oferecidos nos diversos estandes estão realmente tão acessíveis assim? Para Mirleyane, visitante entrevistada pela Jornalismo Júnior, é preciso vasculhar os estandes das editoras, que por vezes apresentam preços mais elevados do que em livrarias ou lojas online. Segundo ela, o maior atrativo para quem compra são os estandes da Promo Livros, que conta com exemplares variados ao preço fixo de 15 reais.

O Sala 33 conversou com o gerente de eventos da Promo Livros Cristian Mendes da Costa, que contou que a ideia do grupo é levar literatura de qualidade a preços democráticos. “A gente quer trazer esse público que não frequenta livrarias, muitas vezes por conta de preços punitivos, para ter acesso à leitura”, afirma. Com livros na feira que chegam a ultrapassar o valor de 100 reais, Cristian diz que o grupo não busca competir com livrarias, mas sim atingir um público que vai além desse tipo de loja.

País convidado: Colômbia

De um lado as paredes que abem a exposição, que contém citações e designs com nome do país, do outro pessoas sentadas nos banquinhos perto da mostra
A escolha da Bienal deste ano visa expressar a variedade cultural rica da América Latina [Imagem: Yasmin Constante/Acervo Pessoal]

O país convidado de honra escolhido desta edição é a Colômbia, apresentando a exposição A árvore que devorou um mundo, em homenagem aos cem anos do livro A Voragem (Cromos, 1924), obra colombiana de grande destaque. Em uma área de 300m², o espaço possui ambientes culturais, de lazer e de comércio. 

Em entrevista à Jornalismo Júnior, a produtora do estande e da delegação Paula Londoño conta que o convite para a produção chegou através do ministério de cultura da Colômbia. Segundo ela, é muito importante para o país receber essa homenagem, que comemora o centenário de A Voragem. O livro abordado trata de temas ainda atuais, como a exploração da borracha, a escravidão, a mobilidade e a Amazônia.

O objetivo do estande é a divulgação do livro e da livraria com mais de mil títulos de editoras independentes, inclusive infantis. Paula enfatiza que o Brasil é um centro cultural muito importante e é essencial para a Colômbia aproveitar esse holofote para divulgar sua língua, literatura e escritores.

*Imagem de Capa: Yasmin Constante/Arquivo Pessoal

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