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Raio X: Os países africanos na Copa de 2018

Por Karina Merli A Copa de 1982, na Espanha, foi a última vez que o continente africano não teve um representante nas oitavas de final. De lá para cá, o êxito não foi o título, mas as quartas de final, e apenas três seleções o obtiveram: Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010). No entanto, neste …

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Por Karina Merli

A Copa de 1982, na Espanha, foi a última vez que o continente africano não teve um representante nas oitavas de final. De lá para cá, o êxito não foi o título, mas as quartas de final, e apenas três seleções o obtiveram: Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010). No entanto, neste ano, Tunísia, Nigéria, Marrocos, Egito e Senegal ficaram de fora da Copa da Rússia, após a fase de grupos.

Os desempenhos na Copa

Egito

Treinado pelo argentino Héctor Cúper, a defesa sólida e as vitórias magras eram marcas que o Egito levava para a sua primeira partida da Copa 2018, contra o Uruguai. Havia grande expectativa sobre a possibilidade de Salah jogar, já que o jogador havia lesionado o ombro na final da Champions League. Com bastante sufoco, o time sul-americano venceu os africanos por 1 a 0. Salah acabou assistindo tudo do banco de reservas, enquanto o seu companheiro, El Shenawy, salvava tudo que podia e não podia no gol do Egito.

Salah acompanha a partida entre Egito e Uruguai (Imagem: Reuters)

Pela segunda rodada do grupo A, o Egito tinha a chance de reverter o placar negativo do primeiro jogo. Mas a Rússia manteve o tabu, continuou invicta perante adversários africanos. Com o placar de 3 a 1, os Faraós passaram a ver a chance da classificação para as oitavas mais longe. Muito marcado, Salah não teve a atuação principal neste espetáculo, mas foi quem deu à seleção o gol de honra, em cobrança de pênalti, no segundo tempo.

No último jogo, contra a Arábia Saudita, a seleção egípcia entrou em campo para cumprir tabela. Com a vitória do Uruguai sobre a sua atual adversária, as chances de ir às oitavas tornaram-se remotas. Acabou enfrentando a sua terceira derrota consecutiva, de virada, por 2 a 1.

Tunísia

O desafio que a Tunísia possuía foi fragilizado diante de um grupo com seleções fortes e que foram às semifinais da Copa – Inglaterra e Bélgica. A estreia foi contra a seleção inglesa, que, apesar da dificuldade, conseguiu vencer a Tunísia por 2 a 1. O mérito ficou para a defesa africana que soube conter o potente ataque inglês. Com o empate até nos acréscimos, a seleção tinha como proposta o contra-ataque. No entanto, a postura não foi suficiente para levar o placar favorável até o final.

Pela segunda rodada do grupo G, o adversário foi a Bélgica. A mesma defesa que contra a Inglaterra foi um entrave diante da Bélgica mostrava-se confusa e frágil, o que foi suficiente para a seleção europeia golear a Tunísia por 5 a 2. No segundo tempo, tentando reverter o placar de 3 a 1 da primeira etapa, os espaços aumentaram e o prejuízo também.

O jogo que podia aliviar a Copa desta seleção era contra o Panamá, seleção que teve a sua primeira participação no Mundial e havia sido goleada por Bélgica e Inglaterra. De virada, a Tunísia conseguiu conquistar a sua primeira vitória em Copas do Mundo, após 40 anos de jejum. Ben Youssef e Khazri foram os salvadores tunisianos. O desafio que carregava, antes do início deste torneio, foi conquistado. Enfim, um reencontro com a vitória.

Marrocos

A história desta seleção em Copas do Mundo é breve. Em 1970, tornou-se a segunda seleção africana a participar do Mundial – a primeira foi o Egito. Ao todo, somou cinco participações, incluindo a deste ano. Aguardou 20 anos para voltar, mas, assim como a maioria de suas conterrâneas deste torneio, a seleção do Marrocos caiu em um grupo forte, em que a classificação seria heroica. Estreou contra o Irã e teve a infelicidade de ceder a vitória ao adversário, no final do jogo, com um gol contra. O placar final foi 1 a 0 para o Irã.

Apesar disso, a seleção marroquina mantinha-se firme, já que Portugal e Espanha tinham empatado na estreia. Porém, elas foram as suas respectivas adversárias. Em seu segundo jogo pelo Mundial, o Marrocos enfrentou a máquina chamada Cristiano Ronaldo. Ainda assim, a seleção africana ofertou grande sufoco aos portugueses, mesmo tomando um gol aos 4 minutos de bola rolando. Em suma, Ronaldo e Rui Patrício foram os salvadores da vitória de 1 a 0 e Marrocos amargou mais uma derrota.

Por fim, o último duelo, já sem esperanças de uma classificação, era contra a Espanha. O cenário pouco favorável, no entanto, não foi o bastante para deixar a partida mais fácil para os espanhóis. Estes tiveram que buscar formas de furar o bloqueio marroquino, em sua defesa. Com um bom cruzamento e uma bobeira da zaga espanhola, o Marrocos fez dois gols sobre a Espanha, que retribuiu da mesma forma. E, assim, a seleção do norte africano despediu-se de cabeça erguida da Copa 2018.

Nigéria

A seleção no período das Eliminatórias era considerada uma das maiores forças africanas. No entanto, o fato de ter caído em um grupo de seleções fortes, vide Argentina e Croácia, além da revelação das Eliminatórias Europeias, Islândia, prejudicou os planos da Nigéria de passar para o mata-mata. Ainda assim, no último jogo, havia essa possibilidade.

A Nigéria fez sua estreia diante da Croácia. Esta, sem grande resistência, venceu por 2 a 0. Após um primeiro tempo de domínio croata, os Águias Verdes buscaram mais o jogo na segunda etapa. No entanto, o pênalti provocado pelo zagueiro Troost-Ekong inibiu a possibilidade de um empate. A segunda partida era uma boa oportunidade de deixar a derrota para trás. No estádio de Volgogrado, enfrentou a Islândia e venceu por 2 a 0, sendo Ahmed Musa o autor dos dois gols.

No último jogo, bastava uma vitória para a Nigéria se classificar. Diante da Argentina, no entanto, a tarefa tornava-se mais difícil. A partida foi bastante equilibrada e o empate até os 41 minutos do segundo tempo representava isso. Mas Rojo arruinou, definitivamente, o sonho da classificação nigeriana.

Odion Ighalo chora, após eliminação da Copa (Imagem: Toru Hanai/Reuters)

Senegal

A expectativa era de uma classificação para as quartas, diante de um grupo razoável e do bom futebol apresentado pelo Senegal ao longo das Eliminatórias. Das cinco seleções africanas, ela foi a primeira a conquistar a vitória. Na sua estreia pelo grupo H, contra a Polônia, o placar foi de 2 a 1. A excelente marcação senegalesa foi fundamental para a vitória, já que nem mesmo o astro polonês Lewandowski conseguiu passar por ela.

A seleção senegalesa chegava ao seu segundo jogo com grande confiança. Da mesma forma, os japoneses. O resultado final foi um empate de 2 a 2, em que a seleção oriental correu atrás do placar nas duas ocasiões. Assim, ambos empatavam em quase tudo, exceto nos cartões amarelos. Algo que determinou a classificação das seleções até o final da fase de grupos. Vale destacar os gols senegaleses: o primeiro foi de Mané – astro do Liverpool – e o segundo gol foi de Wagué, tornando-se o jogador africano mais jovem a marcar numa Copa do Mundo, com 19 anos e oito meses.

No terceiro jogo da fase de grupos, a seleção tinha chances de se classificar. Porém, elas se foram por questões de detalhes. Empatado com o Japão, o Senegal foi eliminado por questões disciplinares – dois cartões amarelos a mais que o adversário. A derrota contra os colombianos teve um gosto amargo de 1 a 0, mesmo com o bom desempenho da parte defensiva.

O que está dando errado?

O mais longe que uma seleção africana conseguiu chegar, em uma Copa do Mundo, conforme supracitado na introdução desta matéria, foi às quartas-de-final. Nessas oportunidades, todos os técnicos eram europeus: o russo Valeriy Nepomniachiy (Camarões); o francês Bruno Metsu (Senegal) e o sérvio Milovan Rajevac (Gana).

Neste ano, o torneio contou com apenas dois técnicos africanos: Aliou Cissé (Senegal) e Nabil Maaloul (Tunísia), sendo Cissé o único negro e com a menor remuneração do Mundial (200 mil euros anuais – o equivalente ao que ganha um técnico da série B, no Brasil). Além disso, ele foi o técnico mais novo da Copa.

Mesmo com a ascensão de seus jogadores, como Drogba, Eto’o, Okocha e Weah, é nítida a tímida participação de negros no comando das seleções africanas, que acabam sendo treinadas, em sua maioria, por homens brancos e europeus. A justificativa para isso é bastante clichê: alega-se que o continente não é uma potência futebolística, dessa forma, precisa buscar reforços em outro que seja referência, vide a América ou a Europa. Para Marcel Diego Tonini, doutor em História Social pela USP e cientista social da UNESP, ela seria válida somente até os anos 80.

Em uma análise mais aprofundada, nota-se que o passado como colônias europeias influencia, significativamente, este cenário, conforme explica o historiador: “Com o aumento do movimento de futebolistas africanos em direção à Europa, na era do futebol comercial, esperava-se que eles tivessem oportunidades ao retornar para seus países de origem ao término das carreiras. No entanto, o que se viu e o que se vê é a manutenção desse cargo nas mãos de brancos europeus, tenham eles sido jogadores ou não. Dessa maneira, o argumento que defende que aos africanos falta conhecimento técnico e tático do futebol perde sentido à medida que aumenta o universo de ex-atletas que tiveram toda uma formação na Europa.”

“Se somente os europeus são vistos como capazes de desenvolver o futebol africano, isso significa que se mantém o ideário racista e colonial de que os brancos têm capacidade intelectual, cabendo-lhes posições de mando, e os negros, física, competindo-lhes a obediência.” Acrescenta o cientista.

É evidente que o cenário do futebol africano só mudará se houver oportunidades. Algo que os técnicos africanos não recebem, mesmo realizando um bom trabalho com as categorias de base, o que a população considera como o “fardo do homem branco”, já que o futebol local não progride, como o UOL trouxe à tona na reportagem “Primeira vitória africana na Copa-2018 vem de seu único técnico negro”.

Na óptica de Stephen Keshi (ex-treinador da Nigéria), de acordo com esta matéria, o que motiva um branco a treinar no continente africano é o dinheiro. Ademais, nada do que um europeu ou um americano faça por lá é superior ao trabalho por eles desenvolvido. Somando-se a isso, as federações são mais tolerantes com as falhas desses estrangeiros, enquanto com os nativos há uma cobrança irrisória.

Stephen Keshi orientando a seleção nigeriana, na Copa 2014, contra a Argentina (Imagem: AFP/Jewel Samad)

Em entrevista concedida por Tonini ao Nexo, ele afirma que o racismo no futebol é apenas reprodução da sociedade em que vivemos, o que afasta o negro de cargos de gestão. Assim como ele, Piara Powar, chefe da Football Against Racism (Futebol Contra o Racismo), em entrevista para a BBC, considera que o negro não é considerado apto para exercer cargos de liderança no futebol, mas apenas para receber ordens. Justamente, pelos persistentes estereótipos que lhe cercam, de que é descomprometido, malandro e preguiçoso.

A prova disso é que, mesmo a maioria dos jogadores de futebol sendo negros, pouquíssimos conquistam os altos cargos do futebol.

Outra questão que prejudica o progresso do esporte no continente é a falta de profissionalização. Apesar da existência de instituições, quem coordena o futebol local se deixa levar pela vaidade do poder, ao ponto de, em alguns casos, atrasar pagamentos. Foi o caso recente da seleção da Nigéria. Em 2014, a Federação Nigeriana de Futebol (NFF) atrasou os bônus dos atletas, o que os motivou a recusar jogar um amistoso contra a França. Situações semelhantes também ocorreram com Gana e Camarões, em períodos próximos.

Um ano antes (2013), a Trivela havia feito uma reportagem sobres os recentes escândalos de corrupção e os percalços por conta da má gestão, que atrapalhavam o progresso do futebol deste enorme continente. “O problema do futebol africano não é a estrutura. É o poder”, comentou sobre a eleição de Iya Mohammed como presidente da Federação de Futebol de Camarões (Fecafoot), mesmo estando preso. Posteriormente, esta mesma eleição foi cancelada, justamente pelas acusações de desvio de dinheiro sobre Mohammed, que, aliás, estava no poder já havia dez anos.

O cenário agravou-se mediante tamanha confusão. O candidato da oposição, John Begheni Ndeh, se autoelegeu com o respaldo de nada mais do que a polícia camaronesa. No entender da Fifa, tratava-se de uma intervenção política e, enquanto não fosse estabelecido um comitê com os seus membros e os da Confederação Africana de Futebol (CAF) (para rever o estatuto da Federação de Futebol de Camarões e convocar novas eleições), o país ficaria impedido de realizar qualquer partida oficial, seja da seleção ou de times locais.

A matéria também falou das questões de Uganda. Para o Ministério de Educação e Esportes, a Federação do país era uma entidade privada, algo que contrariava as leis locais. Mas enquanto o estatuto da Federação de Futebol de Uganda (FUFA) não fosse esclarecido, a FIFA se recusaria a debater, novamente, o assunto e poderia punir Uganda, caso a situação continuasse. A poderosa entidade também havia cortado os repasses para o Gabão, já que a Federação Gabonesa de Futebol (Fegafoot) apresentava um déficit de 100 mil dólares, sob fortes suspeitas de desvios entre os dirigentes.

Na óptica de Tonini, a solução para erradicar o problema é complexa. “Dirigentes africanos, assim como sul-americanos e europeus, não são nada amadores em matéria de corrupção. Neste século, inúmeros foram aqueles com cargos nas federações nacionais, na CAF ou na Fifa envolvidos em escândalos no futebol, entre eles: Amos Adamu (Nigéria), Constant Omari (Congo), Danny Jordaan (África do Sul), Kalusha Bwalya (Zâmbia), Kwesi Nyantakyi (Gana). Muitos outros foram suspensos ou banidos pela própria FIFA, a qual por sua vez já foi acusada de corromper dezenas de presidentes de federações africanas de futebol em troca de votos, algo que veio à tona na primeira eleição do suíço Joseph Blatter para presidente da entidade máxima.”

A incompetência também é um ponto nevrálgico dessa problemática. A Trivela destacou como diversas seleções africanas perderam pontos nas Eliminatórias para a Copa de 2014, por escalarem atletas de forma irregular, inclusive em casos de suspensão por cartões amarelos. Ademais, falta planejamento e continuidade dos trabalhos dentro das seleções africanas. Tudo isso acaba desmotivando os atletas, que temem até mesmo perder os contratos com seus clubes, já que a Copa Africana ocorre a cada dois anos. Indo na contramão da Eurocopa e da Copa América, por exemplo.

Tonini, assim como jogadores e ex-jogadores africanos, acredita que a saída cada vez mais precoce dos atletas também precariza o futebol local. “A questão da identidade é problemática para a África e a América do Sul à medida que o futebol tem se tornado cada vez mais um negócio global. Com a saída em massa e cada vez mais precoce dos atletas, enfraquece-se o futebol local e faz com que os torcedores tenham um interesse crescente pelos clubes europeus em detrimento dos locais. A mídia esportiva, por sua vez, destina um espaço cada vez maior às ligas e agremiações europeias.”

Ele também comenta sobre as academias informais de futebol, que se revelam um grande problema para o futebol africano. “Existem centenas delas espalhadas pelos mais diversos países africanos. Elas expõem os jovens jogadores à ganância de agentes não certificados, os quais são capazes de convencê-los a assinar contratos de exploração a preços baixos. Das academias existentes, essas são as mais perigosas para os jovens jogadores exatamente porque são desregulamentadas, subdesenvolvidas e altamente suscetíveis a abusos. Não se pode permitir que essas academias informais continuem existindo e organizando torneios para mostrar e barganhar talentos junto a treinadores, olheiros e agentes.”

E alerta: “Aqueles países que não criarem condições legais e econômicas de conter ao máximo a saída de seus jovens talentos ficarão à mercê do capital internacional. Esse é o drama vivido pela América do Sul e, sobretudo, pela África.”

Os destaques, o legado e a solução

Mas nenhum episódio possui só o lado negativo. Aliou Cissé, por exemplo, conseguiu superar a tragédia de um naufrágio em seu país, que matou onze pessoas de sua família. Para isso, se dedicou ao futebol e homenageou as vítimas da tragédia, com um jogo de caridade entre Senegal e Nigéria. Além disso, o senegalês é uma exceção entre os ex-jogadores africanos. Depois de disputar a última Copa, em que seu país marcou presença, em 2002, como jogador, neste ano, ele teve tal oportunidade ocupando o cargo de técnico.

Na concepção de Tonini, a repercussão de Cissé, na mídia, é positiva e pode abrir caminho para outros profissionais negros no futebol. “[Ele] provou o que deveria ser óbvio, que qualquer negro pode ser capaz de comandar uma equipe de trabalho, fazer-se respeitar frente aos dirigentes, relacionar-se satisfatoriamente com a imprensa e, é claro, ser um bom estrategista. Certamente, ele encorajou outros ex-jogadores negros a buscarem a carreira de treinador.” O técnico senegalês comanda a seleção desde 2015.

Cissé comemora a vitória sobre a Polônia (Imagem: Carl Recine/Reuters)

Além disso, na edição de 2026, o continente africano terá nove seleções disputando o título. O aumento é consequência da nova política adotada pela Fifa, a qual englobará no campeonato 44 seleções.

No que tange a combater o racismo e a permitir com que mais negros possam assumir cargos de liderança, para o historiador, a educação é a peça-chave. “[O] investimento na educação sempre foi visto como forma de romper e desconstruir tais discursos seculares, ainda que a longo prazo. A adoção de políticas de ação afirmativa, determinadas por lei, é uma ótima medida para abreviar o tempo desse necessário progresso a fim de combater desigualdades históricas, com propósitos compensatórios. Conforme mais negros tenham oportunidades iguais de formação, maiores as chances de eles chegarem aos cargos mais altos no mercado de trabalho, independentemente da área de atuação.”

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