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Retrospectiva 2016: um ano atípico

Por Diogo Magri e Marina Caporrino Quando é preciso escolher critérios para torcer por alguém em uma decisão de um esporte, é comum que a opção seja pelo mais fraco, o mais surpreendente ou o que está a mais tempo sem ganhar. Se você preferiu pensar dessa forma em 2016, foi bem feliz. Tivemos neste …

Retrospectiva 2016: um ano atípico Leia mais »

Por Diogo Magri e Marina Caporrino

Quando é preciso escolher critérios para torcer por alguém em uma decisão de um esporte, é comum que a opção seja pelo mais fraco, o mais surpreendente ou o que está a mais tempo sem ganhar. Se você preferiu pensar dessa forma em 2016, foi bem feliz. Tivemos neste ano surpresas e tabus quebrados como não acontecia há anos. Os casos mais marcantes da temporada esportiva você vê abaixo.

Leicester City na Premier League

(Foto: Independent)
(Foto: Independent)

No futebol, zebras são mais raras em campeonatos por pontos corridos do que em mata-matas. No caso da Premier League, sempre dominada pelas potências europeias Arsenal, Chelsea, Manchester United e, mais recentemente, Manchester City, os azarões têm ainda menos chances. Porém, na temporada passada, o Leicester conseguiu o feito que parecia impossível. A enorme conquista foi o primeiro tabu quebrado no marcante ano de 2016.

O título veio no dia 2 de maio, após o Tottenham, segundo colocado, não conseguir vencer o Chelsea em Londres. O time do dinamarquês Kasper Schmeichel, do francês N’Golo Kanté, do inglês Jamie Vardy, do melhor jogador da temporada, o argelino Riyad Mahrez, e do treinador italiano Claudio Ranieri, consumou o conto de fadas com duas rodadas de antecedência.

Foram 38 jogos, 23 vitórias, 12 empates e 3 derrotas. 68 gols a favor e 36 contra. Uma campanha que, além de inesperada, foi impecável. O último clube a ganhar uma Premier League, se não contarmos os quatro já citados, havia sido o Blackburn Rovers, em 1994-95.

Cleveland Cavaliers na NBA

(Foto: ABC News)
(Foto: ABC News)

A cidade de Cleveland, situada no estado de Ohio, passava por uma longa e difícil fase no esporte. A última vez que um time da cidade foi campeão de alguma das principais ligas esportivas nem existia ainda o Super Bowl: já fazia 52 anos desde a vitória dos Browns na NFL. Porém, com o avançar da temporada 2015/2016 da NBA e a ótima campanha do Cleveland Cavaliers, os moradores da cidade recuperaram as esperanças em vê-la campeã.

Apesar da demissão do técnico David Blatt em janeiro e da transferência do brasileiro Anderson Varejão, um dos ídolos do time, para o Golden State Warriors em fevereiro, os Cavs mantiveram o foco e fecharam a temporada regular com 57 vitórias e 25 derrotas, a melhor campanha da Conferência Leste. Nos playoffs, o time passou por cima do Detroit Pistons e pelo Atlanta Hawks, mas sofreu um pouco contra o Toronto Raptors.

Do outro lado, o sólido time de São Francisco, Golden State Warriors, começava a representar uma ameaça à quebra do tabu de 52 anos de Cleveland. O Golden State terminou a temporada regular com 73 vitórias e apenas 9 derrotas (melhor campanha da história na temporada regular), passando com facilidade também pelos playoffs. O título, então, ia ser decidido entre os dois.

Após um início problemático para o time de Cleveland, no qual o Warriors abriram 3 a 1 e começaram o primeiro quarto do quinto jogo ganhando, os Cavs acordaram para uma reação impressionante. Foram duas vitórias seguidas, que forçaram a decisão para o sétimo e último jogo da final. Um jogo emocionante do início ao fim, que aos 54 segundos do último quarto estava empatado em 89-89. Após um desempenho impecável do MVP das finais, LeBron James, o Cleveland Cavaliers quebrou o jejum de 52 anos sem títulos para a cidade e impressionou os que apostavam no Golden State.

Seleção Portuguesa na Eurocopa

(Foto: Sputnik Brasil)
(Foto: Sputnik Brasil)

Na Euro 2016, que aconteceu na França, tivemos outra surpresa. Após um início pacato, no qual quase foi eliminada na primeira fase, a Seleção de Portugal foi avançando na competição desacreditada por muitos. Nos dois primeiros jogos, contra Islândia e Áustria, a Lusa, com um desempenho inexpressivo de seu principal craque, Cristiano Ronaldo, conseguiu apenas empates. Com esses resultados, o time não poderia perder para a Hungria, ou estaria eliminado.

Após ver a Hungria sair na frente do placar três vezes, a Seleção Portuguesa precisou batalhar para garantir pelo menos o empate, e  foi o que aconteceu. Com dois gols de Cristiano Ronaldo e um de Nani, a Lusa se classificou com três suados pontos. Já nas oitavas, o time enfrentou a Croácia num jogo que só teve gol na prorrogação, levando a uma vitória apertada dos portugueses. Nas quartas, a equipe levou um susto tomando um gol da Polônia logo no primeiro minuto, mas conseguiu o empate que arrastou o jogo até a prorrogação e aos pênaltis, nos quais os portugueses levaram a melhor: 5×3. Já na semi, a Seleção Portuguesa conseguiu a primeira vitória sem sofrimento e em tempo normal, contra o País de Gales, que acabou 2×0.

A final, então, seria disputada entre a anfitriã e favorita absoluta França e o então desacreditado Portugal. A França obteve uma campanha bem mais expressiva: foram duas vitórias e um empate na fase de grupos, vitória por 2×1 sobre a Irlanda nas oitavas, 5×2 em cima da Islândia nas quartas e 2×0 em cima da atual campeã do mundo, Alemanha, na semi.

Logo aos 25 minutos do primeiro tempo, Cristiano Ronaldo se machucou e teve que deixar, em prantos, a partida. Esse fato era potencial para desestabilizar os jogadores portugueses, porém, não fez com que a seleção lusitana perdesse a garra. O jogo permaneceu empatado, apesar da soberania francesa, e foi para a prorrogação, na qual Éder marcou o gol que deu o título inédito para Portugal (o mais importante da história da Seleção). A França, boquiaberta, assistiu  algo semelhante ao que aconteceu com a própria equipe portuguesa em 2004: perder o título em casa, sendo a favorita.

Thiago Braz, ouro no salto com vara

 (Foto: Olympic.org)
(Foto: Olympic.org)

Já no Rio de Janeiro, nos Jogos Olímpicos, o Brasil, apesar de não ficar entre os 10 primeiros colocados no quadro de medalhas, teve conquistas importantes e inéditas. No atletismo, o Brasil descobria um jovem que poucos brasileiros ouviram falar até então, mas que já era o melhor saltador com vara da América Latina. Thiago Braz encarou um Estádio Olímpico lotado, o nervosismo e o, até então, campeão olímpico na categoria e recordista mundial, o francês Renaud Lavillenie.

Na disputa entre os dois, a prata já estava garantida. Mas o brasileiro queria mais. Após o francês passar por 5m98cm, enquanto Thiago não conseguiu, a decisão ficou para o último salto. Com muita audácia, o brasileiro de 22 anos decidiu enfrentar o salto mais alto da sua carreira: 6m03cm. E então, empurrado pela torcida, ele realizou o salto e estabeleceu um novo recorde olímpico, não alcançado pelo francês, que, em sua última tentativa, tentou a marca de 6m08cm, falhando. Assim, Thiago foi ouro e Renaud, prata, além de se envolver em uma polêmica com a torcida brasileira.

Robson Conceição, ouro no boxe

(Foto: O Dia)
(Foto: O Dia)

Assim como o salto com vara, o boxe brasileiro nunca havia ganho uma medalha de ouro em Olimpíadas. Porém, ao contrário do esporte de Thiago Braz, o pugilismo nacional tem certa tradição, com nomes como Eder Jofre e Popó, além de ter saído de Londres 2012 com duas medalhas de bronze e uma de prata. Coube ao baiano Robson Conceição, de 28 anos, acabar com esse tabu e alcançar a glória que o esporte brasileiro tanto merecia.

No dia 16 de agosto, Robson derrotou o francês Soufiane Oumiha na categoria dos pesos-leves, até 60 quilos, por decisão unânime dos jurados (30-27, 29-28 e 29-28). Antes, havia vencido Anvar Yunusov, Hurshid Tojibaev e Lazaro Alvarez. A medalha do pugilista foi a 3ª de ouro para o Brasil no Rio de Janeiro.

Seleção Brasileira, ouro no futebol masculino

(Foto: ESPN Brasil)
(Foto: ESPN Brasil)

A Seleção Brasileira é, até hoje, considerada uma das melhores do mundo, com cinco Copas do Mundo e inúmeros craques que por ela já passaram. Mas faltava uma glória ainda não obtida: o ouro olímpico. Após tentativas frustradas, como as finais de 1984, 1988, 2012 e a derrota para a Nigéria em 1996, mesmo chegando a ganhar por 3×1, e com a falta de credibilidade que a Seleção enfrentava após o fatídico 7×1 na Copa de 2014, a Seleção Olímpica estava desacreditada.

E teve um começo nos Jogos que não empolgou o torcedor, passando por sufocos, como dois empates contra a Seleção Sul Africana e contra a Seleção Iraquiana, ainda na primeira fase. Porém, após esses dois primeiros jogos, a Seleção parece ter acordado: conseguiu uma vitória folgada em cima da Dinamarca por 4×0 na primeira fase, aplicou 2×0 em cima da Colômbia nas quartas e fez 6×0 em cima de Honduras na semi.

A final pareceu para muitos brasileiros uma grande ironia: contra ninguém menos que a Alemanha, algoz do Brasil em 2014. Era a oportunidade de lavar a alma do brasileiro ou afundar de vez a credibilidade da camisa canarinho. Foi um jogo difícil, com um gol para cada lado no tempo normal, o que forçou uma prorrogação dolorosa para o torcedor e para os jogadores, visivelmente cansados. A cada minuto que passava, o coração do torcedor ficava mais aflito. Mas o final que todos temiam foi inevitável: o campeão seria decidido nos pênaltis.

Os jogadores alemães e brasileiros, um a um, iam convertendo as penalidades. A conquista não foi simples, nem pouco sofrida, ficou para ser decidida na cobrança do último dos cinco pênaltis. Petersen, atacante alemão, mandou a última bola do time no canto direito e o goleiro brasileiro, Weverton, fez a defesa. O gol do título estava nos pés de ninguém menos que Neymar, tão criticado pelos brasileiros, que garantiu o ouro para o Brasil e ainda parafraseou Zagallo: “E agora, faz o quê? Vão ter que me engolir!”

Chicago Cubs na MLB

(Foto: Facebook Chicago Cubs)
(Foto: Facebook Chicago Cubs)

Em 1945, um grego chamado Billy Sianis, imigrante de Chicago, foi acompanhar o jogo quatro da World Series, a final da liga de beisebol americana (Major League Baseball, a MLB), disputado entre Detroit Tigers e Chicago Cubs. O homem, conhecido pelo seu estabelecimento, a Billy Goat Tavern, comprou um ingresso a mais e levou sua cabra de estimação para acompanhar o jogo. Foi, no entanto, expulso pelos torcedores por conta do cheiro de seu animal. Extremamente irritado, Billy praguejou contra a equipe da cidade, amaldiçoando-a: “Vocês nunca mais vão ganhar nada”, teria dito ele.

Até então, os Cubs tinham chegado na World Series dez vezes: 1906, 1907, 1908, 1910, 1918, 1929, 1932, 1935, 1938 e 1945. Haviam sido campeões em 1907 e 1908. No ano da maldição, perderam para Detroit. E só voltaram para a decisão em 2016 – 71 anos após a última WS e incríveis 108 anos depois do último título.

O adversário era o Cleveland Indians. A série foi épica: Chicago chegou a estar perdendo por 3-1 na melhor de sete após ser derrotado em casa no jogo quatro. Porém, foi capaz de empatar e levar para a partida decisiva, a sétima, em Cleveland, no dia 3 de novembro. E que partida! No campo rival, o Cubs abriu 6-3, mas viu Cleveland empatar na 8ª entrada. Na entrada extra, a 10ª, as rebatidas decisivas de Ben Zobrist e Miguel Montero fizeram com que Chicago abrisse 8 a 6. Os donos da casa ainda completaram uma corrida, mas o placar parou no 8 a 7. Enfim, acabaram-se 108 anos de maldição e jejum.

Andy Murray no Ranking Masculino da ATP

(Foto: RTP Notícias)
(Foto: RTP Notícias)

O ano de 2016 foi também incrível para o britânico Andy Murray. Com uma série de 78 vitórias e apenas 9 derrotas ao longo da temporada da ATP, o tenista a fechou como líder no ranking mundial, algo inédito em sua carreira.

Murray já havia terminado 2015 em 2º, atrás apenas de Novak Djokovic. Nos Grands Slams, os quatro principais torneios do tênis, chegou em 3 finais: perdeu na Austrália e em Roland Garros para Djokovic e ganhou Wimbledon em cima de Milos Raonic. Nas Olimpíadas, no Rio, ele foi medalha de ouro – o único a conseguir duas vezes o feito. O título do Masters 1000 de Paris, conquistado no dia 5 de novembro, foi o suficiente para colocá-lo no topo pela primeira vez.

Faltava ainda, no entanto, o ATP World Tour Finals, torneio que reúne os oito melhores tenistas da temporada. Murray chegou na final, contra Djokovic, no jogo que valeu a primeira posição no ranking. Com incrível facilidade, o britânico se tornou o primeiro de seu país a ganhar a competição: 2 sets a 0 em cima do sérvio (6/3 e 6/4). E fechou 2016, oficialmente, como o líder da classificação de tenistas profissionais.

Palmeiras no Campeonato Brasileiro

(Foto: Facebook Palmeiras)
(Foto: Facebook Palmeiras)

Há 22 anos o torcedor palmeirense não sabia o que era ganhar um título do Brasileiro. Após a queda para a série B em 2012 e o quase rebaixamento em 2014, o torcedor viu um presidente decidido a reerguer o time. Paulo Nobre tirou dinheiro do próprio bolso para ajudar o clube, realizando inúmeras contratações em 2015 (mais de vinte). Embora o desempenho no final do Campeonato Brasileiro de 2015 tenha deixado a desejar (não ficou nem no G4), o time levantou a taça da Copa do Brasil na sua nova casa, o Allianz Parque. Tudo indicava que 2016 iria ser um ano promissor para o Verdão.

Mas, logo no início, o torcedor já sofreu uma decepção: a eliminação dolorosa na Libertadores. O péssimo desempenho do time, tanto na Libertadores quanto no Campeonato Paulista, fez com que a diretoria procurasse urgentemente um nome para substituir o técnico Marcelo Oliveira. Assim, o nome que assumiu o time foi Alexi Stival, mais conhecido como Cuca.

Ainda no começo do ano, em entrevista para o Globo Esporte, Cuca foi taxativo: “Vamos ser campeões brasileiros”. E ele e o time fizeram por merecer: permaneceram o segundo turno inteiro na liderança do campeonato – apesar das ameaças do Flamengo e, mais para frente, do rival  Santos.

O prêmio veio para lavar a alma do torcedor alviverde. Diante de uma arena lotada, o Palmeiras jogava contra a Chapecoense por um empate. Logo no início da partida, o torcedor já comemorava o gol do Flamengo contra o Santos, fazendo festa. O resto do jogo foi todo assim, em clima de alegria. E para não decepcionar o seu torcedor com uma vitória sem gols, o Verdão ainda balançou a rede e fez 1×0 no time catarinense. O Palmeiras quebrou, assim, um jejum de 22 anos, mesmo com a desconfiança de uma parcela dos críticos.

Grêmio na Copa do Brasil

(Foto: Veja.com)
(Foto: Veja.com)

Em maio, quando era campeão gaúcho, o atacante Eduardo Sasha, do Internacional, provocou o Grêmio ao comemorar um gol na final dançando valsa com a bandeira de escanteio, em alusão aos 15 anos do rival sem títulos relevantes. Mal sabia ele como 2016 terminaria.

O Grêmio iniciou sua campanha na Copa do Brasil já nas oitavas, por ter disputado a Libertadores no primeiro semestre. Eliminou o Atlético-PR nos pênaltis, após 1-0 a favor e 1-0 contra. Depois, passou pelo atual campeão Palmeiras e pelo Cruzeiro, antes de enfrentar o Atlético-MG na final. No primeiro jogo, no Mineirão, um resultado que tranquilizou os gremistas: 3-1 para o Tricolor. Em Porto Alegre, o 1-1 bastou para o título de Renato Gaúcho, Douglas, Luan e companhia.

Além de ter quebrado o tabu de 15 anos, o Grêmio se tornou o maior vencedor da Copa do Brasil, com 5 conquistas. E o Inter? Para a infelicidade de Sasha, o clube acabou 2016 sendo rebaixado pela primeira vez em sua história para a segunda divisão nacional.

Uma merecida lembrança: os heróis chapecoenses

É digna de recordação, também, a Chapecoense. Sem nunca ter ganho nada relevante além do campeonato estadual, o time catarinense foi declarado, no dia 5 de dezembro, uma semana após o trágico acidente, em um belo ato da Conmebol e do Atlético Nacional de Medellín, campeão da Copa Sul-Americana 2016. É óbvio que preferíamos, no entanto, ter visto nossos guerreiros levantando a cobiçada taça em campo.

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