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‘Rivais’: Tênis e triângulo amoroso convergem e entregam espetáculo

A obra de Guadagnino entretém com sólidas performances e um roteiro em que algo sempre está em jogo - a vida imita o tênis

Por Amanda Nascimento (amanda_nascimento@usp.br)

Filmes do italiano Luca Guadagnino nem sempre são sinônimos de competência. Com obras que polarizam a opinião do público, o diretor de Me Chame Pelo Seu Nome (Call me by your name, 2017), Suspiria (2018) e Até Os Ossos (Bones and all, 2022) apresenta seu novo filme, Rivais (Challengers, 2024), que estreia dia 25 de abril nos cinemas brasileiros. Dessa vez, felizmente, ele acerta em cheio.

Rivais segue a jornada da ex-tenista Tashi Duncan (Zendaya), que, acometida por uma lesão que compromete sua habilidade de jogar, torna-se para a carreira de técnica, ajudando seu marido, Art Donaldson (Mike Faist), a se transformar em um grande tenista. O conflito começa quando, ao inscrever Art na modalidade Challengers – que permite jogadores menor rankeados a ganharem pontos no mundial -, o casal reencontra uma figura do passado, Patrick Zweig (Josh O’Connor), ex-melhor amigo de Art e ex-namorado de Tashi.

Rivais não é baseado em uma história real. [Imagem: Divulgação/ Metro-Goldwyn-Mayer Pictures]

A história, que por si só correria o perigo de cair no clichê, subverte expectativas e faz do triângulo amoroso uma escolha narrativa intrigante e estimulante, graças ao roteiro afiado de Justin Kuritzkes (já confirmado como roteirista do próximo filme de Guadagnino, Queer) e às escolhas estilísticas do diretor, resultando em uma obra que transborda sensualidade e uma tensão palpável a todo momento.

Em seu primeiro papel como atriz principal de um filme, Zendaya, que tinha o desafio de interpretar as nuances de uma personagem como Tashi (leia-se temível e manipuladora), brilha no papel, comandando a cena com exímio. Em entrevista à Vogue, a atriz disse, em primeira análise, ser surpreendida pela personagem e suas ações, “Até eu tinha meio que medo dela”.

Em preparação para o papel, Zendaya treinou por três meses com o treinador profissional de tênis, Brad Gilbert. [Imagem: Divulgação/ Warner Bros.]

Mike Faist e Josh O’Connor são um deleite em cena, utilizando muito bem da narrativa de melhores amigos a inimigos, dinâmica já explorada em filmes como A Rede Social (The Social Network, 2010), Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990) e Creed 3 (2023), mas, nesse caso, com uma clara tensão sexual que os acompanha pelo filme inteiro. É essa mistura que afasta a obra de Luca Guadagnino de qualquer outro filme de esportes e o torna um filme formidável. 

Em Rivais não existem inocentes, a competitividade e a vontade de vencer prevalecem, motivos que consolidam o filme como uma rajada de personalidade e entretenimento, uma vez que o trio protagonista não decepciona ao entregar o equilíbrio certeiro entre comédia e tensão sexual.

Zendaya, Faist e O’Connor juntos são uma explosão de química. [Imagem: Divulgação/ Warner Bros.]

Essa explosão é fomentada pelo soundtrack do filme, elaborado pela famosa dupla Trent Reznor e Atticus Ross, duas vezes ganhadores do Oscar de Melhor Banda Sonora (A Rede Social, 2010, de David Fincher e Soul – Uma Aventura Com Alma, 2020, de Pete Docter). O duo, que já havia colaborado com Guadagnino em Até Os Ossos (2022), amplifica os níveis de estresse e ansiedade exibidos no longa, fazendo de Rivais uma experiência completa.

Assim, por mais que, no papel, Rivais seja um filme sobre tênis, o tênis serve como uma metáfora para as relações de poder e manipulação que servem de motivação para as ações desses personagens: não é sobre o tênis, é sobre o jogo, que nunca para. Nas palavras da própria Tashi Duncan, “tênis é um relacionamento”, frase que ecoa até mesmo nos frames de Guadagnino, alguns dos quais visam imitar uma partida de tênis, mesmo fora das quadras, por meio de cortes brutos entre diálogos de um personagem a outro. 

Dessa forma, Rivais te prende até os últimos segundos, já que, até o último minuto, nada está decidido. Guadagnino mostra maestria na arte da tensão e entrega um filme em que entretenimento e química não faltam. Entendido de tênis ou não, o espectador está sujeito a apreciar, em alguma capacidade, o filme, afinal de contas, com um roteiro e elenco como esses, seria impossível sair do cinema sem emoção. Ademais, Zendaya é uma estrela indubitável.

Rivais estreia dia 25 de abril nos cinemas. Confira o trailer: 

[Imagem de capa: Divulgação/ Warner Bros.]

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