O filme de Oliver Stone, (Savages, 2012), conta a história de brigas entre traficantes de droga pelo controle do comércio no México e nos EUA. Os protagonistas são dois produtores autônomos de maconha, Ben (Aaron Taylor-Johnson) e Chon (Taylor Kitsch), e namorada, Ophelia (Blake Lively), apelidada de O. Curiosamente ela é amante dos dois, que decidem viver um eterno menáge as margens das praias da Califórnia enquanto produzem uma das melhores ervas do mundo.
Infelizmente o sonho é interrompido quando um cartel mexicano “propõe” um acordo de parceria com eles, o qual, ao ser recusado, resulta no sequestro da amada. A partir desse momento os traficantes “do bem” passam a fazer qualquer coisa pela moça, enquanto “la Reina” Elena (Salma Heyek) fica em sua mansão coordenando o cartel e lutando também contra um outro inimigo: o cartel del Azul. Já o trabalho sujo fica a encargo do seu capaganga, Lado (Benicio del Toro).
O filme possui cenas bastante chocantes de violência e já nos primeiros minutos possui algumas imagens perturbadoras de decapitação. Esses momentos de ação acabam percorrendo o longa inteiro mantendo a atenção do espectador, invocando aos outros filmes com a participação de Stone como Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, 1994), que dirigiu e Scarface (Idem, 1983), que escreveu o roteiro.
Segundo o diretor a intenção era de chamar a atenção para a violência que circunda o narcotráfico, inclusive para a corrupção policial, representada pelo agente Dennis (John Travolta). Conhecido como polêmico, ele faz mais uma vez um filme-denúncia como foram Platoon (Idem,1986), JFK- A Pergunta que Não Quer Calar (JFK,1991), Nixon (Idem, 1995), Wall Street – Poder e Cobiça (Wall Street, 1987) e Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street – Money Never Sleeps, 2010). Porém ressalta que Selvagens é uma ficção hipotética, não é Traffic, que tem um estilo mais documental”.
Pessoalmente eu gostei do filme como entretenimento e com certeza me manteve acordada. Porém ele está longe de ser perfeito e confesso ter me incomodado com dois aspectos: o excesso de maniqueísmo e o final.
O primeiro pecado do diretor foi limitar os personagem a extremos. Além dos traficantes “do bem” e os “do mal” temos outros exemplos. Um deles é o contraste entre os dois protagonistas: Chon é violento e ex-soldado, já Ben é budista e realiza ações sociais por todo mundo. Temos também a oposição entre as mulheres: O é ingênua, americana e filha de uma mãe relapsa, já Elena é experiente, latina e uma mãe que procura desesperadamente o amor de seus filhos.
Já o final foi um tanto decepcionante. O thriller mantém o público vidrado até que por fim não há nada de surpreendente. Ele oferece dois finais, porém nenhum deles é suficientemente realista para convencer o espectador. E nesse ponto cai novamente no maniqueísmo: um final trágico demais e outro feliz demais.
Apesar de tudo acho que o vale a pena ver o filme, mais como passatempo do que como crítica social. De fato, as imagens são bem fortes, mas não convencem como verdadeiras, ainda mais seguidas de um final completamente irrealista.Portanto se você estiver com vontade assistir um thriller com sangue e atores bonitos você irá gostar. “Selvagens” supera a qualidade de filmes comuns de ação, porém também não aprofunda a ponto de provocar reflexões no telespectador.
Por Sophia Kraenkel
sokraenkel@gmail.com