Mariana Franco
JFK – A Pergunta que Não Quer Calar, do diretor Oliver Stone, foi um dos mais polêmicos filmes políticos já lançados até hoje. Tanto que foi incluído em quinto lugar na lista dos 25 filmes mais controversos de todos os tempos, feita pela Enterteinement Weekly em julho de 2006.
O assassinato de John Kennedy, ocorrido em 22 de novembro de 1963 deixou muitas dúvidas pairando no ar. Dúvidas que perduram até hoje. O presidente desfilava numa limusine conversível pelas ruas centrais de Dallas, Texas, quando foi atingido por dois tiros, vindos supostamente das janelas do sexto andar de um depósito de livros da rua. As investigações oficiais, cercadas de mistérios e fatos não esclarecidos, concluiu que o assassinato foi obra solitária de Lee Harvey Oswald, militar, na época desempregado, simpatizante do comunismo e desequilibrado mental. A maioria da população americana, entretanto, até hoje não acredita nessa versão dos fatos.
Diversas teorias conspiratórias foram desenvolvidas paralelamente à oficial, e são elas que ganham espaço sob os holofotes no filme de 1991, quase três décadas depois do ocorrido. Stone baseou-se nos livros Crossfire: The Plot that Killed Kennedy, de Jim Marrs, e On The Trail of the Assassins, de Jim Garrison; utilizando ainda o trabalho de mais 24 pesquisadores. Com todo esse material construiu uma narrativa que engloba diversas teorias pelo olhar de Garrison, promotor judicial que, sozinho, com uma pequena equipe, promoveu investigações sobre o caso.
Diz-se do diretor, que sempre teve uma preferência por temas polêmicos, que teria grande admiração por Garrison e pelo trabalho que fez. As polêmicas circundaram o filme desde o início das gravações.
Para interpretar Jim Garrison, primeiramente cogitou-se Harrison Ford e depois Mel Gibson, mas ambos recusaram o papel devido ao envolvimento político do filme. Só então chegou-se a Kevin Fostner. Curiosamente, o verdadeiro Jim Garrison também participa do filme, interpretando o juíz Earl Warren.
Na época da estréia, diversas revistas influentes, como “Time”, “Life”, “Neewsweek”, e a brasileira “Veja”, dedicaram ao diretor e ao filme reportagens de capa.Grande parte dos comentaristas políticos dos EUA acusaram Stone de mentir deliberadamente, apresentando como verdade uma série de boatos jamais comprovados.
A onda de acusações foi tão forte que o diretor admitiu até não descartar a possibilidade de atentado contra ele. Devido a tantas controvérsias, a viúva de Kennedy, Jacqueline Onassis, assim como a maior parte do clã Kennedy, declarou que não assistiria ao filme.
Apesar disso tudo, o filme apresentou uma espécie de “verdade emocional”, como definiu o crítico de cinema Roger Ebert, dando ao público norte-americano o que as investigações oficiais não conseguiram: respostas. Qualquer pesquisa popular feita hoje confirmaria que a maioria da população acredita mais na versão de Oliver Stone do que no resultado oficial.
A versão da obra exibida nos cinemas teve 189 min, mas a versão do diretor, que temos disponível em DVD, conta com 206 min; e as edições duplas contam ainda com 55 min de cenas extras. Foram utilizadas na composição diversas técnicas de filmagem, e também cenas reais. O vídeo amador feito por Abraham Zapruder, que flagra o exato instante do assassinato, foi utilizado diversas vezes durante o filme.[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=jzz7GNiOB7s]
A caixa do DVD comercializado aqui vem com uma declaração e Oliver Stone, em que ele enfatiza a necessidade de mudança e da busca pela verdade. Nos créditos do filme, ele é dedicado aos jovens, que conhecerão, em 2038, quando os arquivos sigilosos do caso forem abertos ao público, a verdade do mistério JFK. Nas palavras do diretor, o passado é apenas um prólogo do que está por vir.