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Uma busca incessante pelo fim das falhas de continuidade

Erros de continuidade são mais comuns do que se imagina: aquela cena onde os personagens mudam de posição em um piscar de olhos, que cicatrizes ou pintas aparecem em lugares diferentes, ou o sangue que escorria e simplesmente some… Enfim, são falhas que acabam ocorrendo porque as cenas de um filme não são gravadas na …

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Erros de continuidade são mais comuns do que se imagina: aquela cena onde os personagens mudam de posição em um piscar de olhos, que cicatrizes ou pintas aparecem em lugares diferentes, ou o sangue que escorria e simplesmente some… Enfim, são falhas que acabam ocorrendo porque as cenas de um filme não são gravadas na ordem que aparecerão no final, ou seja, em sua sequência correta. Isso porque, as gravações podem durar meses, e por diversos fatores, o final pode ter sido gravado muito antes do começo.

Erros de continuidade retirados do site MovieMistakes.com. Na esquerda para a direita: No filme 10 Coisas Que Odeio Em Você, o retrovisor do carro surge do nada; Em Moulin Rouge, um amor em vermelho, em sua aparição inicial, Satine retira a luva do braço direito, mas na próxima cena, aparece sem luva no braço esquerdo; e o Homem de Ferro tem o sangue de sua orelha esquerda limpo

E eis que surge o profissional responsável para que essas falhas não ocorram: os continuístas. De acordo com o continuísta João Paulo Teixeira, em seu texto publicado na Revista de Cinema Filmes Polvo, esse profissional “é quem assiste ao diretor no que se refere ao encadeamento e à continuidade da narrativa, cenários, figurinos, adereços, maquiagem, penteados, luz, ambiente, profundidade de campo, altura e distância da câmera”. Para manter todo esse controle, eles elaboram relatórios com informações sobre tudo o que está sendo filmado.

A continuísta Adelina Pontual fala que nesses relatórios são especificados o plano e a sequência filmada, a duração, a objetiva que está sendo utilizada, rolo do filme ou do cartão digital, se é dia ou noite, se no plano há movimento ou não, se é aberto ou fechado, entre outros. “São informações importantes para o pessoal da montagem localizar cada plano depois e também saberem quais os takes que são válidos ou não e porquê. São importantes também para nós mesmos, caso surja alguma dúvida sobre o material filmado no decorrer do processo”.

Logo fica evidente que os continuístas são aqueles que ficam atentos no filme como um todo, ou seja, no que vem antes e depois da cena gravada. Já os outros setores se preocupam com a cena em gravação e com suas funções. Além da necessidade de ter conhecimentos sobre os mais diversos assuntos, como lentes. Jorge Monclair, diretor de fotografia, escreveu no site da Academia Internacional de Cinema e TV, que esses profissionais devem então “conhecer os equipamentos que serão empregados em cada plano para poder manter o discurso do diretor sob controle, sem fugir do roteiro, mantendo a clareza e a precisão dramática desejada”. Afinal, tudo deve chegar com qualidade na edição.

Exemplo da folha usada pela Adelina Pontual

Carta Aberta dos Continuístas aos Produtores
Hoje, muitos filmes estão sendo feitos sem a presença de continuístas nos sets de filmagens. A carta feita no ínicio desse ano por dezesseis profissionais, entre eles, Adelina, tem como objetivo descrever as tarefas dos continuístas antes, durante e depois das gravações. A ausência da continuidade é justificada pelo argumento da tecnologia, com o surgimento do video assist, que permite aos diretores voltar e rever o que foi gravado; e o argumento da dedicação, ou seja, se cada departamento se responsabilizar pela continuidade, não é necessário que os continuístas estejam lá.

Adelina acredita que a rejeição aos continuístas é algo mais profundo, pois a classe surgiu junto com o cinema clássico, quando o objetivo era dar a “ilusão da realidade” aos filmes, coisa que hoje, segundo ela, é rechaçada pelos cineastas mais modernos. No entanto, ela afirma que os continuístas trabalham pela unidade do filme, independente do formato dele, clássico ou moderno e descontínuo. Para ela: “Se é pra ser descontínuo, vamos cuidar da unidade desta descontinuidade.”

Por Jeanine Carpani
jeanine.carpani@gmail.com

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