Telemedicina traz soluções criativas para auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de pacientes
Por: Helena Mega (helenamega8@gmail.com)
A possibilidade de consultas médicas realizadas por telefone ou vídeo promove a economia de tempo e energia. Mais além, informações de saúde acessíveis de maneira rápida e eficiente são de extrema importância quando se trata de áreas onde serviços públicos são precários ou até mesmo inexistentes.
Tais inovações podem hoje se tornar realidade com a chamada telemedicina, um ramo da medicina que abrange as áreas de tecnologia da informação (TI) e da comunicação. Ela procura oferecer plataformas de acessibilidade a serviços de saúde de modo a superar barreiras geográficas. É o compartilhamento de conhecimento de qualidade usado diretamente para a manutenção de vidas humanas.
Contra a tuberculose
Uma ferramenta da área é o SISTb, que visa o melhor acompanhamento do tratamento de pacientes com tuberculose a partir dos dispositivos de comunicação móvel. Com o cadastro do paciente em um aplicativo, seus dados, relativos ao tratamento, a exames e a internações, ficam armazenados e auxiliam na supervisão de tais indivíduos pelos agentes de saúde.
Isso porque, usualmente, o tratamento ocorre na própria casa do enfermo. Tal fato aumenta a frequência daqueles que o praticam de maneira irregular ou o abandonam em poucos meses, antes do prazo mínimo indicado, agravando o quadro da doença e aumentando sua fatalidade dentro da população.
Ele faz parte de um projeto do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) em parceria com o Grupo de Estudos Epidemiológico-Operacional em Tuberculose (GEOTB), ambos da Universidade de São Paulo, dentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), com os professores Domingos Alves e Antônio Ruffino Netto, e da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), com a professora Tereza C. S. Villa.
A pesquisa, no entanto, é desenvolvida com diversos apoios externos, como o da ONG REDE-TB (Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose), de entidades governamentais, de outras instituições de ensino superior, de centros de pesquisa e de agências de cooperação internacional, a exemplo de sua parceria com o Instituto Politécnico de Leiria, de Portugal.
Segundo Domingos Alves, também coordenador do LIS, com o objetivo de “garantir que as informações em saúde ganhem em qualidade com desdobramentos para a assistência, gestão e pesquisa” os aplicativos, ao serem desenvolvidos no núcleo, passam a ser utilizados pelo Centro de Informação e Informática em Saúde (CIIS), o qual também coordena. Isso porque, além do SISTb, há outras plataformas móveis nascidas do Laboratório, entre elas o Observatório Regional de Atenção Hospitalar (ORAH), o Sistema de Informação para Saúde Mental (SISAM), o Portal de Monitoramento de Anomalia Congênita, e o Mapa de Saúde (que abrange a região de Ribeirão Preto), todos integrando redes de dados que facilitam a atividade médica, tanto dos paciente quanto dos profissionais.
Estando em constante aprimoramento, o aplicativo está em fase de estudo para ser futuramente ampliado com apoio do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, do Ministério da Saúde. Atualmente, o teste piloto está sendo realizado em apenas uma unidade de saúde, localizada em um distrito sanitário de Ribeirão Preto. Assim, a ideia é torná-lo mais fácil de uso e adaptá-lo de acordo com a realidade do serviço.
Mapa do HIV
Uma outra iniciativa surgiu na Secretaria de Saúde Pública (SMS) do município de São Paulo a partir do Programa Municipal de DST/Aids. Ela consiste no aplicativo Tá na Mão, que, entre outras funções, “calcula” o risco de contração de uma DST ou do vírus do HIV de acordo com o histórico das relações sexuais praticadas pelo usuário.
Além disso, indica qual é o ponto mais próximo para a pessoa adquirir um preservativo ou realizar o teste de HIV, ambos de forma gratuita dentro do sistema público. Inclui também informações sobre a profilaxia e as prevenções de tais doenças. A divulgação do app foi feita durante a Parada do Orgulho LGBT do ano passado, realizada no dia 7 de junho de 2015.
Medicina do cotidiano
Também na esfera pública, o site do NHS (National Health Service) britânico é um grande exemplo de extensões de um sistema de saúde público para as plataformas móveis. Nele, encontram-se serviços como o “Health A-Z”, que consiste em descrições e informações práticas das doenças ou sintomas mais comuns dentro da população, como dor nas costas e diabetes.
O “Live well” apresenta dicas de saúde sobre tópicos cotidianos, como assuntos relacionados ao álcool e ao sono. O “Health news” é uma editoria sobre as últimas notícias de pesquisas/descobertas no campo da saúde e, por último, o “Services near you” encontra centros de saúde próximos ao paciente (cobrindo todo o território do Reino Unido), incluindo a avaliação deles por outros usuários, o número de procedimentos ali realizados, e o nível de melhora de pacientes que por ali passaram. Pode ser facilmente acessado em: www.nhs.uk.
Chernobyl
O uso da tecnologia também foi proposto para auxiliar no rastreamento e no tratamento dos descendentes de vítimas do acidente nuclear de Chernobyl (1986), que ainda desenvolvem doenças de tireoide, com especial atenção ao câncer. Considerando que muitos se encontram próximos a áreas contaminadas por radiação dentro de países que necessitam de ajuda humanitária, a ideia foi aprimorar a troca de informações para o treinamento de equipes médicas à distância, interligando, além disso, os pesquisadores envolvidos no caso.