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Netflix: ‘The Boys in the Band’ 52 anos depois

Tudo começa com um cigarro em primeiro plano. Não é tão difícil ter a localização temporal, considerando a bem retratada glamourização do tabagismo, característica da época. Logo em seguida, o aspecto temporal é evidenciado para não restar dúvidas. Tudo se passa em 1968, na cidade de Nova Iorque.  The Boys in the Band (2020) foi …

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Tudo começa com um cigarro em primeiro plano. Não é tão difícil ter a localização temporal, considerando a bem retratada glamourização do tabagismo, característica da época. Logo em seguida, o aspecto temporal é evidenciado para não restar dúvidas. Tudo se passa em 1968, na cidade de Nova Iorque. 

The Boys in the Band (2020) foi lançado mundialmente pela Netflix em 30 de setembro e é uma adaptação da peça da Broadway de mesmo nome estreada em 1968 e escrita por Mart Crowley. Para compor o elenco principal a interpretar personagens gays, foram escolhidos, de maneira justa, somente atores gays. Joe Mantello é o diretor responsável por mais essa investida de trazer a história para as telonas. E o fez bem. 

 

O grupo de amigos de Michael de The Boys in the Band. [Imagem: Reprodução/Netflix]
O grupo de amigos de Michael. [Imagem: Reprodução/Netflix]

O que era pra ser só a festa de aniversário de Harold (Zachary Quinto) entre um grupo de amigos acaba se transformando numa sessão excêntrica de uma espécie de terapia em grupo. Michael (Jim Parsons) é o anfitrião da história. E que anfitrião! Pode-se dizer até charmoso, mas na verdade ele tem um “contra charme”. Seu singelo apartamento localizado na “Décima com a Broadway” é que sediará o evento. Cada personagem que chega traz consigo suas subjetividades e muitas questões a serem exploradas ao longo do filme. Como já exposto, o que será tratado aqui é a vivência de homens gays, e essa proposta rende muitos tópicos. 

Com o tempo, cada um dos amigos vai chegando. Primeiro Donald (Matthew Bomer). Depois Larry (Andrew Rannells), Emory (Robin de Jesús) e Hank (Tuc Watkins). Em seguida, Bernard (Michael Benjamin Washington). É iniciada, então, a festa. Comidas, bebidas, música, dança. Heat Wave, de Martha Reeves & The Vandellas é que dá o ritmo em um dos momentos mais leves e de maior descontração dos personagens em todo o filme. Só não contavam com uma visita inusitada. 

 

Michael, Emory, Bernard e Larry, personagens de The Boy in the Band, dançando. [Imagem: Reprodução/Netflix]
Michael, Emory, Bernard e Larry dançando [Imagem: Reprodução/Netflix]

Aos poucos os personagens são podados para que apresentem um comportamento social aceitável aos padrões. Tudo era preparado com muito cuidado por Michael para que os amigos não fossem “gays demais” e ele tivesse que explicar a Alan (Brian Hutchison), que leva uma vida heterossexual, sobre ele e os amigos e não deixá-lo desconfortável. 

O anfitrião se mantinha firme na água com gás. Mas, entre as chegadas dos convidados, chegou também ele, o gatilho. A transformação de Michael inicia seu curso. As piadas maldosas sobre o Cowboy (Charlie Carver), “que faz seu melhor”, surgem e a tensão sorrateiramente se instala junto com a interação entre cada um dos personagens. 

Alan era só um dos desafios daquela noite simbólica. Aos poucos, memórias do passado, ainda mal resolvidas, vão entrando em cena. Cada uma das “síndromes da bebedeira da noite anterior” expostas. A baixa iluminação do apartamento ajuda a compor o ambiente de reflexão que vai se instalando.  

The Boys in the Band se apresenta como uma comédia dramática e não nos deixa esquecer do drama, mesmo com uma trilha sonora alegre e empolgante. A composição de cenário forma um apartamento maximalista é bem empregada e entrega ao expectador muito sobre Michael, a festa e toda a atmosfera do filme.  

Somos chamados a nos atentar para o preconceito sexual internalizado, decorrente da carga negativa veiculada pela sociedade a homossexuais e que acarreta em sentimentos negativos sobre si mesmos – principalmente culpa e vergonha. Não é difícil identificar como Michael auto reprimi-se, suas engolidas a seco o denunciam continuamente. Como bem coloca Harold, no caso dele, a culpa vira hostilidade. 

De repente, ali estão eles. Forçados a encarar a si mesmos. Para além dos dilemas pessoais, as dúvidas e conflitos de relacionamentos já estabelecidos, as relações construídas entre cada um dos amigos, os segredos. Tudo posto em jogo. 

Somente uma noite. Foi o tempo necessário. E os questionamentos seguem os mesmos de alguns anos atrás. O que será amanhã? 

The Boys in the Band já está disponível para todos os assinantes da Netflix. Confira o trailer

https://www.youtube.com/watch?v=Sm2Ue8k3-yU

 

*Imagem de capa: Reprodução/Netflix

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