Desde a véspera da Rio 2016, quando foi oficializada a entrada do skate no programa dos Jogos de Tóquio, as medalhas em disputa já haviam começado a saltar os olhos dos brasileiros. De lá pra cá, esse espanto inicial foi se transformando numa esperança olímpica. No entanto, cada vez mais próximo de Tóquio, a palavra “esperança” tornou-se comparsa de segundo termo até mais recorrente: expectativa. Principalmente quando o assunto era skate street. Mais especificamente, Skate Street feminino, Rayssa, Pâmela e Letícia.
Para aqueles que não acompanham arduamente a cena competitiva do skate vale esclarecer o motivo de tanto ー desculpe-me o termo extremamente brega em inglês ー hype. O Brasil, nesses Jogos, levou três representantes para o skate street feminino: Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni. Respectivamente a número um, dois e quatro do Mundo na categoria!
Por este exato motivo, até o começo da transmissão das eliminatórias, toda a mídia brasileira suspirava almejando um onírico e inédito pódio triplo brasileiro.
Realidade
Como é de se imaginar, os sonhos não se tornaram a ideal realidade do povo brasileiro. Infelizmente, logo de início, tanto a nossa número um, Pâmela Rosa, quanto Letícia Bufoni acabaram eliminadas de forma precoce na fase classificatória para a final. No entanto, Rayssa Leal, a ilustre fadinha do skate, não sentiu pressão alguma no auge de seus 13 anos de idade e esbanjou muita personalidade para se classificar às finais. Rayssa passou para a decisão em terceiro lugar, apenas abaixo de Momiji Nishiya e Funa Nakayama, duas das três donas da casa.
Final
A grande final do skate street feminino contou com oito atletas: Funa Nakayama (Japão), Momiji Nishiya (Japão), Roos Zwetsloot (Holanda), Aori Nishimura (Japão), Wenhui Zeng (China), Margielyn Didal (Filipinas), Alexis Sablone (Estados Unidos) e, é claro, Rayssa Leal (Brasil).
Médias de idade baixíssimas, escorregadas insanas no corrimão, flips sobrevoando escadarias, cotovelos sangrando e um carisma simplesmente cativante por parte da filipina foram alguns dos destaques dessa final eletrizante.
Como de praxe, a etapa começa com as atletas precisando realizar duas apresentações denominadas “corridas” (run, do inglês), em que elas possuem 45 segundos para realizar a melhor série de manobras possível na pista montada. A combinação da nota 2.94 com a 3.13 fizeram com que a brasileira fechasse as duas corridas na segunda colocação.
Já na parte final, denominada a sessão das “manobras” (tricks, do inglês), Rayssa viu suas adversárias adquirirem ótimas notas, como um 4.93 da jovem chinesa Wenhui Zeng, um 5.00 de Funa Nakayama e um 5.01 da veterana estadunidense (principalmente quando comparada às demais) Sablone.
Mesmo após cair na primeira tentativa e se desequilibrar um pouco, tocando as duas mãos na aterrissagem da segunda manobra ー o que reduziu décimos de sua pontuação ー a fadinha conseguiu emplacar dois bons resultados, 3.91 e 4.21, que a reservaram o segundo lugar no pódio. Rayssa ainda teve a chance de tirar o ouro da japonesa, Momiji Nishiya, em sua última manobra, mas, infelizmente, acabou pecando na execução.
https://www.instagram.com/p/CRyd9cRNpTa/?utm_source=ig_web_copy_link
É Festa para Rayssa
Pode comemorar, Brasil! Não foi da maneira como tanto se esperava de uma prova repleta de favoritismos brasileiros, mas é inegável enaltecer o resultado da brasileira mais jovem da história a medalhar em uma Olimpíada! Parabéns, Rayssa Leal! Com apenas 13 anos de idade, você conquistou a primeira medalha de prata do Skate Street Feminino na Olimpíada e fez com que na madrugada do dia 26 de Julho, por pelo menos alguns instantes, todos brasileiros (eu incluso) acreditassem em fadas! É prata!
E aí minha gente!!! Ó:#rayssaleal #Tokyo2020 #Olympics pic.twitter.com/nxnBlfAZSM
— Rayssa Leal – OFICIAL (@rayssaleal) July 26, 2021