Ricky Hiraoka
Estréia sexta-feira (25/07) Era Uma Vez, o novo filme de Breno Silveira, diretor de Dois Filhos de Francisco. Em sua segunda produção, Silveira aborda um tema recorrente no cinema nacional: a violência na periferia das grandes cidades. Diferentemente de Cidade de Deus e Tropa de Elite, Era Uma Vez retrata esse problema sob a ótica do amor. “Não só o amor Romeu e Julieta, mas o amor de irmãos, amor de pai” enfatiza o diretor.
Era Uma Vez é um velho projeto do diretor. “Eu queria escrever sobre um garoto que, apesar de tudo que enfrenta, teima em ser bom”. Dessa vontade, nasceu A História de Dé, a primeira versão de Era Uma Vez. Quando se preparava para tornar A História de Dé seu primeiro filme, Silveira foi convidado para dirigir Dois Filhos de Francisco. Segundo o cineasta, a cinebiografia dos irmãos Camargo mostrou que ele gostava de falar através do coração. Isso fez com que ele modificasse o projeto original de A História de Dé a fim de injetar maior emoção no roteiro.
Elenco
Com as mudanças concluídas, Silveira iniciou a busca por seus protagonistas: Dé, o garoto do Morro do Cantagalo, e Nina, a jovem de classe média alta. “O processo de escolha de elenco é um processo de achar almas parecidas” diz o cineasta. Foram necessários seis testes para que Thiago Martins convencesse Silveira que sua alma e a da Dé eram semelhantes. Thiago se interessou em interpretar Dé, pois acreditava que o enredo de Era Uma Vez retratava a história de um trabalhador. “Meu maior orgulho foi representar 90% da população da favela, gente honesta” concluiu Thiago.
A estreante Vitória Frate também demorou a conseguir provar que estava apta para interpretar Nina. De acordo com Silveira, Vitória ganhou o papel por representar sem exageros, “com uma economia no olhar”. Para a atriz, não foi difícil interpretar Nina. “As personagens não estão distantes. É preciso entender o olhar de cada personagem” diz Vitória.
Se Thiago e Vitória não encontraram dificuldade com suas personagens, o mesmo não ocorreu com Rocco Pitanga. Interpretando o traficante Carlão, Pitanga afirma que foi muito complicado atuar sem ser over e sem cair no estereotipo. O atore defende os atos da personagem. “Carlão só mudou de conduta por falta de opção. Ele é um produto do meio”.
Final polêmico
Sobre o final do filme, que foi criticado em exibições testes, Silveira defende seu ponto de vista. “O fim é extremamente poético. (O filme) É uma fábula falando sobre o real. Temos uma licença poética para aquele fim”.