Jornalismo Júnior

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Uma galeria para todos

Por Iolanda Paz (iolanda.rpaz@gmail.com) É um sábado, desses com fim de tarde em tons alaranjados. Diversas pessoas estão reunidas em frente ao número 439 da Avenida São João. O que está acontecendo na Galeria do Rock? Nada de especial: apenas mais um encontro corriqueiro entre conhecidos. A descontração faz parte do clima e, em meio a …

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Por Iolanda Paz (iolanda.rpaz@gmail.com)

É um sábado, desses com fim de tarde em tons alaranjados. Diversas pessoas estão reunidas em frente ao número 439 da Avenida São João. O que está acontecendo na Galeria do Rock? Nada de especial: apenas mais um encontro corriqueiro entre conhecidos. A descontração faz parte do clima e, em meio a olhares curiosos, a estranha figura da jornalista é bem recebida nas rodinhas de conversa.

No ambiente, há um som ritmado, além de vozes animadas ao fundo. Sucessivamente, alguns vêm falar comigo e indicam, solícitos, outros: “Pergunta para esse cara aqui, ele é da hora”, diz Tamires, logo antes de abraçá-lo. “É o vocalista de uma banda muito consagrada!” Na verdade, Honey é seu amigo um entre os muitos músicos que circulam pela Galeria, na tentativa de emplacar seu trabalho. Além deles, outros sete jovens conversam comigo: João, Tatiana, Victor, Ricardo, Maíquy, Endy Poty e Giovanna. Música, cerveja e amigos é o que eles dizem que os traz ao local.

Com seus cabelos vermelhos, Tamires conta que frequenta a Galeria quase todo sábado: como trabalha perto, sai do serviço e vai para lá em seguida. “Aqui é um dos poucos lugares onde a gente é aceito”, ela diz. Na Galeria, ao contrário do que ocorre nas ruas ou nos ônibus, ela não sente olhares que a julgam. “Eu posso vir do jeito que eu gosto, do jeito que eu realmente me sinto bem”. Mais do que um espaço de lojas, a Galeria do Rock tornou-se um lugar de tolerância e de convivência sem a presença dos preconceitos encontrados fora dela.

Em outra rodinha, João explica que ela pode funcionar como uma espécie de check point: é comum conhecidos marcarem de se encontrar ali aos finais de semana. Como a Galeria fecha às 18h, muitos amigos se dirigem de lá a outros lugares da cidade, para aproveitarem a vida noturna. Mas há quem diga que isso pode ser repetitivo. Para Tatiana como, muitas vezes, são as mesmas pessoas que frequentam o local , algumas intrigas podem acabar surgindo.

foto frente galeria
Conforme a tarde avança, as pessoas se reúnem e param, formando rodinhas de conversa. (Foto: Iolanda Paz)

Muitas narrativas preenchem o imaginário da Galeria. Victor, por exemplo, fala sobre as famosas “intimações de banda”, que costumavam acontecer assiduamente pelos corredores e que ainda existem: “O cara vê você com uma camiseta de banda e quer vir te intimar, para ver se você manja mesmo”. Às vezes, há alguns conflitos: os fãs mais assíduos se incomodam com os fãs “de modismo”. Outra história é de Tamires: ela conta que, ao caminhar pela Galeria, um ex-namorado seu acabou pisando, sem querer, na capa — muito longa  de um gótico. A moça diz, rindo, que parecia que haviam começado uma afronta. “A gente teve que explicar, mas no final deu tudo certo”, completa.

Em seguida, Maíquy lembra, saudoso, que seu primeiro CD foi comprado na Galeria: Show no Mercy, do Slayer.  Ele levanta a blusa e me mostra, por baixo, sua primeira camiseta de banda que, por coincidência, está vestindo , do King Diamond, também comprada no local. Endy Poty, por sua vez, lembra a gravação do documentário Global Metal, lançado em 2008 no Canadá. “Eu era moleque, viciado em Black Sabbath assim como ainda sou e encontrei [na Galeria] o Sam e o Toninho.”

Para produzir o filme, o antropólogo canadense Sam Dunn, em uma espécie de continuação do seu primeiro trabalho Metal: A Headbanger’s Journey (Metal: Uma Jornada pelo Mundo do Heavy Metal) , visitou diversos países do mundo para ver as formas como o metal se desenvolveu e se modificou. Seu primeiro ponto de parada foi o Brasil. Aqui, ele veio à Galeria do Rock e entrevistou diversas pessoas, como Rafael Bittencourt e Max Cavalera, que então estavam nas bandas Angra e Sepultura. Endy conta que, no episódio, conheceu Toninho, um membro engajado do fã clube do Sepultura. “Uma presença [do metal brasileiro]”, ele diz.

Giovanna também tem suas memórias marcantes. Anos atrás, a adolescente planejava ir a um show de black metal com uma amiga. Para isso, precisavam primeiro vencer as distâncias de São Paulo ela mora perto do Terminal Lapa e chegar a tempo de comprar os ingressos na Galeria. O show começava às 18h e as entradas parariam de ser vendidas uma hora antes. Às 15h, tiveram a decepção de descobrir que a loja não aceitava cartão de crédito. Resolveram, então, arriscar e voltar para buscar dinheiro mesmo que o ônibus demorasse uma hora apenas para chegar em suas casas. Entre desesperos e correrias, Giovanna conta que, por fim, as duas chegaram de volta às 17h em ponto. Ao comprar o ingresso, saiu no corredor e o mostrou para a amiga: “Mano, a gente se abraçou e começou a chorar”, ela conta.

Mais de 50 anos de história

“Cada pedacinho de São Paulo tem um contexto histórico importante”, reflete Tatiana. “A Galeria mesmo tem bastante história por trás…” Inaugurada em 1963, ela serviu para atender a uma demanda de consumo da cidade quando ainda não havia shopping centers. Na época, seu nome era Centro Comercial Grandes Galerias, como conta o síndico Antonio, conhecido como Toninho da Galeria. “Essa denominação foi até quando nós [a administração atual] entramos, em 1993.” Ela também ficou muito conhecida como Galeria 24 de Maio nome de uma das ruas que circundam o prédio.

No início, as lojas, em sua maioria, eram de alfaiates e de fotografia. Toninho conta que muitos negros “filhos, netos e descendentes de escravos” frequentavam a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em frente à Galeria, e circulavam pelo edifício. “A sociedade era extremamente preconceituosa”, ele recorda. Além da discriminação, o abandono do lugar também se deu, nos anos seguintes, porque a economia do centro foi subindo a Augusta. Uma série de shoppings foram construídos; o primeiro deles foi o Iguatemi, inaugurado em 1966. “O centro foi ficando abandonado e, nesse abandono, a Galeria era mais um prédio abandonado”, diz Toninho. “Ficou até nossa entrada.”

O centro da cidade de São Paulo, de acordo com Jaime Tadeu Oliva, doutor em Geografia Humana e professor no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), é uma área que foi submetida a um processo de decadência e de perda da vitalidade urbana. Edifícios sem uso, prédios em ruína, escassa vida residencial e falta de diversidade uma vez que as classes mais altas raramente o frequentam marcam seu cenário. “Nesse contexto, a Galeria do Rock é um dos poucos pontos do centro que mantém certa (e, surpreendentemente, duradoura) vitalidade urbana”, afirma Jaime. Mesmo assim, segundo ele, seu entorno encontra-se em estado lastimável e há sempre uma ameaça ao seu dinamismo.

foto igreja
Em frente ao número 439 da Avenida São João, a igreja no Largo do Paiçandu. (Foto: Iolanda Paz)

Na Galeria, havia algumas lojas de rock principalmente a partir da década de 1980, mas não muitas. O mais forte era o preâmbulo da cultura hip hop. “O pessoal fazia samba-rock e vendia ingressos aqui para bailes”, diz Toninho. “A gênese da cultura hip hop no Brasil foi aqui.” Nesse cenário, ainda em 1979, Fábio Sampaio, da banda Olho Seco, montou uma loja e gravadora independente a Punk Rock Discos , dando início ao movimento Punk dentro da Galeria. Nela, muitos punks se reuniram e bandas paulistanas foram formadas, como a Ratos de Porão e a Fogo Cruzado. “Deu muita confusão, porque o antigo síndico era o delegado de polícia”, Toninho conta.

Quando a administração de Antonio entrou, em 1993, o movimento de rock já existia mas havia muita briga e vários conflitos, além de criminalidade e tráfico de drogas. Ele conta que a gestão antiga havia expulsado dali todos os punks, góticos e skinheads. “Quando eu entrei, eu inverti: quis que todos voltassem”, diz. “Falavam que eu tinha ficado louco.” No entanto, para acabar com as divergências, Toninho diz que foi bem simples: todos foram acolhidos. “Quem eram essas pessoas?”, ele reflete. “Eram os excluídos: o pessoal da cultura hip hop, os negros, os punks, os góticos, os headbangers… Pessoas que a sociedade abominava.”

Na época, das 450 lojas, havia cerca de 80 funcionando. Em um ano, Toninho disse que dobrou a quantidade. Em mais três, lotou o prédio inteiro. Uma matéria da Veja, em 1994, chamou o local, pela primeira vez, de Galeria do Rock. “Eu achei o nome legal e resolvi adotar”, conta Toninho. “Adotamos e aí explodiu: virou uma referência nacional e internacional.”

A Galeria faz parte do movimento musical e cultural de São Paulo. Pessoas do restante do Brasil e da América do Sul vêm visitá-la. Desde 2014, há um projeto de lei na Câmara dos Vereadores que pretende, inclusive, transformá-la em patrimônio cultural. “Se você fala da Galeria do Rock, onde quer que você for, todo mundo conhece”, diz Toninho. Sua importância é reconhecida “não só para a cidade, mas para as pessoas que se envolvem e querem se envolver nessa cultura”, completa o frequentador Ricardo. “Rock tem que acrescentar.” Ao passar por diversas transformações orgânicas ao longo dos anos, ela busca ser um espaço democrático, não estando aberta apenas a um gênero musical.

As lojas e a diversidade

Em 2010, a Galeria fez uma pesquisa e descobriu que sua média de fluxo diário era de 25 mil pessoas, chegando a 35 mil nas sextas-feiras e a 45 mil nos sábados. Por mais que maior parte dos frequentadores tenha entre 15 e 35 anos, “o público é muito eclético”, diz Marcone, filho de Toninho e vice-presidente do Instituto Cultural Galeria do Rock. “Você vai encontrar pessoas que não estão muito conectadas com o movimento do rock, do hip hop, ou outro de música, mas que gostam de vir à Galeria, porque todo mundo se sente bem recebido aqui.” Até mesmo famílias a frequentam, principalmente de sábado.

“É diferente de você ir num shopping”,  continua Marcone. “Lá é aquele padrão de família: branco com poder aquisitivo. Na Galeria, não você encontra uma pessoa extremamente humilde e uma super elitizada.” Ele dá um exemplo: durante a semana, muitos estudantes de classe média e alta vão para lá, acompanhados inclusive de seguranças;  ao mesmo tempo, crianças de colégios públicos também a frequentam e todos eles, de alguma forma, interagem no local.  

Essa diversidade é observada não apenas nos estratos sociais, mas nas próprias lojas. Segundo Antonio, a cada 4 anos, o público da Galeria muda e, mesmo assim, as múltiplas culturas se mantêm. As lojas de rock ainda são predominantes e nelas é possível encontrar CDs, DVDs, camisetas, patches, bottons, cintos, coturnos, etc. Mas elas não são a regra: nos últimos anos, pela tendência natural, novas surgiram. A gestão de Toninho apoia essa multiculturalidade.

Nem todos, como pode ser esperado, estão abertos às mudanças. “Molecada só enche o saco”, diz o dono de uma loja de CDs, com 24 anos na Galeria. Para ele, quem ainda mantém seu negócio são colecionadores acima de 40 anos. A mentalidade mais conservadora também é vista em alguns frequentadores, que fazem distinção entre “o pessoal das antigas” e aqueles que não curtem “seu som” na maioria das vezes, hard rock e heavy metal.

foto vitrine
Vista da vitrine e do interior da loja Via Hip Hop, que está há 17 anos na Galeria. (Foto: Iolanda Paz)

Me lembro de Toninho dizendo que, no subsolo, eu encontraria mais lojas de hip hop. Desço, entro numa delas e converso com Valéria, que há 15 anos trabalha no local. CDs de black music estão dispostos por ela e longos colares estão pendurados ao longo da vitrine. Segundo a vendedora, o foco é o rap nacional. Antigamente, ela conta, 90% do subsolo da Galeria era composto por lojas de música negra, “[mas] hoje não é mais bem assim”.

No mesmo andar, um rapaz alto, vestido com bermudas compridas e outras peças largas e pretas, escolhe com cautela os sprays de grafite que está prestes a comprar. Olha minuciosamente as diversas cores, enquanto parece refletir sobre a melhor combinação para o que irá grafitar. Uns quinze tubos talvez já estejam no balcão quando conclui: “Mais dois bronze e pode fechar”, sem deixar de continuar observando a prateleira enquanto a conta é calculada.

Na loja ao lado, o foco dos produtos destoa do restante do piso e é possível encontrar artigos de esportes estadunidenses: basquete, baseball e futebol americano. Alguns exemplos são tacos, regata dos Lakers e bonés. O gerente me esclarece que seu público pode ser tanto específico quanto casual pessoas que estão passando pela Galeria e se interessam pela loja.

Ao subir para o térreo, logo avisto as famosas e bastante procuradas  lojas de tênis, além de muitas de skate. Toninho diz que a gênese do esporte começou na Galeria. Uma das lojas me chama a atenção pela pilha que está disposta na entrada: muitos skates com rodinhas coloridas e pranchas diversas, de Osama Bin Laden a estampas havaianas. O gerente me explica que quem trabalha ali “manja do assunto”. Segundo ele, alguns “profissas” frequentam o local, mas seu público é bem variado: “Tenho até cliente de 60 anos!”, diz.

Subindo mais um pouco, encontro as lojas de rock e os estúdios de tattoo. A Galeria tem diversos e, passando pela frente de alguns, é possível observar frequentadores fazendo suas tatuagens. Não raro, conseguimos ainda escutar o barulho da maquininha pelos corredores. Me lembro de Toninho falando que, antes, tatuagem era “coisa de bandido” e afirmando que a Galeria teve um papel muito importante para seu processo de aceitação. “Botamos goela a dentro de Globo e companhia que isso tudo faz parte de uma cultura que eles desconheciam.”  

Entro no Studio Tat-2, que está na Galeria desde 1992. É o único da época que continua até hoje. Enquanto converso com Letícia, aprendiz de tatuadora, uma moça pondera se fará ou não sua tattoo. Seu sobrinho pequeno a incentiva, pulando para lá e para cá, provavelmente por querer presenciar o momento único da tia. Letícia pergunta a ele quantos anos tem. O menino responde: oito . “Falta só 10 anos para você fazer a sua”, ela diz, sorrindo. Surpreende-se quem acha que ele quer: “Ah, mas eu não quero fazer não!”, fala a voz aguda, inocente e sincera.

Nos últimos andares, ainda me deparo com Marrie, que conta sobre a loja de seu marido. Segundo ela, são vendidas roupas sobretudos, vestidos, fraques e acessórios nos estilos dark, gótico e medieval. “A gente não tem um público certo, nem tanto os góticos estão vindo mais. Às vezes, alguns estrangeiros vêm”, completa. A loja Noelson Screen, que tem 25 anos, também afirma não ter um público específico: fazem camisetas personalizadas, com estampas “de bandas a religião”.

foto interior da galeria
Vista do interior dos corredores da Galeria do Rock. (Foto: Iolanda Paz)

Na possibilidade de se considerar a Galeria do Rock como um espaço multicultural, o geógrafo Jaime Tadeu Oliva afirma depender do ângulo pelo qual a enxergamos. Para ele, há uma certa especialização do local: voltado a uma cultura jovem e contestadora. Mas, por outro lado, essa mesma cultura adquiriu com o tempo uma diversidade interna. “Nesse sentido, a Galeria é multicultural, pois é aberta a diversos estratos sociais, comportamentos e modas”, afirma. Ao mesmo tempo, ele diz que é muito difícil um único endereço ter esse aspecto. O centro, por exemplo, poderia ser entendido como um espaço multicultural, por ter uma dimensão mais abrangente. A Galeria, então, seria um de seus elementos.

Promoção de eventos culturais

Que retorno a Galeria busca dar a seus frequentadores? Marcone fala sobre os projetos desenvolvidos pelo Instituto Cultural Galeria do Rock, do qual seu pai é presidente. Segundo ele, o instituto funciona desde 2011. “Há 7 anos, nós começamos a estudar como fazer esse trabalho da melhor forma possível”, ele diz. Para a realização dos projetos, ele afirma que a gestão não tem verba suficiente, o que traz certos obstáculos.

Com relação às novas bandas, Marcone admite que, por mais que tente incentivá-las abrindo espaço para que toquem na Galeria, por exemplo , o volume é tão grande que o instituto não consegue dar oportunidade a todas. “A melhor forma que encontramos foi dar acesso à informação: como elas podem viver de música?”, diz ele. “O início do projeto de workshops é isso.”

Enquanto conversamos, ele recorda que, por coincidência, um workshop está sendo realizado no terraço da Galeria. Subimos até lá e vemos dicas de como apresentar corretamente uma banda ao público e à imprensa sendo dadas. O palestrante Marcos Chomen, representante da CDBaby fala da necessidade de facilitar a comunicação para atingir 0 público alvo; e dá exemplos de como manter as páginas das redes sociais sempre atualizadas, além de como definir o estilo e o nicho.

Muitas bandas ainda querem gravar discos e poucas pessoas sabem como funcionam os serviços de streaming, comenta Marcone, ao meu lado. Segundo ele, a Galeria quer estar sempre na vanguarda, participando desse movimento de renovação do mercado. “Não necessariamente um produtor vai fazer sua banda bombar”, ele diz. Hoje, é muito mais importante ter qualidade e conseguir conversar com seu público. A maior parte do lucro vem dos shows, mas, cada vez que alguém ouve uma música no Spotify, por exemplo, uma fração da mensalidade da pessoa vai para a banda.

Os workshops promovidos, como ele afirma, estão justamente buscando levar informação sobre a maneira de lucrar nos novos tempos. O projeto é recente “ainda é um laboratório”, ele fala , mas, no ano que vem, o instituto quer trazer mais gente e mais eventos.

O Instituto Cultural também promove um walking tour. Nas palavras de Marcone, eles perceberam que muitos frequentadores da Galeria tinham receio de andar pelo centro. Resolveram criar o projeto para valorizá-lo, mostrando às pessoas locais interessantes da cidade. Existem quatro roteiros: histórico, cultural, galerias do centro e street art. Os passeios são feitos em parceria com a empresa I Love SP Tours, sendo pagos.

foto jardim do Rock
O Jardim do Rock, como é conhecido. Um lugar que não fica aberto ao público. (Foto: Iolanda Paz)

Deixando o workshop, Marcone me leva para conhecer o jardim da Galeria, situado também na cobertura do prédio. Ao adentrá-lo, uma calma me inunda. É realmente um local muito agradável de se estar: uma união de plantas com prédios ao redor. Um toque de verde na tão amada selva de pedra de SP. Lâmpadas pequenas estão dispostas em fios que atravessam o ambiente e a única coisa em que consigo pensar é como ele deve ser bonito de noite com aquelas luzinhas redondas trazendo uma iluminação amarela acolhedora.

Uma pena é o local ser utilizado apenas para eventos especiais, como me conta Marcone. Um deles é outro projeto do Instituto: o Jardim do Rock, um curso também pago de horta urbana, que trata sobre agricultura orgânica e caseira. O objetivo é ensinar técnicas e dicas para que as pessoas montem suas próprias hortas em casa.

Mas, se o jardim é florido, nem tudo são flores na Galeria. Mais cedo, quando caminhava por ela, encontrei uma loja de DVDs que seria fechada na semana seguinte, depois de 8 anos no local. Lembro  uma reflexão de Toninho: “O que é o CD? Uma mera mídia”. Para ele, estamos passando por um processo de modernização e não é o CD que faz a cultura do rock. Ela é algo muito maior: está no comportamento, nos costumes e nas ações que estão realizando na Galeria.

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