A turnê “A Head Full of Dreams”, iniciada pela América Latina com show em Buenos Aires, chegou, enfim, a solo brasileiro. Começando por São Paulo, a banda britânica Coldplay, que não vinha ao Brasil desde 2011, apresentou-se no Allianz Parque na última noite de quinta-feira (07/04). Para o próximo domingo, dia 10, está previsto ainda show no Maracanã (RJ).
Como atração de abertura nacional, a cantora Tiê foi chamada. Demonstrando muita honra e modéstia por ter sido convidada, antes de tocar seu hit “A Noite”, trilha sonora da novela I Love Paraisópolis, disse: “que eu sei lá quando eu vou voltar a tocar em estádio, vamos aproveitar para cantarmos juntos”. O público acatou seu pedido e um clima de romance instaurou-se, com direito a áudios mandados por whatsapp para amantes que não estavam presentes.
Depois, a artista britânica Lianne La Havas surpreendeu e deixou boquiabertos muitos fãs do Coldplay que não a conheciam. Com sua voz potente e sensual, mesclada a seu perfil doce, preencheu o estádio com baladas soul e muito suingue. Em sua apresentação, trocando inúmeras vezes de guitarra, mostrou-se extasiada com o público brasileiro. Fez diversos corações para a plateia e, antes de começar uma de suas músicas favoritas, em clara referência ao seu contentamento com a animação do público, falou: “You’re amazing. This song is called unstoppable, like you”.
Durante a espera pela atração principal da noite, houve uma tentativa não bem sucedida de entoar “Fora Dilma!”, durando cerca de meio minuto. Perto do palco, na pista, bexigas amarelas começaram a ser vistas em meio à plateia. A ansiedade do público foi quebrada com o surgimento do vocalista Chris Martin, que iniciou o show com a música “ A Head Full of Dreams”, título do sétimo álbum e da turnê.
As bexigas amarelas ganharam imenso significado quando a banda emendou “Yellow”, transformando a iluminação e o estádio inteiro nessa cor. Também lançaram papeis picotados em formatos de coração, estrela e passarinhos, como na música “Every Teardrop is a Waterfall”.
A euforia inicial foi amenizada com uma pausa para “The Scientist”, música inesperada do segundo álbum (A Rush of Blood to the Head, 2002), fase mais escura e lúgubre da banda. “Birds” e “Paradise” foram responsáveis por trazer de volta o clima indie, utilizando o telão central para reproduzir paisagens envolventes. Aproximando-se do centro do estádio e, assim, dos diversos setores, Chris Martin cantou “Everglow”, “Ink” e “Magic” em um segundo palco, menor que o principal.
Em “Adventure of Lifetime”, o estádio foi transformado em uma verdadeira balada: balões coloridos distribuídos pela pista, efeitos de luzes psicodélicas e macacos dançando no telão são exemplos de toda a produção que o show suportou. Chris Martin ainda pediu, em português, para que todos se abaixassem em determinado momento, pulando juntos quando a música retornou.
Na entrada do show, pulseiras de LED apelidadas de “xylobands”, foram entregues ao público. Em diversas músicas, elas eram acesas e pulsavam. O ápice foi na canção “Charlie Brown”, quando, enfim, o Brasil pôde ter sua versão reduzida da turnê do álbum “Mylo Xyloto”. O verso “we’ll be glowing in the dark” (“nós estaremos brilhando na escuridão”) traduziu perfeitamente a sensação do momento.
Mesmo com a predominância de músicas do último álbum lançado em dezembro de 2015, a banda Coldplay conseguiu agradar fãs de todas as suas fases, sem decepcionar ninguém. Hits clássicos como “Clocks” e “Fix You” estiveram ao lado de outros como “Magic” e “Viva la Vida”, esse último com direito a arrepiante introdução entoada por coro.
A penúltima canção, “A Sky full of Stars”, reservou muitas emoções para o público. Desde Chris Martin correndo pela passarela e pulando junto com seus fãs, até o próprio vocalista parando tudo em meio à parte eletrônica da música. Ele conseguiu ler cartazes com pedidos de ajuda de noivado e chamou ao palco dois casais. As duas moças aceitaram e a cena terminou com um abraço quíntuplo.
Encerrando a noite com “Up&Up”, a banda prometeu voltar logo ao Brasil. Diante de um show tão bem produzido e inesquecível, foi deixado aos fãs apenas a opção de ficarem com as mentes cheias de sonhos, o que explica, talvez, o nome da turnê: “A Head full of Dreams”.
Por Iolanda Paz
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