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10 motivos para continuar amando Friends

Uma das séries de televisão americana mais famosas e queridas pelo público, FRIENDS, é frequentemente alvo de muitas críticas. Os apontamentos costumam ser em relação às problemáticas da série que envolvem, por exemplo, a falta de personagens negros, o machismo presente em alguns dos protagonistas e em certos diálogos, e a gordofobia que serve de …

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Uma das séries de televisão americana mais famosas e queridas pelo público, FRIENDS, é frequentemente alvo de muitas críticas. Os apontamentos costumam ser em relação às problemáticas da série que envolvem, por exemplo, a falta de personagens negros, o machismo presente em alguns dos protagonistas e em certos diálogos, e a gordofobia que serve de piada para alguns momentos do seriado.

Todas essas críticas, certeiras e justas, são apontamentos extremamente necessários. Mas, ao considerarmos seu contexto na televisão dos anos 1990, a série de audiência monstruosa merece algum mérito e pode ser considerada, de certa forma, progressista, já que trouxe à tona alguns temas que até hoje, em 2018, são considerados tabu por alguns e custam a aparecer, por exemplo, nas telenovelas brasileiras. Por isso, para acalentar o coração dos fãs apaixonados de diferentes gerações, aqui estão alguns motivos para continuar amando a série, apesar de suas merecidas críticas.

(Contém spoilers!!!)

 

Pitadas de desconstrução de padrões de gênero

Apesar de errar no tempero da série com os sabores nada agradáveis de certos machismos e conteúdos problemáticos, Friends tenta equilibrar o prato com pitadas válidas de desconstrução de gênero, valendo citar: o homem babá contratado por Rachel e Ross para cuidar de Emma (Ross demonstra grande resistência e lida de um péssimo jeito com a situação, mas a série, através dos demais personagens, julga essa atitude como errônea), Ben, escolhendo por brincar com bonecas e novamente encontrando resistência de aceitação em Ross, que mais uma vez é julgado pelos outros personagens da série trazendo a discussão positiva sobre o assunto.

 

Homoafetividade

A série de David Crane e Marta Kauffman ganha alguns pontos ao considerarmos a maneira tranquila que aborda a homossexualidade da personagem Carol, ex esposa de Ross. Carol se assume lésbica, se casa com a mulher que ama, e sua relação com Susan ainda quebra a ideia errada de que relacionamentos lésbicos devem ter um “homem” da relação.

 

Transexualidade

Na sétima temporada, a série nos apresenta o pai de Chandler: uma mulher trans que se relaciona com homens e vive a vida dos seus sonhos fazendo o que ama um show em Las Vegas, no qual canta e dança. Essa personagem significa alguém que transgrediu as regras da sociedade após ser oprimida por elas (por muito tempo o pai de Chandler foi casado). Chandler não cultiva uma boa relação e demonstra ao longo da série sentir muita vergonha do pai por suas escolhas, mas após essa aparição onde é apresentada para o público pela primeira vez, o personagem parece amadurecer e ser mais compreensível com o pai, convidando-o para seu casamento.

 

Divórcio

O fim de um relacionamento sério é abordado diversas vezes na série. A começar por um que nem chegou a virar casório: a personagem de Rachel, que começa transgredindo barreiras desde o primeiro episódio, onde é apresentada ao público depois de abandonar seu noivo no altar, com quem estava se casando por puro comodismo. A partir de então, a personagem só evolui, buscando sua felicidade e sua independência financeira e emocional. As reflexões sobre o assunto também são despertadas, por exemplo, nas diversas vezes em que acompanhamos o drama de Ross em superar o fim de seu casamento, mas acaba compreendendo que Carol, sua ex-esposa, precisava seguir sua felicidade, quando a leva até o altar depois que ela decide se casar novamente, com Susan.

Mesmo assim, Ross ainda demonstra diversas vezes na série dificuldade em aceitar totalmente o fim, mas essas atitudes são sempre julgadas erradas e passadas para o público como algo não bacana. Um pouco depois, a série também ensina sobre a aceitação do assunto ao mesmo tempo em que mostra mais uma vez uma mulher se desprendendo dos papéis que a sociedade lhe impôs: quando a mãe de Rachel, inspirada pela filha, se divorcia do marido para seguir sua felicidade, e Rachel tem que lidar com a desconstituição do que ela chamava de família, mas aprende que seus pais tem desejos próprios e que todos têm o direito de tentar alcançar a felicidade de diferentes formas e recomeçar.

 

Sororidade

Em geral, Friends não se utiliza da rivalidade feminina para desenvolver a trama, já ganhando alguns pontos. Pelo contrário, em muitas ocasiões demonstra preferência em contar sobre o apoio entre mulheres. Alguns momentos que se destacam são, por exemplo, quando logo no começo da série o então namorado de Rachel, o italiano Paolo, começa a demonstrar segundos interesses porn Phoebe, quando atendido na clínica de massagem onde ela trabalhava. A massagista logo conta para a amiga, numa cena repleta da doçura e delicadeza que só uma mulher consegue ter para com outra. Após o acalento de Phoebe através de cookies de aveia, leite morno e colo, Rachel termina com Paolo.

Encerrando a série com chave de ouro, temos Mônica abrindo mão do nome que sempre sonhou em batizar sua filha, para que Rachel pudesse nomear de Emma sua filha recém nascida, feliz. Esses são apenas alguns exemplos, mas a série é recheada de momentos comoventes de apoio entre as personagens femininas. Em geral, elas são muito bem trabalhadas e construídas, com personalidades marcantes, transgressoras, independentes, determinadas, e ainda cômicas, com  ajuda do roteiro que não costuma ceder a piadas preguiçosas e sexistas.

 

Barriga de Aluguel

A atitude de emprestar o corpo para gerar o filho de outra pessoa ainda é assunto debatido até hoje, e Friends merece certo mérito por ter abordado o tema logo no começo da série, em 1998. A temática ainda ganha pontos pela estratégia criativa, ousada e cômica: toda a trama acerca da barriga de aluguel se desenvolveu como uma forma de continuar gravando quando a atriz Liza Kudrow, que interpretou Phoebe, estava grávida.

 

Adoção

Hoje em dia existem muitos seriados que abordam a temática de filhos adotivos, mas Friends, em 2004, inovou e surpreendeu o público ao mostrar Chandler e Mônica descobrindo serem estéreis. A série aborda o tema de maneira interessante, mostrando o drama de um casal ao se deparar com essa notícia e analisando suas opções, e acerta trazendo a adoção como uma ótima escolha. De forma cômica, introduz levemente ao público as dificuldades e etapas do processo de adoção de uma criança, e encerra mostrando a felicidade de Mônica, que sempre sonhou em ser mãe, plenamente realizada segurando os filhos no colo.

 

Pedido de Casamento de Mônica e Chandler

Até hoje, é geralmente esperado que o pedido de avançar para um relacionamento mais sério parta do homem, em relações heterossexuais. Friends acertou e chocou o público quando Mônica prepara uma surpresa e se ajoelha, pedindo Chandler em casamento à luz de velas. Mesmo que depois a chef de cozinha não consiga completar o pedido por estar muito emocionada, a série ganha pontos pela iniciativa.

 

Mulheres falando abertamente sobre sexo e abraçando sua sexualidade

As personagens femininas frequentemente conversam entre si e com os amigos sobre sexo, abraçando seus desejos, vontades, e a ideia e o direito do sexo casual – abordando implicitamente até mesmo temas como a masturbação feminina. Com destaque para Nora Bing, mãe de Chandler, que escreve livros sobre sexo e fala abertamente sobre sexualidade.  monica seven

 

Mulheres construindo carreiras

Ainda sobre as excelentes personagens femininas de Friends, cada uma delas dá voz para diferentes relações com a carreira. Rachel, a fim de se desprender da dependência financeira dos pais e de um possível marido, passa por diversos empregos, sempre crescendo nos cargos e ao final, é uma mulher de carreira consolidada no ramo em que ama. Mônica também segue seus sonhos, não se deixando vencer por empregos desanimadores, e sempre se impondo de maneira correta e justa. Quando numa entrevista de emprego ela é abordada de forma desconfortável pelo entrevistador, que parecia ter segundas intenções, ela se impõe, não aceitando a situação. Se mostra totalmente integra também quando recebe a oferta de Pete, um cara rico que demonstra interesse por ela (e posteriormente, namoram) e diz que gostaria de comprar um restaurante para que ela fosse a chef de cozinha. Mônica não aceita e continua sempre correndo atrás de seus objetivos com a determinação tão característica da personagem.

Phoebe, por sua vez, se destaca ao mostrar que na vida também temos a opção de não necessariamente querer perseguir uma carreira, e que tudo bem. A personagem é extremamente feliz com suas escolhas profissionais que não atendem às expectativas de sucesso da sociedade capitalista selvagem de Nova York: massagista e artista, Phoebe se divide entre ganhar o suficiente nas massagens e se divertir e fazer o que ama compondo, tocando e cantando. Transgressora, Phoebe nada contra a corrente de empreendedores engravatados presos em cubículos, trabalhando em coisas que odeiam para comprar coisas que não precisam. As únicas expectativas de sucesso que Phoebe quer atingir são as suas próprias: viver uma vida boa, leve e alegre.

Por Giovanna Stael
giovannastael@usp.br

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