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42ª Mostra Internacional de SP: A Terceira Esposa

Este filme faz parte da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui. Incômodo e detalhista: essas são as palavras que definem A Terceira Esposa (2018, The Third Wife), de Ash Mayfair. O longa vietnamita tira a indiferença dos olhos atentos da primeira à última cena. Apesar da batida …

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Este filme faz parte da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui.

(Imagem: Divulgação)

Incômodo e detalhista: essas são as palavras que definem A Terceira Esposa (2018, The Third Wife), de Ash Mayfair. O longa vietnamita tira a indiferença dos olhos atentos da primeira à última cena. Apesar da batida metáfora da metamorfose da lagarta em borboleta, explícita em diversas cenas, a produção a encara com veemência, principalmente pela brutalidade dos acontecimentos.

Ambientado no século XIX, no Vietnã rural, o filme se inicia no casamento de May (Nguyen P. Tra My), uma adolescente de 14 anos, com um grande proprietário de terras. A obra passa por cima dos eventos da celebração matrimonial, saltando para o momento de núpcias, com tradições locais. O primeiro episódio traumático do amadurecimento forçado da jovem.

Ao comentar sobre o longa, poder-se-ia elaborar reflexões sobre a condição de submissão feminina, poligamia ou casamentos impostos por questões sociais, mas isso seria limitá-lo ao contexto histórico comum às narrativas da época. O objeto que de fato distingue A Terceira Esposa de ser mais um relato ficcional sobre o passado é a atemporalidade do trauma causado pela maturação.

O que está em xeque não é a sociedade da época, não é o excesso de chuva do clima vietnamita, mas como os eventos externos imprimem uma transformação no “eu”. Perder a virgindade, sentir dor ao ter relações sexuais, presenciar um caso de amor proibido, um suicídio, ser mãe sem preparo algum, não estão restritos ao Vietnã do século de XIX, qualquer ser humano em qualquer época da História pode se deparar com essas experiências.

São, também, essas eventualidades que provocam o sentimento de impotência, medo, dor e transformação não só em May, senão no espectador igualmente.

(Imagem: Divulgação)

Como obra cinematográfica, todo o impacto emocional causado não seria tão intenso sem uma câmera impecável. Detalhista. Minimalista. Ela está a maior parte do tempo em um plano fechado, chega a ser sufocante. As imagens estão, quase em todo momento, focadas no detalhe: nas águas, na terra, na flor, na lagarta, na borboleta. O longa possui poucos diálogos, talvez porque as cenas falam por si só, somadas a uma trilha sonora de imersão.

Se fosse necessário sintetizar esse premiado longa em poucas palavras, “o detalhamento da tragédia” caberia de modo justo.

Confira o trailer (em inglês) abaixo:

Por Tainah Ramos
tainahramos@usp.br

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