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A fantasia urbana de “Thomas e sua inesperada vida após a morte”

Criamos um costume tão forte de consumir histórias de fantasia infanto-juvenis em formato de sagas que sequer paramos para pensar — tanto da posição de leitores como de autores — em como construir uma que tenha começo, meio e fim em apenas um volume. No caso de Thomas e sua inesperada vida após a morte, …

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Criamos um costume tão forte de consumir histórias de fantasia infanto-juvenis em formato de sagas que sequer paramos para pensar — tanto da posição de leitores como de autores — em como construir uma que tenha começo, meio e fim em apenas um volume. No caso de Thomas e sua inesperada vida após a morte, de Emma Trevayne, esse espaço se resume a exatas 235 páginas, divididas em vinte e um capítulos.

Conhecemos seu protagonista enquanto ele está desempenhando uma tarefa um tanto peculiar, mas completamente rotineira em sua vida: percorrer um cemitério londrino na companhia de seu pai, Silas, cavando sepulturas em busca de algo valioso que possa ajudar a família a sobreviver. Estamos no que parece uma Londres vitoriana, com sua desigualdade gritante, psíquicos charlatões em meio à onda do paranormal e as ruas sujas de um país recém industrializado que funciona à base de carvão.

Thomas leva uma vida ruim, porém comum; até o dia em que uma das sepulturas que invade revela um corpo completamente igual ao seu. A partir desse acontecimento, ele começa a questionar suas origens: seriam aqueles seus verdadeiros pais? Teria ele tido um irmão que lhe foi roubado? Enquanto Thomas tenta desvendar esses mistérios, o leitor é apresentado a outro ponto de vista que, desta vez, não é tão condizente àquilo que esperamos da Inglaterra da virada do século: quem observa o protagonista e tenta ajudá-lo a solucionar o quebra-cabeça são fadas. Mantidas em cativeiro por um homem que diz falar com os mortos, elas são seres hipersensíveis ao metal, presente em abundância em todos os cantos de uma metrópole da qual não podem escapar.

Com capítulos curtos que se assemelham a pequenos episódios de uma série de televisão, o livro desenvolve a trama de modo dinâmico e mantém um ritmo agitado, percorrendo os passos de Thomas pela cidade em sua trajetória para entender onde ele se encaixa no mundo e na tentativa das fadas de escapar. Em meio à aventura, a narrativa incita reflexões sobre a ganância humana — personificada por Mordecai, o paranormal que aprisiona as fadas — e como ações excepcionais são escolhas, e não um destino.

Um aspecto interessante da narrativa é explicitar a coexistência desse mundo mágico das fadas com pontos reais de uma cidade conhecida globalmente. Mesmo não ambientada no presente, a presença dessa possibilidade na história alimenta uma curiosidade acerca dos mistérios que um lugar comum pode esconder — a experiência deve ser mais interessantes para leitores que habitam ali, mas ainda ganha pontos.

Talvez por conta do condicionamento a ler séries de fantasia compostas por no mínimo três volumes, acabei a leitura com uma ânsia por um maior desenvolvimento — tanto da narrativa como das personagens, que acabaram por não inspirar tanta empatia — apesar do conflito ser resolvido de forma satisfatória. Apesar disso, Thomas e sua inesperada vida após a morte é uma boa escolha para leitores jovens pouco acostumados a longas narrativas que desejam uma introdução ao gênero da fantasia.

Por Bárbara Reis
barbara.rrreis@gmail.com

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