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A história da jovem comunista que o partido matou

Imagem: Capa do Livro / Companhia das Letras / Reprodução  Por Giovana Christ | giovanachrist@usp.br A história de Elvira Cupello Colônio (ou, como dita seu codinome, Elza Fernandes), passa despercebida entre as muitas histórias de tortura e assassinatos cometidos na Ditadura Vargas no Brasil (1930-1945). A jovem de — como destacado no livro, a idade de Elza …

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Imagem: Capa do Livro / Companhia das Letras / Reprodução 

Por Giovana Christ | giovanachrist@usp.br

A história de Elvira Cupello Colônio (ou, como dita seu codinome, Elza Fernandes), passa despercebida entre as muitas histórias de tortura e assassinatos cometidos na Ditadura Vargas no Brasil (1930-1945). A jovem de — como destacado no livro, a idade de Elza é incerta — 16 anos era, na época, namorada do secretário geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro): Antonio Maciel Bonfim, de codinome Miranda.

Após o fracasso da Intentona Comunista — episódio que aconteceu em 23 de novembro de 1935 com o objetivo de, numa união do PCB com os militares, derrubar o governo de Getúlio Vargas — o partido chegou à conclusão de que haveria um traidor dentro do grupo e a garota foi logo indiciada por passar informações para polícia.

Essa suspeita veio do fato que, após ser liberada pela polícia (Elza e Miranda foram presos em 36), a menina visitava seu amante com frequência na prisão e passava bilhetes aos seus parceiros do partido. Com isso, Luís Carlos Prestes, militar de destaque na Intentona Comunista e também secretário geral do PCB, definiu por executar Elza.

A história do livro “Elza, A Garota” foi escrita pelo jornalista Sérgio Rodrigues e descreve o episódio final da vida de Elvira pelos olhos de um admirador do partido. Molina, aspirante a escritor e desempregado, aceita o convite do admirador: um velho militante do PCB, para escrever um livro sobre sua vida.

Xerxes, como o jornalista apelidou o velho, havia sido próximo de Miranda e Elza na época do Levante Comunista e ao longo dos encontros com o escritor, vai ditando tudo o que lembra de seus episódios no partido. Faz isso porque logo morrerá e teme que sua história morra junto.

Ao longo da narrativa — que mistura fatos históricos com ficção — o leitor está imerso na história contada por Xerxes, que vai definhando ao passar do tempo, e na vida de Miranda, que vai piorando conforme a história do livro que está escrevendo também.

O livro traz ideias que podem confundir quem se propõe a ler. Em meio a muitos dados históricos e numéricos — vindo dos acontecimentos da época — o modo de escrita que lembra um texto jornalístico muitas vezes se torna um empecilho para o leitor se manter na narrativa. Por outro lado, o conceito jornalístico de Sérgio Rodrigues se faz muito útil para descrever com objetividade e sensibilidade um acontecimento com episódios tão cruéis.

É fácil se imergir nas páginas de “Elza, A Garota” pois a sucessão de fatos é intensa e constituída de pequenos detalhes que resultam em um final trágico. As pausas que o autor faz por conta do intervalo entre os encontros de Molina com Xerxes intensificam o mistério dos acontecimentos da história de Elza e Miranda.

Com tanta tensão, o leitor é levado a um fim totalmente desconcertante mas que quebra as expectativas criadas acerca do o fim de Elza.

A leitura seja talvez um pouco pesada para o tempo em que vivemos. A morte de Elza foi desconhecida até que, quatro anos depois, seu corpo foi achado e reconhecido. Torçamos para que não existam mais vítimas como Elvira no Brasil.

 

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