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A internet e a quebra da hegemonia televisiva nos esportes

Por Bruno Menezes Primeiro foi o rádio e depois veio a televisão com um reinado que perdura até os dias de hoje inabalado. Com o advento da internet, no entanto, uma nova forma de transmissão de jogos de futebol – e outros esportes – vem ganhando força no cenário mundial. No Brasil, o Esporte Interativo é …

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Por Bruno Menezes

Primeiro foi o rádio e depois veio a televisão com um reinado que perdura até os dias de hoje inabalado. Com o advento da internet, no entanto, uma nova forma de transmissão de jogos de futebol – e outros esportes – vem ganhando força no cenário mundial. No Brasil, o Esporte Interativo é o carro-chefe quando se fala sobre divulgação de conteúdo esportivo via internet, mas uma novidade que surgiu no começo deste ano partiu diretamente de dois times do sul do país: Atlético-PR e Coritiba resolveram transmitir seus confrontos no Youtube e Facebook, não vendendo os direitos de imagem para nenhum canal televisivo.

Os direitos de transmissão de jogos no Brasil vêm sendo assunto de grande destaque desde o começo do ano passado. Isso porque, naquele período, começou o embate entre a Rede Globo e o Esporte Interativo com relação à compra dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro entre 2019 e 2024.

Atualmente, cada emissora conseguiu fechar contrato com um número considerável de clubes, o que gerou um conflito, visto que, de acordo com as leis vigentes, uma emissora só pode transmitir partidas quando possui contrato de transmissão com os dois times participantes. A situação evidencia o monopólio que a TV detém sobre o futebol nacional. Para não ficarem à mercê das grandes emissoras, porém,  dois clubes elaboraram uma estratégia diferente.

No começo do ano, as duas maiores potências do futebol paranaense resolveram fazer a transmissão do primeiro Atletiba da temporada inteiramente pela internet. A decisão foi tomada após os dois times recusarem o valor oferecido pela Rede Globo para a divulgação televisiva do confronto. Assim, a transmissão de três jogos entre as equipes até agora ficou por conta delas mesmas.

Final do Campeonato Paranaense deu o primeiro passo em direção a uma nova forma de transmissão (Imagem: Reprodução)

O primeiro embate, válido pela fase inicial do Campeonato Paranaense, foi o mais problemático: devido às irregularidades no credenciamento de alguns profissionais, a FPF (Federação Paranaense de Futebol) interrompeu a transmissão da partida, o que fez com que os dois times se recusassem a jogar, como forma de protesto, e o confronto fosse adiado.

A iniciativa dos clubes paranaenses contou, desde o começo, com amplo apoio de suas torcidas. Sandro Rios Marques, cônsul do Coritiba em São Paulo, conta que as demais partidas do campeonato foram transmitidas apenas nas TVs do Paraná e que a decisão do Coxa e do Furacão animou muito os torcedores que moram em outros estados: “Nós acompanhávamos os jogos do campeonato pelo rádio. Os únicos que assistimos foram o Atletiba da primeira fase e os dois jogos da final”. Além disso, ele considera a atitude dos dois times ousada e se mostra otimista com o futuro das transmissões esportivas no país: “Nós não dependemos mais da Rede Globo. Os clubes agora têm força para transmitir seus jogos por conta própria. O Atlético e o Coritiba faturaram mais com esses jogos do que o que a Rede Globo se dispôs a pagar pelo campeonato inteiro”.

A transmissão foi organizada conjuntamente pelos dois clubes, os quais tiveram liberdade para escolherem os profissionais que mais lhes agradavam. Para a narração e comentários das partidas válidas pela final do campeonato, foram convidados Giovani Martinello e Felipe Rolim, do canal Esporte Interativo, que, apesar de já estarem acostumados com transmissões via internet, ressaltaram a honra de poderem participar ativamente de um momento histórico para o futebol brasileiro. As repórteres de campo, por sua vez, eram funcionárias de ambos os clubes, o que, de acordo com Caio Eduardo Lemos, embaixador do Atlético-PR em São Paulo, contribuiu para o aumento da qualidade da transmissão: “Já aconteceu de outros canais errarem o nome do jogador durante todo o jogo, tanto para nós quanto para o Coritiba, demonstrando a falta de importância que dão para os clubes”.

Apesar de problemas técnicos terem ocorrido durante o primeiro jogo da final – os seis primeiros minutos da partida não foram mostrados – Caio classifica a experiência como positiva: “Todos gostaram muito pois facilita o acesso de forma geral. Dessa forma, não é necessário assinar um pacote PPV [Pay-per-view] de alto valor”.

Os Estados Unidos já adotaram a transmissão via internet para suas principais modalidades (Imagem: goredriders.org)

Nos esportes norte-americanos, a transmissão de partidas pela internet já é algo rotineiro. As principais ligas esportivas do país disponibilizam os seus jogos online e qualquer torcedor no mundo pode pagar um preço bem acessível dentre uma seleção de vários pacotes para poder assisti-los. É o caso da NFL, mais importante liga de futebol americano do mundo, na qual o espectador tem a opção de ter acesso a todos os jogos da temporada ou apenas às partidas do time escolhido. A NBA, liga de basquete, e a MLB, liga de beisebol, também seguem uma linha parecida de operação.

É importante ressaltar que, no caso dos Estados Unidos, a internet não serve como concorrente à televisão, mas como um complemento. A força desta dentro do país ainda é notável, como se pode ver pelo alto valor cobrado pelas emissoras para anúncios durante os jogos: no Super Bowl, final do campeonato de futebol americano, por exemplo, um espaço de 30 segundos para propaganda chegou a ser vendido por mais US$ 5 milhões em 2017. Desse modo, mesmo em um país como o Brasil, onde as grandes companhias de televisão detêm grande poder, não seria surpresa se outros times conseguissem seguir o exemplo dos paranaenses.

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