Videogame e tecnologia são assuntos que se misturam com facilidade. Novos lançamentos no mundo dos games são feitos com aquilo que há de mais atualizado e desenvolvido tecnologicamente, o que alimenta as expectativas do público e das empresas.
Atualmente uma das principais novidades tecnológicas com aplicação em videogames é a realidade virtual (VR), que por meio de diversos equipamentos, principalmente os Óculos VR, permite que os jogadores experimentem sensações e estímulos visuais, auditivos e motores, como se estivessem “dentro” do jogo.
Algumas tecnologias que mudaram os videogames
Além de maior qualidade gráfica e de processamento de imagem e som, muitas produtoras de videogames aprimoraram e desenvolveram novos equipamentos que modificaram diretamente a jogabilidade, o que revolucionou os mercados de suas épocas. Muitas dessas novidades foram tão impactantes que é praticamente impossível pensar em videogame sem considerar aspectos que hoje são comuns, mas antigamente eram visionários.
O primeiro equipamento de destaque é o Odyssey da empresa Magnavox, considerado o primeiro console de videogame por ser jogado em ambiente doméstico. Criado em 1972, seus jogos eram mudos e se resumiam a dois pontos luminosos que navegavam pela tela. Depois da criação do Odyssey, surgiram novas empresas, que investiram cada vez mais em tecnologias para aprimorar a jogabilidade e atrair o interesse do público.
Outro marco importante foi a adesão a controles sem fio. Já existentes em consoles anteriores, foi com o Xbox 360 e o Playstation 3 (Microsoft e Sony respectivamente) que os controles wireless se tornaram frequentes, permitindo maior liberdade aos jogadores, que deixaram de ficar presos a fios. Porém, quem revolucionou os controles de videogame foi o Wii. A desenvolvedora Nintendo criou um console em que os movimentos dos jogadores passaram a fazer parte da dinâmica dos jogos. Sendo assim, o controle do Wii, além de não precisar de cabos, permitiu que os botões fossem deixados de lado (até certa medida) e o jogo fosse controlado pelo próprio movimento do player.
![Nintendo Wii, jogado com sensores que reconhecem alguns movimentos. [Imagem: Flickr/Sergey Galyonkin]](http://jornalismojunior.com.br/wp-content/uploads/2020/09/nintendo-wii.jpg)
A realidade virtual no mundo dos games
O conceito de realidade virtual não é novo. Em 1961 já existiam precursores dos equipamentos de VR que temos hoje. A tecnologia consiste em mecanismos que visam simular as sensações reais de forma virtual. Por meio de equipamentos como óculos, botas, headsets e coletes, é possível induzir efeitos visuais, sonoros, táteis e motores. Eles criam experiências mais completas e imersivas para os jogadores, que passam a interagir plenamente com o cenário e com as dinâmicas do jogo.
O que esperar da realidade virtual em videogames?
Considerando os desenvolvimentos anteriores e a forma com que eles modificaram a maneira com que jogamos, é possível esperar que a realidade virtual siga os mesmos rumos. As tecnologias que hoje consideramos essenciais passaram por vários processos de testes, melhorias e adaptações. É provável que a realidade virtual que temos hoje seja apenas a fagulha para o desenvolvimento de equipamentos muitos mais avançados e precisos no futuro. Para a VR assumir uma posição central no mercado, ainda há alguns aspectos que precisam ser melhorados.
Um deles é o custo. Segundo Cairo Gouveia, diretor de arte da Fan Studios e professor de cursos de arte digital para jogos, a realidade virtual não substitui os videogames clássicos: “A revolução pode acontecer, mas isso só será possível quando tais aparelhos se tornarem acessíveis financeiramente”. André Pereira concorda com este ponto, e afirma que o elevado custo distancia a realidade virtual do grande público.
Outro ponto que precisa ser desenvolvido é o conforto. O escritor e gamer Ivan Nikolai acredita que os enjoos do Virtual Boy ainda não foram corrigidos na tecnologia atual. Segundo ele há muitas pessoas que ficam enjoadas com VR e inúmeras que chegam a nem testar as tecnologias: “Se no futuro tivermos um VR sem esse risco de enjoo, talvez faça o sucesso que todos esperam”.
Além da questão do enjoo, Nikolai acredita que para representar uma revolução é preciso desenvolver melhor os gráficos em realidade virtual, que para ele ainda são fracos: “Com a evolução da tecnologia talvez o VR alcance seu verdadeiro potencial. Por enquanto é uma experiência, e não algo que convença você de que está em outro mundo”.
Com este panorama, podemos apontar a realidade virtual como promissora, mas ainda distante de revolucionar a maneira com que jogamos videogame. A perspectiva segundo Tiago Zaidan, desenvolvedor de jogos e CEO da TDZ Games, é de que pelo menos por enquanto os jogos em VR não devem substituir os consoles tradicionais. De acordo com Tiago o mercado de realidade virtual vai se consolidar bastante com experiências em parques de diversão, shoppings e fliperamas, lugares em que é possível construir um ambiente maior e mais adequado: “A realidade virtual tem um espaço muito grande nesse tipo de experiência em que você pode realmente misturar o real com o virtual. Então acho que a VR vai por esse caminho em vez de seguir o caminho de casa. Acredito que em casa o pessoal vai continuar jogando no computador e no videogame”.
Cairo também vê o mercado como limitado, mas ressalta que a realidade virtual já está sendo utilizada em outras áreas além de jogos: “No mercado imobiliário, por exemplo, pessoas podem visitar seus apartamentos antes de ficarem prontos. Médicos e mecânicos treinam no meio virtual antes de operar de verdade. Esses e outros exemplos mostram que, com o tempo, cada vez mais investimentos serão feitos nessa tecnologia e, assim, a tendência será baratear e popularizar”. Segundo ele, da mesma forma com que consoles, PC e mobile têm seu público, haverá uma gama de jogadores dispostos a consumir jogos em realidade virtual.
Apesar de o público alimentar a curiosidade em experimentar dinâmicas de VR, o mercado ainda não está maduro. Mesmo a nova geração de consoles, que será lançada ainda em 2020 com videogames como o Playstation 5 e o Xbox Series X, não traz nenhum grande avanço em realidade virtual. É necessário mais desenvolvimento e aprimoramento para que as experiências sejam de fato completas e imersivas. A tecnologia, pelo menos nos moldes que temos atualmente, parece distante de revolucionar a maneira com que jogamos videogame.
Muito interessante, eu vivenciei este período e evolução dos games. Aprendi muito com está matéria.