No dia em que a seleção brasileira se despediu da Copa do Mundo do Catar, Holanda e Argentina se enfrentaram em busca de uma vaga nas semifinais. A vitória ficou para os hermanos argentinos que, em jogo com atuação brilhante de Messi e Martínez, venceram a Laranja Mecânica na disputa de pênaltis e se tornaram os únicos sul-americanos restantes na competição.
A classificação para as quartas
Depois de se classificar em primeiro em seu grupo, a Argentina derrotou a Austrália nas oitavas de final. O jogo acabou em 2 a 1, com um gol de Lionel Messi e outro de Julián Álvarez para a seleção albiceleste; Enzo Fernández, contra, para os australianos.
A Holanda também passou da fase de grupos em primeiro lugar. Na primeira partida de mata-mata, enfrentou os Estados Unidos e venceu por 3 a 1. Os gols da Laranja Mecânica foram feitos por Memphis Depay, Daley Blind e Denzel Dumfries, enquanto o gol estadunidense foi marcado por Haji Wright.
O primeiro tempo: Messi mostra a que veio
O início do primeiro tempo aconteceu como se esperava em um jogo entre essas duas seleções: bem marcado, equilibrado e com poucas oportunidades de finalização. A Argentina teve algumas poucas chances com chutes de Messi e De Paul, mas nada que oferecesse real perigo aos adversários.
Foi só aos 35’ que os argentinos conseguiram abrir o placar. A bola chegou nos pés do camisa 10 do time no meio do campo de ataque — e ele mostrou porque é considerado um dos maiores jogadores da história. Com pouco espaço, Messi driblou a defesa holandesa e fez o passe para Nahuel Molina, já dentro da área, correr na frente de Van Dijk e balançar a rede.
A partida continuou sem muitos lances importantes. Messi chegou a fazer um chute ao gol, que foi prontamente defendido por Noppert. Já os holandeses não conseguiram ter qualquer reação ao gol sofrido, e o primeiro tempo terminou no 1 a 0.
O segundo tempo: empate histórico
A segunda metade do jogo seguiu com o que se via no fim do primeiro tempo: predomínio dos argentinos no ataque. Aos 61’, Messi recebeu passe de De Paul e, enquanto se aproximava da área, sofreu uma falta. Ele mesmo quem realizou a cobrança, que passou por cima da barreira e foi em direção ao ângulo direito do gol, praticamente impossível para Noppert alcançar. A sorte dos holandeses foi que o chute, pouco mais forte que o necessário, passou por cima da trave, quase encostando no travessão.
Mas não demorou muito tempo para a Argentina aumentar sua vantagem. Aos 71’, Dumfries derrubou Acuña, que vinha pela esquerda, dentro da área e cedeu um pênalti aos argentinos. Messi novamente foi responsável pela cobrança: bateu à meia altura no canto direito — o goleiro holandês mal conseguiu sair do lugar.
Quem, no entanto, pensou que a Holanda desistiria de tentar virar um jogo tão desfavorável, estava enganado. Mostrando que futebol se joga até o fim, aos 83’, Berghius, que estava na direita, cruzou para dentro da área, para Wout Weghorst cabecear e marcar o primeiro da seleção. Os holandeses continuaram tentando o empate que não vinha.
E no fim dos acréscimos de dez minutos, quando o torcedor argentino já cantava a vitória e a classificação albiceleste, a Laranja Mecânica fez o impossível. Uma cobrança de falta próxima ao gol chamou a seleção holandesa para o tudo ou nada. Em vez de chutar direto para as redes, Koopmeiners entregou a bola para Weghorst, autor do primeiro gol, que fez o giro e marcou o segundo da Holanda — uma jogada ensaiada inacreditável que devolveu à arquibancada europeia um pouco de esperança.
Prorrogação: o desempate que não veio
A prorrogação deu continuidade ao jogo fechado de ambas as seleções. Os 30 minutos adicionais correram sem muitas grandes chances de desempate, apenas uma tentativa ou outra das duas equipes que, não podendo colocar tudo a perder, jogaram com cuidado.
Ao fim do segundo tempo, a Argentina mostrou sua vontade de não levar a partida aos pênaltis. Com uma sequência de ataques, os hermanos quase marcaram o terceiro. Lautaro, no meio da área, chutou forte no lado direito do gol, que foi brilhantemente defendido por um pulo de Noppert. Pouco depois, uma cobrança de escanteio foi parar aos pés de Enzo Fernández, mas o chute do camisa 24 desviou na defesa holandesa e parou em cima da rede. Ainda nos últimos minutos, os argentinos tiveram mais três boas chances de encerrar o jogo por ali, além de uma bola no último lance que bateu na trave.
Disputa de pênaltis: Martínez faz história
Terminada a prorrogação no mesmo 2 a 2 do tempo regulamentar, a disputa de pênaltis fez-se necessária pela segunda vez no dia. A Holanda começou cobrando com um de seus maiores nomes: Virgil van Dijk. Infelizmente para os holandeses, o goleiro argentino pulou na bola e defendeu com as duas mãos.
Logo em seguida, o capitão Messi cobrou. Um chute calmo de canhota foi o suficiente para colocar a Argentina na frente na disputa. Noppert pulou para o outro lado.
Novamente a Holanda. Berghuis bateu na direita, mas Martínez fez outra grande defesa. As cobranças seguiram com gols de Paredes, Koopmeiners, Montiel e Weghorst. Estava 3 a 2 para a Argentina quando Enzo Fernández bateu para fora. Luuk de Jong cobrou logo depois, marcou e deixou o placar em 3 a 3.
Se a Argentina, com uma cobrança a menos, perdesse o gol, a Holanda ainda poderia continuar na briga pela vaga. Mas Lautaro bateu em cima, na esquerda, para cravar os albicelestes nas semifinais da Copa.
Cartões, brigas generalizadas e comemorações emocionadas: um mata-mata de ânimos aflorados
Um jogo de tamanha importância naturalmente suscita na torcida — e mesmo nos jogadores — as mais variadas emoções. Em Argentina e Holanda, isso não foi diferente. A partida entre as duas seleções quebrou o recorde de cartões dados em um jogo em todas as Copas: foram 18 no total. O número de faltas cometidas ficou em 48.
E essa não foi a única polêmica do jogo. Quase no fim do segundo tempo, aos 88’, Leandro Paredes entrou dois carrinhos fortes em jogadores holandeses — e finalizou a jogada chutando a bola no banco adversário. Os reservas da Holanda invadiram o campo e iniciaram uma briga generalizada entre as equipes. Paredes recebeu um cartão amarelo.
Depois do fim da partida, também existiram reclamações sobre a comemoração da equipe argentina. A festa do time vencedor dentro de campo foi tida como uma provocação desrespeitosa por parte da imprensa. E nem Messi se livrou das manchetes: isso porque a estrela argentina, irritada em entrevista pós-jogo, chamou um dos atacantes adversários de “bobo”.
Argentina na semi: o próximo confronto
Classificada, a Argentina enfrenta na semi os algozes da seleção brasileira: os croatas, atuais vice-campeões do mundo. O jogo acontecerá na terça (13), às 16h, no Estádio de Lusail. O último confronto entre as duas equipes aconteceu na Copa de 2018, quando a Croácia goleou a Argentina por 3 a 0 na fase de grupos.
