Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Gosto se Discute: o velho e o novo no paladar paulistano

Nas ruínas do sucesso do restaurante Gusto, o chef Augusto (Cássio Gabus Mendes) enfrenta as dificuldades de manter o que já foi um dos estabelecimentos mais famosos de São Paulo, mas que agora está ultrapassado, longe do que os clientes querem e sob a ameaça de um food truck instalado do outro lado da rua. …

Gosto se Discute: o velho e o novo no paladar paulistano Leia mais »

Nas ruínas do sucesso do restaurante Gusto, o chef Augusto (Cássio Gabus Mendes) enfrenta as dificuldades de manter o que já foi um dos estabelecimentos mais famosos de São Paulo, mas que agora está ultrapassado, longe do que os clientes querem e sob a ameaça de um food truck instalado do outro lado da rua. Com a chegada de Cristina (Kéfera Buchmann), funcionária do banco que toma as rédeas do negócio, Gosto se Discute (2017) traz o embate entre o antiquado e o novo.

 Cristina, logo de início, sugere uma decoração e cardápio novos. Mais jovem que Augusto e com ideias mais contemporâneas, logo traça uma rivalidade com o chef, que quer manter tudo como sempre foi, mesmo reconhecendo o desinteresse do público e a decadência do restaurante, com a ideia fixa de que é apenas um momento passageiro de modismos. Ao longo da trama, o clichê de amor e ódio floresce, sem muitas outras surpresas, com os dois protagonistas se entendendo e se apaixonando.

 A atuação de Buchmann parece forçada de início. Sua personagem é muito forte, imponente, que sabe o que quer e do que o restaurante precisa, o que causa o choque de gerações com a personagem de Mendes, que tem mais idade e se considera mais experiente, justamente pelos anos na cozinha. Cristina, já a partir do momento em que se apresenta, deixa claro que não aceita brincadeiras ou que seja subestimada, o que trouxe uma não-naturalidade da própria personagem, como se toda a imposição tivesse sido tramada e ensaiada para alguns momentos específicos, porque logo se dissolve e fica mais discreta ao longo da história, enquanto sua figura de megera, teimosa e mandona também desaparece. O restante do elenco é bom e cumpre bem cada um dos papéis, mas nada extraordinário.

O filme traz uma trilha sonora que é, muitas vezes, desnecessariamente tensa, como se a temática, que é cômica, tomasse um tom de suspense que não se encaixa no contexto geral. O filme se passa em poucas locações, praticamente uma só – o restaurante Gusto -, e, considerando o baixo orçamento para a produção do longa, foi bem trabalhado.


O final deixou a expectativa de uma possível continuação, já que a última cena mostra o rival de Augusto, Patrick (Gabriel Godoy) – o dono do
food truck -, abrindo um restaurante ao lado do Gusto. Na coletiva de imprensa, a produção não confirmou se haverá mais um filme, mas também não descartou a ideia.

 A mensagem final do longa é que o velho e o novo podem estar em harmonia, já que um não se sobrepõe ao outro. Após o embate inicial, as principais personificações do antiquado e do inovador, Augusto e Cristina, acabam aceitando as diferenças e reconhecendo o talento de cada um, sem que as ideias de um ou de outro sejam colocadas como melhores ou piores. Entre os pratos incríveis e a beleza da culinária refinada, o filme é uma comédia leve e descontraída que, mesmo entre muitos aspectos previsíveis, traz algumas surpresas e entretenimento.

Confira o trailer:

Por Julia Mancilha
juliabman@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima