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Juventus: Prima Squadra – a ousadia de um clube, a aposta de uma empresa

Por César Costa  “Esta cena se repete a cada ano… …mas tem algo de diferente O maior time da história do futebol italiano está se reunindo, como se reuniu no último século, para tirar uma foto tradicional de grupo que irá simbolizar a sua união Mas, pela primeira vez, todos terão a oportunidade de ver …

Juventus: Prima Squadra – a ousadia de um clube, a aposta de uma empresa Leia mais »

Por César Costa 

Imagem: Juventus FC

“Esta cena se repete a cada ano…

…mas tem algo de diferente

O maior time da história do futebol italiano está se reunindo, como se reuniu no último século, para tirar uma foto tradicional de grupo que irá simbolizar a sua união
Mas, pela primeira vez, todos terão a oportunidade de ver mais do que apenas uma imagem abaixo das manchetes.

Verão mais que partidas, com uma perspectiva sem precedentes dentro do clube.

Nesta temporada, a Juventus F. C. convida o mundo a presenciar os bastidores de sua história. ”

Drama, poesia e soberba. O clima da série pode ser sintetizado por suas primeiras palavras, que trazem uma atmosfera de epopeia para a temporada 2017/2018 da Juventus F. C.. A produção documental Juventus: Prima Squadra, ou, em português claro, Primeiro Time, foi a primeira parceria entre a Netflix e um clube de futebol para criar um conteúdo inédito, e de nicho bem específico. O resultado, a finalidade dele, você confere agora nessa análise do Arquibancada sobre essa obra tão peculiar envolvendo esporte e cinema, uma mistura que já teve dos mais diversos resultados.

A série

O termo “Prima Squadra” se refere ao elenco profissional da Juventus, os titulares mais os reservas do time de futebol masculino, a parte mais conhecida. A série, do primeiro ao último minuto, mergulha na vida de diversos jogadores e visa mostrar ao público particularidades dessas super estrelas. Aqueles que parecem tão distantes acabam ganhando um tom de pessoalidade. O atleta deixa de ser uma máquina e passa a sensação de ter uma vida além do futebol – o que parece muito óbvio mas não é.

Além das quatro linhas: Miralem e seu filho Edin (Imagem: Netflix)

Além dessa parte mais privada, os episódios demonstram diversos momentos do dia a dia de um clube de futebol: treinos, jogos, tratamentos, até eventos de merchandising (se foi propositalmente, não há como saber). Talvez um deslize tenha sido não demonstrar cenas do vestiário, porém totalmente entendível já que muito do que é discutido ali não é desejado que vire público, principalmente pelos jogadores e comissão técnica.

E é passível de comentar as partidas que foram demonstradas ao longo da série. A Juventus escapou da zona de conforto de colocar, nos seis episódios de documentário, apenas triunfos ou acusar culpados para suas derrotas. Ao mesmo tempo que soube balancear os dois lados, também conseguiu transmitir a filosofia do clube de buscar a vitória sempre, independente do quão bem o time já esteja.

Sobre a série, também é interessante notar uma de suas finalidades: popularizar ainda mais o nome da Juventus. Principalmente depois do início da gestão de Andrea Agnelli, presidente da Juve desde maio de 2010, o clube tende a oferecer mais do que a maioria dos times de futebol em termos comerciais. Isso foi explorado mais a fundo pela nossa entrevistada.

O que acharam os bianconeros brasileiros?

Para falar mais sobre essa produção da Netflix, entrevistamos a administradora do Bianconeri Brasil, Patricia Pacheco. A ideia de criar uma página tratando exclusivamente da Juventus não veio do nada: “Eu já postava traduções de informações no meu Twitter pessoal e, como percebi que faltava o acesso a conteúdo ligado ao clube em português, resolvi criar a Bianconeri Brasil em outubro de 2015 no Twitter, no Facebook e no Instagram.”

Já falando sobre a série, por ser um produto diferente do que habitualmente é oferecido por um clube, ela comentou sobre as perspectivas, tanto dela, quanto dos torcedores brasileiros: “A minha expectativa era bem alta, justamente pela Netflix já ter um histórico de séries tão boas e ter uma experiência com o esporte norte-americano, porque inclusive a série da Juve foi seguindo essa linha deles de promover os esportes através de documentários.”

Eram esperados bons resultados, e assim aconteceu. Claramente não foi feita de qualquer jeito e trouxe uma grande produção à altura do clube e da produtora. Enquanto ao conteúdo, Patrícia enfatiza que a abordagem sobre a vida pessoal mesclada com bastidores de jogos e treinos foi mais um ponto positivo, agregando ainda mais ao produto final.

É de se comentar que a série não foi lançada de uma vez só, e sim dividida em duas partes. A divisão explora uma situação das temporadas de futebol: a primeira metade que indica os pretendentes aos títulos e a segunda em que acontece os desfechos e, em geral, é mais emocionante. “A forma como eles terminaram a primeira parte da série foi realmente perfeito porque você já tem a preparação do que viria na fase de mata-mata da Champions, deixando claro que era o ponto central da série. Ficou uma separação bem natural, uma parte que não teria como não instigar a pessoa a ver a continuação.“

O lado humano é a principal característica da série. Certamente, é o tema mais abordado, e mostra que essas super estrelas passam por problemas que qualquer pessoa enfrenta ou mesmo por situações das mais banais possíveis. Uma cena bem demonstrativa disso é um momento de solidão de Gonzalo Higuaín antes da primeira partida da temporada. Um momento que toca em detalhes extremamente simplórios, como a maneira que ele cuida de sua barba, até em sutilezas mais sentimentais, como a tatuagem com as iniciais de familiares. São tais cenas que trazem a maior proximidade do torcedor bianconero e fazem a série ser, de fato, relevante.

Patricia também afirma que é pertinente o foco nessa humanidade, principalmente pelo fato da Juventus ser “um clube focado na pessoa e não só no diretor”. Então, para ela, é um ponto positivo poder confirmar o caráter dos atletas.  

“A questão de usar a vida pessoal é dos tempos, não tem muito como fugir, porque, hoje em dia, todo mundo segue os jogadores no Instagram ou no Twitter e gosta de ficar acompanhando o que estão fazendo o tempo todo e a relação deles com a família. Eles mesmos expõem isso.” Para ilustrar, ela cita o exemplo de Andrea Barzagli: um jogador extremamente reservado mas que abre sua casa para o mundo conhecer sua vida. Prima Squadra faz com que o torcedor da Juventus sinta-se parte daquele mundo, e que ídolos intocáveis sejam um companheiro do dia a dia – algo que não só beneficia o clube, como alegra a vida do torcedor.

Outra frase capaz de sintetizar, de forma mais poética, o que Prima Squadra entrega ao espectador é a dita por Miralem Pjanic: “Sempre foi importante ter um equilíbrio fora da minha profissão, porque é fácil perder o senso de realidade. É sua família que nos lembra a importância da vida”. Os jogadores existem além do futebol e a série retrata isso de forma cirúrgica.

A modernização da marca Juventus é visível na evolução de seu escudo (Imagem: César Costa/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior)

O último tópico discutido com Patricia foi sobre a questão da expansão da marca Juventus. Ela trata a arrecadação como algo imprescindível e que deve ser feita de todas as formas possíveis, ou seja, explorando não só a imagem, como também investir em parcerias e buscar uma ampliação de mercado.

Todo esse investimento em áreas externas ao futebol potencializaram a arrecadação no consumo de produtos oficiais, possibilitando investimentos cada vez maiores no time principal. Para Patricia, tudo isso “foi um fator fundamental para conseguir comprar Cristiano Ronaldo”, o maior exemplo de sucesso nesta boa gestão.

‘Simplesmente’, a Juventus, que há 10 anos estava na segunda divisão italiana, agora traz para si um dos melhores jogadores da história do futebol. O sucesso é claro, e os resultados também são visíveis: sete vezes campeão nacional de forma consecutiva, além de duas finais de Champions League nos últimos quatro anos. A cereja do bolo seria, justamente, a conquista europeia.

E estruturalmente, notou-se uma evolução dentro do clube. Patricia destaca o complexo Jvillage: “É um local de referência, é uma coisa inovadora a nível europeu/mundial ter ali uma estrutura gigantesca que está completamente pronta para atender todas as necessidades. (…) Ele pode fazer qualquer tipo de exame no Jmedical, depois fica hospedado no Jhotel, em concentrações para os jogos em casa, então ele tem ali todo o suporte”

E o que ela diz como suporte vai além das principais estrelas. Na Itália, o futebol feminino ainda é uma categoria amadora e que ainda briga para ser profissionalizada. Mesmo assim, a Juventus criou seu próprio time de futebol feminino, o Juventus Women, e já conquistou na sua temporada de estreia o título nacional.

O investimento acontece em todas as modalidades e em todos os aspectos. Como diz Patricia, “o clube como um todo está focado em seguir crescendo esportivamente, em termos de visibilidade, marketing, financeiro obviamente, e ampliando também a torcida, porque tem agora até um time feminino para as meninas se inspirarem e terem as suas jogadoras favoritas.”

Ela finaliza ainda dizendo que tudo isso que o clube vem construindo é motivo de orgulho. E não tem como discordar. Diante de um cenário mundial no qual os clubes italianos não tem mais a relevância que de alguns anos atrás, uma Juventus buscando tornar-se um símbolo mundialmente conhecido é de se aplaudir de pé. Cada vez mais, a Vecchia Signora constrói degraus com suas vitórias e cresce em cima de seu próprio sucesso. Todos esses êxitos são uma raridade e devem ser apreciados até a última partida dessa fase tão vitoriosa da história bianconera.

Imagem: Netflix

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