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Liniker e os Caramelows no SESC Pinheiros – a promissora evidência de talento nacional

Liniker demonstra ser uma personalidade de impacto desde que ficou mais conhecida pela viralização de seus clipes em 2016. Zero e Caeu foram a introdução de muitos para a nova voz da música contemporânea brasileira. No último dia 9, em show no Teatro Paulo Autran, do SESC Pinheiros, provou que o visual andrógino e a …

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Liniker demonstra ser uma personalidade de impacto desde que ficou mais conhecida pela viralização de seus clipes em 2016. Zero e Caeu foram a introdução de muitos para a nova voz da música contemporânea brasileira. No último dia 9, em show no Teatro Paulo Autran, do SESC Pinheiros, provou que o visual andrógino e a estética não são apenas acessórios, mas parte igualitária de artista completa, sustentada pela sua grande versatilidade sonora e vocal. Estudante da Escola Livre de Teatro de Santo André com outros contemporâneos da música atual como Linn da Quebrada (à qual dedicou uma música ao longo do show), Liniker surge como uma respiração de ar fresco.

Liniker e os Caramelows surgiu junto com uma onda de outros novos artistas que desafiavam as noções tradicionais estéticas e sonoras, e se estendeu com sucesso a ponto de atingir fronteiras para além do Brasil, chegando a fazer uma turnê pela Europa. Se ainda não deixou sua marca tão efetiva na sociedade brasileira geral, o espetáculo do SESC mostrou o potencial do grupo.

A abertura do show se deu com a agitada Louise du Brésil, que serviu para aquecer os ouvidos dos espectadores. Com seu típico visual leve mas instigante, a cantora iniciou a performance de maneira eufórica e manteve uma energia contagiante que não permitia muito descanso.

O talento vocal ficou evidente com apenas algumas músicas e o show serviu como um grande espaço de prova para a extensão da sua habilidade. Momentos como o de “Sem Nome, Mas com Endereço”, música lenta com letra classicamente romântica, serviram para que demonstrasse ao público extasiado a sua potência. Com apenas um holofote, naquele instante, o que bastou para preencher facilmente o teatro foi somente uma voz. Com o microfone distante, a cantora entoou as notas finais em completo silêncio do público, envolvido de forma sublime.

Outro marco foi a exploração de diferentes formas de instrumentação e construções sonoras alternadas: algumas com forte velocidade e dinamismo eram rapidamente substituídas por ritmos lentos e intimistas. Nesses, os instrumentos de sopro tomavam um grande papel de protagonismo (algo que é constante durante todo o show), e promovem uma riqueza ainda maior. Isso já era algo constante em seu álbum Remonta, lançado em 2015, que sofria diferentes influências sonoras e utilizava-se desse dinamismo, que ficou muito mais evidente ao vivo.

A instrumentação, por sinal, assume a liderança em diversos momentos, favorecida pelos seus mestres: os Caramelows. Além dos imponentes saxofone e trompete, todos os membros da banda se juntam como protagonistas do cenário. “Chicha Morada”, uma composição nova com influências de sonoridade latina, serviu como uma forte evidência não apenas da versatilidade musical da banda, mas também como amostragem da perfeita e necessária junção da instrumentação com todos os demais elementos do show.

“Ralador de Pia” pode ser uma grande evidência desse fator. Uma composição intimista que já era um ponto alto do álbum “Remonta” não deixa a desejar em seu desempenho ao vivo. Com sua letra instigante (Vou levar meu coração / Untado por sofreguidão, que é pra ver se da / Alguma coisa nossa) e instrumentação rica com evolução progressiva ao longo do desenrolar da música, se constrói de forma a inserir sons cada vez mais intensos e criar um verdadeiro ápice de euforia (marcado principalmente pelas cordas da guitarra e a potente bateria), que já provaram ser intensos na gravação e são ainda mais evidentes na iluminação exaltada e excêntrica que criam uma sensação de liberação sentimental.

A desenvoltura do espetáculo cria um clima de intimismo ao mesmo tempo em que é marcado pela sua imponência e grandeza, que serve de paradoxo para demonstrar a construção orgânica e despretensiosa do momento. Isto é, o contexto se elabora de forma a parecer próximo do público pela intensidade das sensações. Como em “Tua”, as interações entre a voz e o timbre do saxofone ressaltam um diálogo de improviso, em que nada parece muito ensaiado ou programado, mas o conjunto se apresenta no ponto certo, sem elementos que destoem do restante. Sonoridade, iluminação, e visuais se fundem para criar uma verdadeira atmosfera de imersão com muita vida e pluralidade.

Por Beatriz Gatti e Daniel Medina
beatrizgatti.c@gmail.com | danieltmedina@gmail.com

 

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