Em janeiro deste ano a Netflix lançou mais uma produção original e nacional. Com apenas 1 temporada de 6 episódios até o momento, Onisciente mostra uma sociedade utópica na qual um sistema tecnológico torna a privacidade e a segurança pública impecáveis. No cenário apresentado as pessoas são monitoradas por drones em formas de libélulas, de uma empresa privada chamada Onisciente.
O seriado conta a história de Nina Peixoto (Carla Salle), trainee na Onisciente, e do assassinato de seu pai, Inácio Peixoto (Marco Antônio Pâmio). O suspense é alimentado pela dúvida do porquê o sistema falhou em não detectar o assassino do pai de Nina; e acompanha o plano da jovem. Ela busca ser efetivada na empresa e conseguir acesso aos dados do pai através do computador central, nunca acessado por humanos. Para isso, Nina se alia ao irmão Daniel (Guilherme Prates) e à assessora do prefeito da cidade, Judite (Sandra Corveloni).
Um aspecto da série é que as pessoas são disciplinarizadas por meio do medo, já que são monitoradas a todo instante. A visibilidade dos indivíduos se torna uma armadilha e surge como uma estratégia de poder por parte da Onisciente, que passa a controlar as ações dos cidadãos.
Na série, a privacidade é um chiclete de sabor infinito. Os dados coletados pelos drones são inacessíveis até mesmo para quem está sendo vigiado. Eles ficam armazenados no computador central e a tentativa de violação deste hardware tem uma das penas mais severas promovidas pelo sistema. Incentivada por Judite, cabe a Nina arriscar sua liberdade e acessar a central sem ser flagrada por nenhum drone para conseguir as imagens do assassino do seu pai.
Uma curiosidade é que o primeiro episódio da série foi lançado um dia após o Dia Internacional da Privacidade de Dados (28 de janeiro), o que chama atenção quanto à relevância da produção, um convite para refletir sobre o que está acontecendo no mundo real.
Mesmo com tantos fatores positivos, a desigualdade persiste na narrativa. A bolha que o sistema Onisciente criou na cidade se diferencia de outras realidades sociais sem a intervenção dele, nas quais a segurança pública e a privacidade são relativas.
Além de um desfecho completamente inesperado para Nina, a séria ainda fornece um romance da protagonista com Vinicius (Jonathan Haagensen), supervisor de segurança da Onisciente, que fica dividido entre o amor e o trabalho.
Comparada com as utopias presentes nos episódios de Black Mirror, a série consagra mais uma produção nacional de ficção científica e traz muitas reflexões da sociedade atual.
Confira o trailer de Onisciente: