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Sérvia reúne talento e história para desafiar o Brasil na Copa do Mundo

Seleção do Leste Europeu chega para sua terceira disputa como país independente repleta de grandes jogadores do meio para frente 

Seleção do Leste Europeu chega para sua terceira disputa como país independente repleta de grandes jogadores do meio para frente 

O Brasil está no Grupo G da Copa do Mundo do Catar de 2022, ao lado de Suíça, Sérvia e Camarões. Para muitos, um grupo fácil. E, de fato, tem tudo para o ser, mas pela força do Brasil; não pela fraqueza dos rivais. A Sérvia, por exemplo, era a seleção mais forte do Pote 3 e cai pela segunda vez consecutiva no grupo do Brasil, assim como a Suíça. Hoje, você conhecerá mais sobre as Águias Brancas, como é chamada  a seleção sérvia, no dossiê mais completo da internet brasileira.

Sérvia em copas do mundo: seleção nova, história longa

A Sérvia enquanto país independente tem uma vida muito curta. Em 2006, pouco antes do início da disputa da Copa do Mundo da Alemanha, a então Sérvia e Montenegro foi redividida, fazendo de Sérvia e Montenegro países independentes. Eles jogaram como país único e não pontuaram no torneio. De lá para cá, foram três participações e três eliminações na fase de grupos, sendo o maior feito a vitória heroica diante da Alemanha, na Copa da África do Sul, em 2010, prevista pelo carismático Polvo Paul. Sob a liderança de Dejan Stanković, que jogou copas por Iugoslávia, Sérvia e Montenegro e Sérvia, a seleção acabou a Copa eliminada, com três pontos, situação que se repetiu em 2018. Mas essa história não começou ali. 

Antes das copas de 2006, 2010 e 2018, a Sérvia já havia disputado outras nove edições do maior campeonato de seleções do planeta, mas como Iugoslávia, com destaque para 1930 e 1962, em que foi quarta colocada geral. 

A primeira partida do Brasil em copas foi uma derrota para a Iugoslávia por 2 a 1, em 1930, no Uruguai. Na foto, Preguinho e Milutinac, defensor sérvio que seria assassinado pelos nazistas sob suspeita de comunismo em 1943. Hoje, a rua do estádio do Partizan Belgrado leva seu nome. [Foto: Reprodução/Twitter @thalescmachado]

A Iugoslávia surgiu após a Primeira Guerra Mundial como uma reunião de países da região dos Balcãs, no sudeste da Europa. Marcado por conflitos e pela dominação romana e turco-otomana, o território foi sede do estopim para a Primeira Guerra Mundial e aderiu ao comunismo após a Segunda Guerra, sob o governo de Marechal Tito. Cada vez mais países foram incorporados, até que, em 1990, diante de fortes desigualdades, iniciou-se um processo de independências sob o regime de Slobodan Milošević na Iugoslávia, que culminou em guerras, mortes, refugiados e condenações. 

Mapa da Iugoslávia. [Foto: Reprodução/Wikimedia Commons]

Conflitos na atualidade

Mesmo após a dissolução total da Iugoslávia, hoje permanecem as tensões entre Sérvia e Kosovo — que se considera independente e possui aliados, mas não foi reconhecido nem pela ONU, nem pela Sérvia. Os albaneses, etnia majoritária no Kosovo, apoiam a separação dos territórios, e isso já teve implicações no futebol. 

Em jogo disputado entre Sérvia e Albânia em 2014, pelas Eliminatórias para a Euro 2016, um drone com a bandeira albanesa sobrevoou o gramado e foi capturado pelo atacante sérvio Aleksandar Mitrović, iniciando uma confusão generalizada que acabou com invasão de torcedores (só havia sérvios) ao gramado. De quebra, a bandeira contava com um mapa do que seria o Reino da Albânia, incluindo o reivindicado território do Kosovo. Era a primeira vez que a seleção albanesa jogava na Sérvia em quase 50 anos. A partida foi suspensa.

Outro episódio marcante ocorreu na partida entre Sérvia e Suíça, pela última Copa do Mundo, em mais um evento envolvendo Albânia e Kosovo. Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri, de família kosovar, comemoraram seus gols na vitória suíça por 2 a 1 fazendo o símbolo da águia albanesa de duas cabeças com as mãos. 

Em 2018, a Suíça se deu bem sob o comando de jogadores pró-Kosovo. Será que teremos novos capítulos neste ano? [Foto: Reprodução/Twitter @ESPNBrasil]

O caminho até a Copa: superação e encaixe com o novo treinador

Após a eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo de 2018, a Sérvia manteve o treinador Mladen Krstajić para a disputa da Liga das Nações C 2018/2019, conseguindo o acesso à divisão de cima. Porém, após um início ruim das Eliminatórias para a Euro 2020 (disputada em 2021 devido à pandemia de Covid-19), incluindo uma derrota por 5 a 0 para a Ucrânia, o técnico foi demitido e Ljubisa Tumbaković foi chamado para o seu lugar. 

Apesar da melhora, a campanha de quatro vitórias, dois empates e uma derrota só foi suficiente para deixar as Águias Brancas na terceira colocação do Grupo B, atrás de Ucrânia e Portugal. Na repescagem, a Sérvia passou pela Noruega na prorrogação com dois gols de Milinković-Savić, mas acabou eliminada pela Escócia na fase seguinte, empatando a partida no último minuto com Luka Jović, mas perdendo nas penalidades por 5 a 4. A Sérvia nunca disputou uma Eurocopa enquanto país independente.

Na Liga das Nações 2020/2021, novo fracasso: com apenas uma vitória em seis jogos, escapou por pouco do rebaixamento à terceira divisão, ficando à frente da Turquia nos critérios de desempate.  

Com os recorrentes erros e uma equipe boa no papel, mas pouco efetiva em campo, Tumbaković não aguentou mais tempo no cargo, sendo demitido em fevereiro de 2021, e substituído por Dragan Stojković, o Piksi, histórico jogador do Estrela Vermelha (SER), do Olympique de Marseille (FRA), e da Seleção Iugoslava. Com o novo comando, a seleção sérvia abandonou o sistema com linha de quatro defensores, muitas vezes utilizado com os Krstajić e Tumbaković, e adotou a linha de três zagueiros em definitivo, potencializando as individualidades de sua equipe, que estão, em geral, do meio para frente. Faz o Piksi!

Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, a Sérvia teve Portugal como principal rival novamente. Irlanda, Luxemburgo e Azerbaijão completaram o Grupo A, mas desde o início se sabia que os confrontos diretos entre sérvios e portugueses definiriam o primeiro classificado, com vaga direta para a Copa. Se com Krstajić veio um empate e com Tumbaković uma derrota para Portugal, Piksi passou ileso. Na primeira partida, um empate polêmico por 2 a 2, em Belgrado, com um gol mal anulado de Cristiano Ronaldo no último lance da partida levando os portugueses ao delírio (a competição não contava com o VAR). 

Já na segunda, uma partida histórica no Estádio da Luz, em Lisboa. Era a última rodada, ambas as seleções chegaram com 17 pontos e o empate favorecia a Portugal, que tinha melhor saldo de gols. Os portugueses saíram na frente logo aos 2’, com Renato Sanches, mas ainda no primeiro tempo o capitão Tadić contou com uma falha do goleiro Rui Patrício para empatar o jogo. Quando a partida se encaminhava para o final, Tadić encontrou o artilheiro Mitrović na área, e virou o jogo para a Sérvia. Em uma segunda etapa de poucas oportunidades, nada melhor do que contar com seu jogador mais oportunista para decidir o jogo. Placar final: 2 a 1. Sérvia classificada em primeiro lugar, repetindo o feito de 2018, e Portugal na repescagem.

Depois da classificação, restou a disputa da Liga das Nações B para as Águias Brancas. Em um grupo disputado, que tinha Noruega, Eslovênia e Suécia, a Sérvia fez 13 pontos em 18 disputados, a melhor campanha dentre os quatro grupos da divisão, conseguindo o acesso direto à próxima edição da Liga das Nações A, que será disputada após a Copa do Catar. Nas últimas duas partidas, dois ótimos resultados: 4 a 1 diante da Suécia, quarto-finalista da última Copa do Mundo, e 2 a 0 contra a Noruega, da estrela Erling Haaland. 

Aos que duvidavam do potencial da Sérvia de funcionar enquanto coletivo, a Liga das Nações serviu para que Stojković aprimorasse o conjunto da equipe, tornando-a mais madura e mais segura, às vésperas do Mundial. 

Elenco e principais jogadores

Se esse time é tão bom assim, me conta, quem se destaca pra valer? 

Nikola Milenković: o jovem pilar da defesa

Milenković tem 25 anos e já jogará seu segundo mundial. [Fotos: Reprodução/Twitter @SerbianFooty e @ftbl_ecb]

O gigante de 1,95m surgiu com estilo na base do Partizan Belgrado, joga na Fiorentina (ITA) há cinco temporadas e é o grande nome de uma defesa renovada com a aposentadoria de nomes históricos como Ivanović e Kolarov. Dinâmico e versátil (pode atuar na lateral direita), “Bleki”, como é apelidado, tem Gerard Piqué como ídolo e é comparado ao histórico zagueiro sérvio Nemanja Vidić. A inspiração também faz com que Milenković tenha seus momentos de artilheiro. Já são três gols pelas Águias Brancas

Filip Kostić: versátil, garçom e consistente

Kostić é um dos jogadores mais importantes da seleção sérvia. [Fotos: Reprodução/Twitter @FSSrbije]

Kostić sempre foi um jogador interessante. Ele jogou em sete posições distintas na carreira, mas só foi ganhar destaque de verdade ao se transferir para o Eintracht Frankfurt (ALE), em 2018/2019, e atuar pela ala esquerda. Em quatro temporadas completas pelo time alemão (e mais dois jogos na atual), foram 172 jogos, 33 gols e seu maior ponto forte: 64 assistências, o sexto maior do mundo nas top-5 ligas no período. Em 2021/2022, o Eintracht Frankfurt foi campeão da Europa League após 42 anos. O destaque? Filip Kostić. O camisa 10 marcou três gols, todos no mata-mata, incluindo dois contra o Barcelona (ESP), no dia da invasão alemã ao Camp Nou, e deu seis assistências, sendo eleito o craque do torneio. Isso fez com que ele fosse contratado pela Juventus (ITA). Kostić é veloz, tem bom passe, boa finalização, cobra pênaltis e cumpre uma função tática primordial pelo lado esquerdo, especialmente em sistemas de três zagueiros, como são Frankfurt e Sérvia. O ponto fraco fica por conta de sua contribuição defensiva, que é mais limitada.

Sergej Milinković-Savić:força qualidade e decisão em busca de estourar na seleção

Milinković-Savić já tem 27 anos, não é mais uma promessa, mas é o símbolo máximo do que é essa Sérvia: física, tática e técnica alinhadas ao mais alto nível. [Fotos: Reprodução/Twitter @_Calcismo e @hausatelevision]

Milinković-Savić surgiu em meados de 2016 como uma jovem promessa na Lazio, da Itália, com 21 anos, e foi se consolidando como titular. Aos poucos, seu nome, Sergej, tornou-se apelido: sergente (sargento, em italiano). Jogador de imposição física, elegante com a bola nos pés e com espírito de liderança, fez o nome cair como uma luva. Sergej é segundo volante, mas pode jogar mais a frente devido ao seu ótimo passe, chute de fora da área e infiltração na área para cabecear. Ele recebeu sondagens de equipes maiores, como o Manchester United (ING) e o Paris Saint-Germain (FRA), após uma temporada excepcional em 2017/2018, mas Lazio conseguiu segurá-lo, e na temporada seguinte marcou o gol do título dos biancocelesti na final da Copa Itália. 

2019/2020 reservou uma briga intensa da Lazio pelo título italiano, prejudicada em virtude do calendário alterado da pandemia, mas o sérvio manteve a consistência e segue assim até hoje. E essa é a palavra que o define: consistência. Foram 22 participações em gols no último Campeonato Italiano, mais 10 no atual (em 13 jogos). Pela Lazio, são 313 jogos, 63 gols e 58 assistências. Na Sérvia, nunca foi titular absoluto, mas cada vez mais se firma, tem atuações decisivas, e vai para sua segunda Copa do Mundo com sede de impor, na seleção, o futebol que lhe rendeu tantos elogios por seu time. 

Dušan Tadić: craque, 10 e faixa, com méritos

Tadić vem com tudo para capitanear um time de enorme poderio ofensivo. [Fotos: Reprodução/Twitter @michaelstigter e Instagram @dusantadic] 

Até ser contratado pelo Ajax (HOL) na temporada 2018/19, já aos 30 anos, Dušan Tadić jogava esporadicamente na meia-esquerda do Southampton, time que dificilmente fica na parte de cima da tabela da disputadíssima Premier League. Uma vez na Holanda, o meia sérvio mostrou-se versátil, passou a atuar centralizado, como falso 9 e foi, não só artilheiro, como um dos protagonistas do encantador e semifinalista Ajax na UEFA Champions League em 2019. Injustiçado na Bola de Ouro daquele ano, ele sequer ficou no top-10, em uma temporada digna de top-5 ou top-3. Desde então, Dušan manteve o nível, passou a jogar em mais posições e se consolidou como um dos mais subestimados jogadores do futebol mundial. 

No momento em que este texto é escrito, são 214 jogos pela equipe holandesa, 95 gols e 101 assistências, acumulando títulos de artilharia e de assistências. Ele quebrou o recorde de assistências ao longo de um único ano no futebol mundial: foram 37 em 2021, somando as temporadas 2020/21 e 2021/22, superando a marca de Lionel Messi, que deu 36 passes para gols em 2011. Na virada decisiva contra Portugal nas eliminatórias, o gol de empate foi dele. E são 20 pela seleção nacional. Ele é bom na bola parada, no drible curto, no chute de longe, na assistência e na finalização. Craque oculto para o público geral, para Sérvia ele é o 10 e a referência. 

Dušan Vlahovic: jovem, artilheiro e ascendente

Vlahovic é a mais jovem sensação do ataque sérvio. [Fotos: Reprodução/Instagram @vlahovicdusan e Twitter @EURO2024]

“Sérvio de poucos gols”. Foi assim que o jornalista Mauro Cezar Pereira, hoje na Jovem Pan, e à época na ESPN, definiu o menino de 1,90m que, naquele momento, começava a ganhar espaço na Fiorentina, deixando o brasileiro Pedro de lado. Hoje, Pedro almeja à Copa pelo Brasil, merecidamente, mas a verdade é que Vlahovic provou seu valor e é o 9 da Juventus, convertendo faltas e se tornando uma grande esperança de gols para a Sérvia, aliando velocidade e letalidade e saindo bem da área.

Aleksandar Mitrović: gol é com ele

Muito mais do que um homem gol. Mitrović tem muita estrela e será crucial para o sucesso das Águias Brancas na Copa. [Fotos: Reprodução/Twitter @FPL_Akash e @NeverAFoul]

Em 2021/2022, Mitrović fez 43 gols e deu sete assistências em 46 jogos pelo Fulham, que subiu da segunda para a primeira divisão inglesa. Pela seleção, brilhou com o gol decisivo da vitória no finzinho contra Portugal, e em 2022/2023 ele tem, simplesmente, 13 gols em 14 jogos no momento em que esse texto está sendo escrito. Na última Data Fifa, foram quatro gols em dois jogos, completando 50 pelas Águias Brancas em 75 partidas. Forte fisicamente, ótimo cabeceador, sempre bem posicionado e letal na finalização. Quer um centroavante? Chame o Mitrović. Ou melhor, chame o Mitović. 

Quem joga?

Se você prestar bastante atenção, vai perceber que os principais destaques da primeira adversária do Brasil na Copa do Mundo estão do meio pra frente. E isso fica nítido na forma de atuar da equipe, mas também na indefinição do meio para trás. Se nomes como Tadić, Kostić e Mitrović parecem incontestáveis, a defesa e o gol da Sérvia são um grande ponto de interrogação, que aos poucos se consolida, mas não o suficiente a ponto de não ser explorada pela Seleção Brasileira.

Goleiros: três nomes, uma vaga.

O goleiro titular da Sérvia segue em dúvida. Predrag Rajković (Mallorca, ESP), foi o titular em metade das 14 partidas disputadas pela seleção com Piksi, entre Eliminatórias para a Copa do Mundo e Liga das Nações. Marko Dmitrović (Sevilla, ESP), por sua vez, começou como titular com os três treinadores, e perdeu a titularidade para Rajković com o passar dos jogos. Preterido durante a maior parte do processo, Vanja Milinković-Savić (Torino, ITA), irmão mais novo do meio-campista Sergej, não atuou nas eliminatórias, mas começou jogando quatro dos seis jogos da última Liga das Nações, roubando a titularidade de Rajković e sendo o mais cotado a começar jogando o Mundial no final do ano. 

Defesa: a linha de três é o principal

A Sérvia, de Dragan Stojković, joga com três zagueiros, mas a poucos dias da Copa do Mundo os nomes também parecem estar indefinidos. Stefan Mitrovič (Getafe, ESP) foi titular em sete jogos, Miloš Veljković (Werder Bremen, ALE) em oito, Strahinja Pavlović (RB Salzburg, AUT) em 11, e Nikola Milenković (Fiorentina, ITA) iniciou nove jogos. Há de se levar em conta, porém, que Milenković esteve lesionado nas últimas duas partidas e não pôde atuar. O histórico recente aponta para um trio formado por Milenković, Veljković e Pavlović. 

Alas e meio-campo: muita ofensividade e versatilidade

O fato de a Sérvia jogar com três zagueiros é positivo, já que a equipe conta com alas muito bons: Filip Kostić (Juventus, ITA) pela esquerda e Andrija Živković (PAOK, GRE) pela direita. Ambos são canhotos que cumprem essa função em seus times e contribuem para defesa e ataque. O fato de Živković jogar “invertido” permite que ele busque a jogada individual e pelo meio, enquanto Kostić tende a explorar a linha de fundo. O meio de campo costuma ter dois volantes, mas em jogos específicos, como na vitória contra Portugal, Piksi optou por escalar três, trazendo mais consistência defensiva. Os nomes também variam: embora Sergej Milinković-Savić (Lazio, ITA) seja um dos destaques do time, ele só começou seis dos 14 jogos como volante, além de outros três mais adiantado. Nemanja Gudelj (Sevilla, ESP), por exemplo, iniciou oito, enquanto Saša Lukić (Torino, ITA) foi titular em oito, sendo sete nessa posição. 

É difícil ter um palpite acurado de quem será titular no Mundial, mas para o jogo contra o Brasil o mistério é menor. Contra uma seleção mais forte, como a brasileira, Piksi deve repetir o que fez contra Portugal e utilizar os três que mais vêm jogando. Em casos extremos, se quiser fechar ainda mais a defesa, Milinković-Savić pode jogar como meia e outro volante entra na posição.

Para os outros jogos, alguém deve ficar de fora, e só a Copa vai nos revelar o nome. Afinal, Milinković-Savić é o melhor deles, mas o que menos joga e menos defende; Gudelj é aquele que mais joga e que dá maior consistência defensiva, podendo até atuar como zagueiro, mas ficou de fora da última convocação; e Lukić é um meio-termo, que ganhou espaço nos últimos jogos e marcou um golaço contra a Suécia

Ataque: as bolas de segurança

De resto, sem segredos! A Sérvia deve ter, ao menos contra Suíça e Camarões, Tadić como armador, com Vlahović e Mitrović jogando à sua frente. 

Cite uma dupla de centroavantes mais letal para a Copa do Mundo e falhe miseravelmente. [Foto: Reprodução/Twitter @FSSrbjie]

E aí, como joga a geração sérvia?

A Sérvia é uma seleção que gosta de ter a bola (na Liga das Nações, a média foi de quase 60% de posse em um grupo difícil), marcar muitos gols e vem sofrendo cada vez menos. Então, sim, é possível jogar com o Pentágono Mágico (Kostić, Milinković-Savić, Tadić, Vlahović e Mitrović) e de forma bastante ofensiva, mas tudo depende das circunstâncias exigidas na ocasião.

Baseado nos últimos jogos, no potencial de cada jogador e na evolução dos comandados de Piksi, projeto uma Sérvia titular para a Copa do Mundo (exceto jogo contra o Brasil) num 3-4-1-2 com: Vanja Milinković-Savić; Milenković, Veljković e Pavlović; Živković, Lukić (Gudelj), Sergej Milinković-Savić, e Kostić; Tadić; Vlahović e Mitrović

Esse deve ser o “onze inicial” da seleção sérvia diante de Camarões e Suíça. [Arte: Ricardo Thomé]

E o banco, é bom?

Assim como no time titular, no banco de reservas a Sérvia tem melhores peças para o meio e para o ataque. Um dos nomes é o de Darko Lazović (Hellas Verona, ITA), que pode entrar nas duas alas, o que o torna útil. Nemanja Radonjić (Torino, ITA), é uma opção para mudar o jogo. Apelidado de joker (coringa) dentro da seleção, devido à sua versatilidade, já atuou em cinco posições diferentes pela seleção. Além destes, temos Luka Jović (Fiorentina, ITA). Contratado pelo Real Madrid (ESP) junto ao Eintracht Frankfurt (ALE) em 2019 por 63 milhões de euros, o centroavante nunca alcançou o nível que se esperava e recebeu poucas chances, sendo emprestado de volta à equipe alemã e recentemente vendido ao futebol italiano. Na seleção, porém, ele é uma boa alternativa à dupla Vlahović e Mitrović, tendo marcado nove gols em 28 partidas.

Expectativas para um confronto contra o Brasil

Muitos dos jogadores que estarão em campo na estreia da Copa já se enfrentaram nas categorias de base. Em 2015, a Sérvia venceu a Copa do Mundo Sub-20 com um elenco que contava com peças da seleção atual: Rajković, Babić, Veljković, Maksimović, Sergej Milinković-Savić e Živković. Daquele Brasil, apenas Gabriel Jesus deve ir ao mundial. Em 2018, deu Brasil por 2 a 0, na única partida oficial entre as seleções, pela segunda rodada do Grupo E. Contra a Iugoslávia, o Brasil tem uma vitória (1950), dois empates (1954 e 1974) e uma derrota (1930).

Para o duelo de novembro, é interessante ter em vista que os dados  ofensivos das seleções de Brasil e Sérvia são semelhantes. Segundo as estatísticas do Sofascore, ambos têm uma taxa de conversão de chances em gol de 17%, e uma média de gols em torno de 2,3 por partida, além de números próximos em relação à posse de bola e ao acerto de passes. Porém, o Brasil acaba levando a melhor na maior parte das ocasiões.

Em entrevista ao SporTV, Piksi já deixou claro que o Grupo G é muito difícil e que a seleção brasileira é favorita. Apesar de parecerem declarações óbvias, deve-se notar que todas as seleções, sobretudo as bem treinadas, como a Sérvia, terão uma preparação especial nos jogos contra a seleção de Tite. 

É claro que o jogo contra o Brasil vai exigir mais da defesa sérvia e que, provavelmente, a postura será diferente e mais retraída, buscando uma boa marcação no meio de campo e nas alas. Para essa partida, imagino Kostić e Živković mais presos na defesa, devido à força do Brasil com seus pontas. Assim, a linha de três com bola, que naturalmente se torna linha de cinco sem a bola, deve ter a segunda configuração por mais tempo.

A seleção canarinho deve ter pela frente um sistema defensivo forte e preparado para o contra-ataque com esticadas para o centroavante (caso jogue apenas um), eventuais escapadas dos alas ou achadas de Tadić. O Brasil também deve se ater às bolas aéreas, com destaque para Mitrović que, dificilmente, perde pelo alto. Milenković e Milinković-Savić também têm a jogada como ponto forte. Nas bolas paradas como um todo, Tadić, Vlahović e Milinković-Savić podem levar perigo.

Sérvia deve ser mais cautelosa contra o Brasil. [Arte: Ricardo Thomé]

Para o ataque do Brasil, a individualidade de Vinícius Jr., Raphinha, Antony ou de quem quer que jogue pelos lados será importante para furar o bloqueio sérvio e aproveitar os espaços que inevitavelmente os alas adversários vão deixar. Os zagueiros da Sérvia são pouco velozes e a velocidade de drible e de troca de passes pelo meio, seja com Neymar, Paquetá, Richarlison, seja com Gabriel Jesus, em conjunto com os pontas, pode decidir a partida. É válido que o  Brasil explore o lado esquerdo da defesa sérvia, que tem um Kostić com dificuldades defensivas e um Pavlović inexperiente.

Apesar disso, vejo a Sérvia como a melhor seleção do grupo depois da brasileira — o que não significa que a Suíça não possa pegar essa vaga para si em um confronto direto, como em 2018). Os sérvios conseguem aliar potência física e agressividade sem bola com qualidade técnica e variações com bola, algo raro. O Brasil pode e deve vencer, mas as Águias Brancas estão muito longe de serem presa fácil aos nossos Canarinhos. 

A Puma veste a Sérvia com o uniforme número um vermelho e o número dois branco, ambos com detalhes em dourado, na estreia do novo escudo da seleção. O primeiro uniforme é lindo! Já o segundo…bom, se nem o Tadić de modelo conseguiu salvar é porque o designer foi mal mesmo. Os goleiros vestem preto e verde limão, respectivamente. [Fotos: Reprodução/Instagram @mantosdofutebol.com.br]

Datas, horários e locais das partidas

A Sérvia ocupa atualmente a 21ª posição no ranking da Fifa. A estreia diante do Brasil ocorre na quinta-feira, 24 de novembro, às 16h, em Lusail. O segundo jogo, diante de Camarões, será disputado em Al Janoub, na segunda-feira (28), às 7h. As Águias Brancas fecham a sua participação na fase de grupos do mundial na sexta-feira, 2 de dezembro, contra a Suíça. A partida será disputada em Doha, às 16h, simultaneamente ao jogo do Brasil contra Camarões, como é de praxe em decisões de grupo. Caso avance em primeiro lugar, a seleção sérvia enfrentará o segundo colocado do Grupo H. Em segundo, enfrenta o primeiro colocado do Grupo H, formado por Portugal, Gana, Uruguai e Coreia do Sul. O último compromisso da Sérvia antes do Mundial terminou em vitória por 5 a 1 contra o Bahrein, em amistoso internacional, no dia 18 de novembro.

*A programação está no Horário de Brasília (UTC/GMT – 03:00)

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