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Star Wars: as ordens da Força trocadas foram

por Diego C. Smirne d.c.smirne@gmail.com A força de Star Wars (com o perdão do trocadilho) na cultura popular é uma coisa assombrosa. É tão difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar na saga e em seus míticos personagens quanto uma pessoa que não saiba quem é o Pelé. Mas, é claro, assim como muita …

Star Wars: as ordens da Força trocadas foram Leia mais »

por Diego C. Smirne d.c.smirne@gmail.com

A força de Star Wars (com o perdão do trocadilho) na cultura popular é uma coisa assombrosa. É tão difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar na saga e em seus míticos personagens quanto uma pessoa que não saiba quem é o Pelé. Mas, é claro, assim como muita gente não gosta de futebol e nunca viu uma jogada do Rei, há ainda muitos que não conhecem de fato o universo da Guerra nas Estrelas. Com a chegada do sétimo episódio da franquia, Star Wars: o Despertar da Força (Star Wars: the Force Awakens, 2015), a legião de fãs está em alvoroço e não se fala em outra coisa, deixando aqueles que não assistiram aos filmes tão isolados quanto os habitantes do desértico planeta Tatooine. A pressão (e a propaganda) para atender ao chamado da Forca é insuportável, e não há melhor oportunidade para fazê-lo do que agora.

Trailer de O Despertar da Força: Ela está por toda parte

Para esses padawans em potencial, porém, pode haver uma dificuldade na hora de começar a jornada. A saga de Star Wars é composta por duas trilogias, a primeira lançada entre 1977 e 1983, e a mais recente entre 1999 e 2005. O problema é que esta última é um prequel para a trilogia clássica, ou seja, os episódios mais antigos são o IV, V e VI, e os novos são I, II e III. Como tudo no mundo dos nerds vira tema para acaloradas e intermináveis discussões, é óbvio que surgiria a questão: qual a ordem “correta” para se assistir aos filmes?

Para o horror das vítimas do transtorno obsessivo-compulsivo, o famoso TOC, é quase um consenso que o melhor é começar pelos episódios IV, V e VI, para depois ver I, II e III – isto é, de acordo com o lançamento dos filmes. Há também um consenso de que qualquer uma das ordens, tanto a de lançamento quanto a cronológica (começando a partir do episódio I), possui falhas e vantagens. Daí, acabou surgindo ainda outra ordem, à qual chegaremos mais tarde.

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A sequência clássica, seguindo a ordem de lançamento dos episódios: IV-V-VI-I-II-III

Como já foi dito, os três filmes mais recentes são um prequel dos três primeiros, portanto a história dos episódios I, II e III serve como background para o que ocorreu na épica trilogia original. É uma trilogia muito mais focada no desenvolvimento dos personagens mais importantes da saga do que numa história própria. Por si só, isso traz seus pontos positivos e negativos. Um dos pontos positivos é que, assistindo a partir do primeiro episódio, cria-se um vínculo totalmente diferente com o icônico personagem Darth Vader. Não que seja preciso muito para se identificar com ele – é natural que nos identifiquemos com os vilões de certas histórias, especialmente um vilão com o carisma e a mística de Vader. Mas, quando chegamos à trilogia clássica após acompanhar os passos do personagem até unir-se ao Lado Sombrio da Força (e os motivos pelos quais isso ocorre), é até difícil vê-lo como o tirano maligno que aqueles que assistiram primeiro aos episódios IV, V e VI veem. Se alguns não julgam isso positivo, é no mínimo interessante.

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A ordem dos episódios cria um vínculo entre o espectador e Darth Vader desde suas origens

Para quem tem fetiche por efeitos especiais – coisa cada vez mais comum nas novas gerações, acostumadas aos blockbusters de ação cheios de explosões, pirotecnia e animações computadorizadas -, seguir a ordem dos episódios pode gerar um baque negativo após o fim da trilogia moderna. Obviamente os filmes gravados em 1999, 2002 e 2005 contam com tecnologia muito superior aos produzidos em 1977, 1980 e 1983. Um espectador desavisado, no entanto, pode achar ridículo o boneco usado para personificar Yoda em relação ao Mestre Jedi gerado por computador, por exemplo. É bom que se tenha noção da época em que foi lançado cada filme para que esse choque seja minimizado, caso se opte pela ordem numérica dos episódios.

Porém, não há como escapar de uma das principais críticas feitas pelos defensores da ordem de lançamento: o episódio I, Star Wars: A Ameaça Fantasma (Star Wars: The Phantom Menace, 1999), é insosso. Começar uma maratona de seis filmes por aquele que é visto quase unanimemente como o pior de todos eles é correr um grande risco de criar uma primeira impressão errada do épico que está por vir. Além disso, por ser uma trilogia focada mais nos personagens do que na história em si, talvez faça mais sentido saber antes o que fizeram esses personagens para merecer tamanho interesse.

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Seria uma armadilha adotar a sequência I-II-III-IV-V-VI?

O contraponto disso é que, devido à popularidade de Star Wars e ao tempo pelo qual ela se estende, muitos dos que assistem pela primeira vez já têm alguma noção do que acontece na trilogia original. Conhecem inclusive, infelizmente, o que é um dos maiores plot twists da história do cinema, e que acabou tornando-se um dos maiores spoilers dela (o qual não será mencionado mais a fundo para o caso de ainda haver um leitor abençoado que não saiba do que se trata). Se não fosse de conhecimento público o teor dessa virada drástica no enredo da saga, sem dúvida seria um crime iniciar-se no universo de Star Wars pela ordem dos episódios, pois ela estraga completamente a “surpresa”.

Incomodado com as falhas que cada uma das ordens mais óbvias possuem, o programador e desenvolvedor de softwares americano Rod Hilton propôs uma nova sequência: a Machete Order, ou, em tradução livre, Ordem do Facão, que seguiria na ordem dos episódios IV, V, II, III e VI. Ela não só mistura as trilogias, como literalmente corta um pedaço de uma delas: justamente o enfadonho episódio I.

Episódio da série The Big Bang Theory em que Raj discute com Sheldon e Howard sobre a “Ordem Machete”

De acordo com Hilton, A Ameaça Fantasma é tão absolutamente irrelevante para o enredo e o desenvolvimento dos personagens que se dá na trilogia moderna que seria melhor se fosse visto apenas como um spin-off, um complemento à história, caso restem dúvidas quanto às origens dela. Ele argumenta que a “eliminação” do episódio não traz quase nenhum prejuízo ao entendimento dos filmes, exceto por algumas lacunas no retorno de Anakin Skywalker ao planeta Tatooine, que seriam solucionadas pela sugestão de assistir a A Ameaça Fantasma apenas como um complemento, e não como o primeiro filme da saga, carregado de importância e expectativa.

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A Ordem Machete: IV-V-II-III-VI; o episódio I é cortado

À parte o nada ortodoxo corte a um dos filmes de George Lucas, a Machete Order propõe melhorar o andamento da história, amplificando seus grandes momentos. Após assistir aos episódios IV e V e ver neste último a grande revelação da trilogia, o espectador é levado a um grande flashback nos episódios II e III, que explicam o que originou os fatos dos episódios seguintes, e finaliza triunfalmente de volta ao episódio VI. Além de tornar mais significativas a revelação do episódio V, a história dos episódios II e III e o desfecho no episódio VI, a sequência de Hilton idealiza mudar o foco da saga, que originalmente seria a trágica história de Darth Vader, e passa a ser a grande epopeia de Luke Skywalker.

A ousadia da proposta de Hilton pode incomodar alguns, e de fato criou-se ainda uma quarta ordem, a de Ernst Rister, que é simplesmente a Ordem Machete com a inserção do episódio I entre o V e o II (portanto IV, V, I, II, III, VI). Porém, essa intervenção alonga demais o efeito flashback pretendido por Hilton. Ainda assim, pode trazer conforto para quem não se conforma em simplesmente reduzir um dos filmes de Lucas a um mero “episódio bônus”.

De todas essas conjecturas, algumas coisas são certas. Somente uma obra atemporal como Star Wars poderia suscitar tamanho furor e devoção por parte de tantas pessoas, de tantas gerações diferentes. Dessas pessoas, muitas tiveram a chance de assistir à trilogia original no cinema – e provavelmente, orgulhosas disso, não admitem outra sequência senão a clássica IV, V, VI, I, II, III; outras tantas assistiram primeiro à nova trilogia quando esta estreou nos cinemas, e foram assim iniciadas no universo de Guerra nas Estrelas; e muitas mais assistirão agora a mais uma trilogia, que dará origem, talvez, a novas ordens, e certamente a muitas polêmicas e discussões. Independentemente de em que sequência se assista à saga de Star Wars, ela sempre cativará novos padawans, com sua trilha sonora formidável, seus personagens carismáticos e a criatividade incrível de George Lucas. A Força cria sua ordem, não importa qual seja.

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* Agradecimento especial às colaboradoras Bianca Kirklewski e Isabella Galante, que descreveram suas impressões acerca das ordens I-II-III-IV-V-VI e IV-V-VI-I-II-III para ajudar na produção deste texto.

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